Capítulo 20

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No dia a seguir a viagem , estava sentada no sofá com a Carol, a beber um chá quente. Tínhamos passado o dia inteiro a descansar e a recordar a viagem. Londres tinha sido mesmo uma aventura. Mas havia uma coisa em particular que estava presa na minha cabeça, e a Carol, como sempre, era a pessoa ideal para desabafar.

"Sabes, Londres foi incrível" comecei, virando-me para ela. "Mas houve uma coisa que ficou a martelar na minha cabeça depois do que aconteceu lá."

A Carol, que estava deitada de barriga para baixo no sofá ao lado, levantou o olhar, curiosa.

"Hmmm, eu sabia que tinhas algo para contar. Vá, desembucha" disse ela, sorrindo.

"Então... as coisas entre mim e o João aqueceram um bocado. Quero dizer, nada aconteceu de verdade, mas estivemos muito próximos" admiti, sentindo as minhas bochechas a aquecer só de pensar nisso.

"A sério? Conta-me tudo!" disse ela, sentando-se de repente, completamente atenta.

Suspirei, tentando encontrar as palavras certas.

"Houve uma noite, depois de termos visto os fogos, em que voltámos para o hotel e, pronto, estávamos sozinhos no quarto. Estávamos a ver um filme, mas depois começamos a beijar nos, e as coisas ficaram mais intensas... Mas eu recuei. Não me sentia preparada para dar esse passo, e o João percebeu logo. Ele parou e foi super compreensivo. Não fez qualquer pressão" disse, a voz saindo-me mais leve por finalmente desabafar.

A Caroli acenou, séria, mas com um sorriso compreensivo.

"Isso é bom, Sofs. Fico feliz que o João tenha respeitado o teu espaço. Mas, sinceramente, achas que não estás preparada? Porque, pelo que falas do João, parece que confias muito nele e que a relação está super estável."

Eu mordi o lábio, pensando um pouco. Sabia que a Carol tinha razão, mas também havia algo mais.

"Eu confio nele, de verdade. O João é incrível. Mas é mais sobre mim, sobre como me sinto em relação a esse tipo de coisa. Não quero apressar-me só porque estamos juntos há algum tempo. Quero ter a certeza de que estou pronta, sabes? E não quero que ele pense que estou a evitar, só quero que seja no momento certo."

Ela acenou outra vez com a cabeça.

"Isso faz todo o sentido, Sofs. A coisa mais importante é que estejas confortável e que aconteça quando tu quiseres. A verdade é que o João já mostrou que está ao teu lado e não vai pressionar-te. Mas, se sentires que queres conversar com ele sobre isso, deves fazê-lo. É sempre melhor que ele saiba como te sentes."

"Sim, eu sei... acho que vou ter de falar com ele. Só para esclarecer tudo e garantir que estamos na mesma página" respondi, já decidida.

"Exatamente! Agora, também te digo uma coisa" a Carol inclinou-se para mim com um sorriso malandro. "Quando chegares a esse ponto, quero saber de tudo!" brincou ela, rindo.

Eu revirei os olhos, rindo também, mas no fundo sentia-me grata por ter a Carol ao meu lado. Era reconfortante poder falar sobre este assunto sem ser julgada.

***

Naquela noite, quando o João me veio buscar para irmos jantar, senti uma pequena ansiedade a subir no meu peito. Sabia que tinha de falar com ele, mas ao mesmo tempo, não queria que parecesse uma conversa estranha ou desconfortável. O João, como sempre, estava relaxado, sem ideia do que se passava na minha cabeça.

Durante o jantar, a conversa foi tranquila. Falámos da viagem, das próximas semanas e dos planos futuros, mas eu não conseguia deixar de pensar no que ia dizer. Quando voltámos para o carro e ele estava a conduzir de volta para minha casa, decidi que era o momento certo.

"Johnny, posso falar contigo sobre uma coisa?"perguntei, tentando soar o mais calma possível.

Ele olhou para mim, visivelmente curioso, mas sem sinais de preocupação.

"Claro, sofs. O que se passa?"

Respirei fundo, tentando organizar os meus pensamentos.

"Lembras-te daquela noite em Londres, depois dos fogos? Quando as coisas entre nós ficaram... mais intensas?" comecei, tentando não corar.

