POV: Josh Beauchamp
Termino de tomar meu café e me levanto da mesa, vendo Any me olhar um pouco tímida. Ela está introvertida desde que chegou a esta casa há dois dias. E, mesmo que minha filha se esforce para tentar deixá-la à vontade conosco, a garota se fechou um pouco. Eu nem mesmo a julgo, porque não consigo imaginar como deve ser horrível perder sua casa.
Gabrielly perdeu realmente tudo, já que recebemos fotos de vizinhos da situação, um barranco cedeu e acabou por derrubar a estrutura.
A garota que chegou um pouco animada ontem do shopping acabou de piorar quando recebeu essa notícia.
Meu coração se aperta ao saber que alguém tão novo quanto ela tem sofrido tanto, tem perdido tanto nessa vida.
— Você tem medo de andar de moto? — pergunto a ela, que ergue os olhos acinzentados para mim.
— Não... Eu já andei algumas vezes com a Joalin — responde e eu assinto.
— Quer uma carona para o trabalho? — ofereço e ela me encara pensativa.
Como as aulas de Joalin começam uma hora mais cedo que nosso horário de trabalho, ela já saiu de casa e nos deixou sozinhos tomando o café da manhã. E, mesmo que não tenhamos dito uma palavra durante toda a refeição, foi interessante ter a sua companhia.
Agora, olho para o relógio e vejo que está quase na hora de ir.
— Mas não é seu caminho — argumenta.
— Foge muito pouco — rebato. — De moto é rápido.
Busco as chaves no aparador, junto à minha carteira e encaixo o coldre na cintura com minha arma. Noto que Gabrielly me encara pensativa até finalmente assentir.
— Tem certeza de que não vou te atrapalhar?
— Se isso fosse uma possibilidade, eu não teria te oferecido — explico e ela concorda, ainda tímida.
Busco o capacete preto reserva e estendo a ela, que pega da minha mão em silêncio.
Quando saímos de casa, solto um assobio para chamar Pluto, que na mesma hora vem correndo.
— Tchau, carinha. Até mais tarde.
Faço um carinho em meu cachorro e vejo Any se abaixar à sua frente para lhe dar um afago também.
— Logo a Jojo chega para ficar com você, lindinho — ela conversa com ele e esfrega sua orelha antes de se levantar.
— Pronta? — pergunto e ela assente.
Puxo o capacete do retrovisor e o visto. Em seguida, monto na moto e sinalizo com a cabeça para que Any se acomode atrás de mim.
Quando ela sobe um tanto sem jeito, pelo espelho retrovisor consigo ver que fica um pouco perdida sobre onde deve se segurar.
— Tem uma alça atrás de você em que pode se segurar. Se não te der segurança, pode abraçar a minha cintura — instruo e logo sinto seus braços me envolverem delicadamente.
Aceno para ela e ligo a motocicleta, sentindo o ronco do motor ganhar vida.
Deixo a garagem de casa e piloto pela cidade tomando todo o cuidado, principalmente em lombadas, para que não fique desconfortável para ela.
— Tudo bem aí? — pergunto logo que paramos em um semáforo.
Abro a viseira do capacete e me viro para encará-la, está bem próxima de mim.
— Tranquilo — responde e eu aquiesço.
Quando o sinal abre, volto a atenção para o trânsito e, já no bairro de seu trabalho, ela me instrui até chegar ao prédio comercial.
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Tudo o que eu não posso ter - B E A U A N Y
FanfictionO delegado federal Joshua Beauchamp não possui muitas ambições na vida, a não ser dar à sua filha tudo o que ela merece. Viúvo, nem sequer tem a intenção de se apaixonar novamente. Any Gabrielly perdeu a mãe recentemente e pensou que já estava no fu...