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Enquanto os motores rugiam pelas pistas, Alissa, por um momento, esquecia como tudo estava sendo uma loucura.

No caminho de volta para o hotel, Max segurou a mão de Alissa firmemente enquanto se despediam de alguns engenheiros antes de irem embora. O toque, apesar de firme, era estranho e desconcertante para ambos.

O calor que fazia mais cedo em Suzuka, agora dava espaço para uma ventania gelada no estacionamento amplo. Max soltou a mão dela quando finalmente estavam sozinhos, sem cortesias restantes para que ele abrisse a porta para ela ou sequer trocarem uma palavra até chegarem no hotel.

Deram-se conta de que teriam uma longa noite.

Alissa não iria pedir para que Max dormisse no sofá, muito menos pediria um colchão como ele tinha sugerido. Ela se trancou por aproximadamente uma hora no banheiro, em meio a reclamações de Max devido a demora, ela saiu de banho tomado e pijamas frescos.

Ele encarou Alissa, que parecia aérea e cansada de um longo dia no autódromo. Ela sentou na cama e desamarrou o cabelo, e as ondas castanhas balançaram em suas costas antes de ela deitar-se.

Mal olhou para ele.

━━ Horner me perguntou como você estava. ━━ Max diz, tirando a atenção do livro que tinha em mãos. ━━ Ele acha que não está falando com ele de propósito.

━━ Diga a ele que estou bem. ━━ Alissa murmura, com os olhos grudados das cortinas do quarto.

━━ Não seja assim. Ele está preocupado com você.

━━ Eu disse que estou bem.

A severidade no tom de Alissa pega Max de surpresa. Estava descontente com algo e não trocou uma palavra sequer com ele fora as interações curtas no paddock.

O jeito que evasivo de Alissa estava preocupando Horner.

E agora, tinha despertado uma pontada de preocupação em Max também. Ele era acostumado com as farpas que trocavam, olhares feios, brigas. Agora Alissa estava cada vez mais distante.

━━ Você é teimosa, garota.

━━ Você também é.

Ficam longos segundos em silêncio, algo que também os incomodava. Eram vagos, desconfortáveis, constragedores. E quando estavam com raiva, era ainda pior: poderiam ouvir seus dentes rangerem, verem seus olhos fulminarem, capazes de atirarem facas um contra o outro.

Os dois dormiram em cada extremidade da cama king size, e Max revirou os olhos e riu quando viu Alissa colocar travesseiros entre eles no centro da cama.

A noite seguiu com o pequeno muro entre eles, divididos como costumavam fazer quando eram pequenos e tinham de compartilhar o quarto em festas entre as famílias.

De um lado ficavam os ursinhos e bonecas de Alissa, do outro os carrinhos e tratores de Max. Vez ou outra, algumas bonecas ficavam sem um braço ou uma perna, e os carros ficavam sem uma roda ou um parabrisa.

Alissa dormiu por algumas horas, mas o céu ainda estava escuro quando ela acordou. Inquieta, ela soube que não conseguiria mais fechar os olhos, então ela levantou, cuidadosamente, e cambaleou até a porta do quarto na ponta dos pés.

Não se deu o trabalho de ligar as luzes do apartamento, apenas sentou-se no sofá e admirou as milhares de luzes acesas da cidade. Procurou o contato de sua mãe no telefone.

━━ Oi, mãe.

━━ Olá, querida. Não está tarde por aí?

━ Sim, está. ━━ Alissa se empertigou. ━━ Não consigo dormir mais.

✦ 𝐒𝐏𝐎𝐓𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓.  - MAX VERSTAPPEN. 𝟑𝟑Onde histórias criam vida. Descubra agora