Ele assentiu, mantendo o olhar na estrada, mas pude ver que estava a prestar total atenção ao que eu dizia.

"Lembro, sim. Mas não tens de te preocupar com isso. Eu percebi que não estavas pronta, e está tudo bem" disse ele calmamente, com aquele sorriso suave que me deixava sempre mais tranquila.

Senti-me aliviada ao ouvir isso, mas queria explicar-lhe o que se passava na minha cabeça.

"Eu sei, e agradeço por teres sido tão compreensivo. Mas eu queria falar sobre isso porque... não quero que penses que estou a evitar. Não é isso. Eu confio em ti mais do que em qualquer pessoa, João. Só... acho que ainda não estou pronta para dar esse passo, e preciso de tempo. Preciso de ter a certeza de que é o momento certo para mim, e não quero que fiques a pensar que há algo de errado connosco" expliquei, esperando que ele compreendesse.

O João estacionou o carro em frente à minha casa, desligando o motor. Ele virou-se para mim, colocando uma mão no meu joelho de uma forma carinhosa.

"Sofs, olha para mim" disse ele, com um tom suave. "Eu nunca te vou pressionar para nada. Isto é algo que só acontece quando ambos estamos prontos. Se precisas de tempo, tens todo o tempo do mundo. Eu estou aqui, e nada vai mudar entre nós por causa disso. Quando tu estiveres pronta, nós vamos saber. Mas até lá, o mais importante é que estejas confortável, e eu quero que saibas que estou contigo, seja qual for a tua decisão."

O alívio que senti foi imediato. O João sempre soube como me acalmar, e o facto de ele estar a ser tão claro e paciente só reforçava o que eu já sabia: ele era a pessoa certa para mim.

"Obrigada. Eu sabia que podia contar contigo, mas ouvir isso faz-me sentir ainda melhor" disse, sorrindo-lhe.

Ele inclinou-se e deu-me um beijo suave na testa.

"Sempre, fofa. O mais importante é que tu estejas bem. E, quando chegar o momento certo, nós vamos saber. Até lá, nada muda entre nós."

Senti o coração mais leve depois daquela conversa. Saber que ele estava tão em sintonia comigo fazia-me sentir ainda mais segura na nossa relação. Quando saímos do carro, o João acompanhou-me até à porta de casa, como sempre fazia. Despedimo-nos com um abraço apertado e um beijo, e eu entrei em casa com um sorriso na cara.

***

Nos dias a seguir, senti que as coisas entre mim e o João estavam ainda melhores. Havia uma leveza entre nós, como se a conversa tivesse tirado qualquer tensão que pudesse ter existido. Continuávamos a sair, a ver séries juntos, e a rir-nos das coisas mais pequenas. A nossa relação estava a crescer de forma saudável, e eu sentia que estava a caminhar na direção certa.

Uma tarde, quando estávamos no café com a Carolina e o Edgar que só ia embora na próxima semana, a Carol olhou para mim com um sorriso cúmplice.

"Então, Sofs, como estão as coisas?" perguntou, com aquele tom típico de amiga curiosa.

O Edgar, que estava a beber um refrigerante ao lado, riu-se.

"As coisas estão bem demais, pelo que vejo. O João está todo derretido por ela" disse ele, piscando o olho.

O João revirou os olhos, mas riu-se, puxando-me para mais perto dele.

"Parem de chatear a minha namorada. Ela já tem de me aturar, imagina ter de vos aturar também" brincou ele.

Rimo-nos todos, e o momento foi tão descontraído que eu soube, sem sombra de dúvida, que estava no caminho certo. Eu e o João íamos chegar lá quando fosse o momento certo, e, até lá, íamos continuar a desfrutar daquilo que tínhamos. Afinal, o mais importante era o amor e o respeito que tínhamos um pelo outro, e disso, não havia qualquer dúvida.
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Tão fofos que eles são 🥹 Espero que gostem 🫶🏻🫶🏻🫶🏻

Quando acabar esta fic vou logo postar a outra por isso estejam atentos. Votem e comentem muito 🙏🙏🙏 Bjsss

A game of pretend- João Neves Onde histórias criam vida. Descubra agora