Capitulo 15

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Era um domingo como todos os outros, mas com uma tensão palpável no ar. O Benfica tinha um jogo importante naquele dia. A equipa estava a disputar um lugar nas finais do campeonato, e todos sabiam que não seria fácil.

A Carol e eu estávamos sentadas nas bancadas, os nervos a passar nas veias. O estádio estava mais que cheio, os cânticos dos adeptos ouviam-se pelo estádio todo, e a energia era especial. O António e o João estavam em campo, focados e prontos para dar tudo.

O jogo começou com uma intensidade brutal. O adversário estava decidido a vencer, e o Benfica não podia deixar que isso acontecesse. Os minutos passavam, e cada jogada era mais arriscada que a anterior. A cada toque na bola, os nossos corações batiam mais depressa.

A primeira parte acabou sem golos, mas o cansaço já era visível nas caras dos jogadores. Quando a segunda parte começou, a tensão aumentou ainda mais. Foi então que tudo aconteceu.

Estávamos a meio da segunda parte quando vi o António a correr para interceptar a bola. Ele lançou-se com toda a força, mas o adversário veio com tudo e mais um pouco. Eles chocaram e o António caiu no relvado, agarrando-se ao joelho com uma expressão de dor que me parou o coração.

A Carol ao meu lado soltou um grito abafado, e vi lágrimas a encher-lhe os olhos. O João correu imediatamente para o meu irmão, mas os médicos da equipa já estavam a caminho.
"Sofia, o que fazemos?" A voz dela era um sussurro desesperado.
"Vamos descer," respondi, já a levantar-me. Precisava de estar perto, precisava de saber o que estava a acontecer.

Descemos as escadas em direção ao campo, as pernas a tremer. Quando chegámos à beira do relvado, vimos os médicos a trabalhar rapidamente, tentando estabilizar o António. Ele estava a gemer de dor, o rosto contorcido, e o João estava ao lado dele, a segurar-lhe a mão, claramente assustado.
"Vai ficar tudo bem," disse ele, mais para si mesmo do que para o António.

Os médicos decidiram que era melhor não arriscar. Chamaram a maca, e o António foi levado diretamente para a ambulância. A Carol estava a chorar, a cara enterrada nas mãos, e eu estava a fazer o possível para manter a calma, mas por dentro estava a desesperar.

"Vamos com ele," disse o João, a voz rouca de preocupação.
"João não podes parar de jogar." disse eu porque ele já se tinha esquecido que estava a meio de um jogo. "Fodasse, tenho de ganhar isto, por ele" deu-me um beijo e correu para o relvado para continuar o jogo.

Entretanto eu e a carol entrámos no carro e seguimos a ambulância até ao hospital. O silêncio no carro era pesado, as duas perdidas nos nossos próprios pensamentos e preocupações.

Quando chegámos ao hospital, o António já tinha sido levado para a sala de emergências. As enfermeiras pediram-nos para esperar na sala de espera.

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, um médico apareceu na sala de espera. Levantámo-nos logo, os olhos fixos nele, à espera de qualquer notícia.
"O António teve uma lesão grave no joelho," começou o médico, com um tom sério. "Vamos precisar de fazer mais exames para determinar a extensão da lesão, mas ele vai precisar de uma cirurgia."

As palavras do médico caíram sobre nós como uma tonelada de tijolos. A Carol deixou escapar um soluço, e eu fechei os olhos por um momento, como se estivesse a tentar processar a informação.
"Ele vai ficar bem?" perguntei, a voz a tremer.
"O prognóstico é bom, mas ele vai precisar de tempo para se recuperar," respondeu o médico. "A cirurgia é essencial para garantir que ele possa voltar a jogar, mas isso só será possível com uma reabilitação adequada."

As palavras "tempo" e "recuperação" ecoavam na minha cabeça. Sabia o quanto o futebol significava para o António, e a ideia de ele ter de ficar afastado dos relvados era devastadora.

O médico levou-nos até ao quarto onde o António estava, meio grogue da medicação que lhe deram. A Carol sentou-se ao lado da cama, a segurar-lhe a mão, os olhos fixos no rosto pálido do António. Eu estava ao lado dela, a tentar manter-me forte.
"Então antónio, como estás?" perguntou a minha amiga, tentado parecer calma.
"Neste momento não sinto nada de tantas drogas que me devem ter dado." disse ele a rir-se um bocado, o que nos fez rir também.

Ficamos mais um bocado com ele no quarto e vimos os últimos minutos do jogo. Continuava super intenso, as equipas empatadas e depois quando ninguém estava à espera, o João marcou golo e nós ficamos loucos. Ele disse que ia ganhar pelo antónio e assim o fez. Estava tão orgulhosa.

Passado um bocado uma enfermeira chegou a dizer que tinha de levar o antónio para fazer mais uns testes e nós ficamos à espera.

Entretanto chegou o João e veio logo abraçar-nos.
"Então como é que ele está?" perguntou ele.
"Vai ter de ser operado e vai recuperar totalmente, mas vai demorar..." respondi eu.
"O que fazemos agora?" disse a carol triste.
"Vamos estar aqui para ele," disse o João, com determinação. "Ele vai precisar de nós, e vamos ajudar em tudo o que for preciso."

Sabia que o João estava a tentar ser forte pelo António mas a situação era dura para todos nós. Não conseguia imaginar o quanto o meu irmão iria sofrer ao perceber que estaria afastado do que mais amava, mas também sabia que íamos fazer tudo o que estivesse ao nosso alcance para o ajudar.

Depois de algumas horas e de muita discussão por quem ia ficar no hospital a dormir, eu e o João estávamos a ir para casa da carol buscar-lhe roupa para lhe levar ao hospital onde ela ia passar a noite. Depois de já termos levado as coisas da carol e termos ficado lá mais um bocado com os dois, fomos para minha casa dormir.

Quando chegámos a casa perguntei ao meu namorado o que ele queria comer mas em vez de me responder ele puxou-me para ele. "Sofs, como é que estás?" disse ele a olhar-me nos olhos. "Estou bem, eu sei que ele é forte e que vai ficar bem" disse a tentar parecer despreocupada.
"Sofia, asério, como é que estás." perguntou ele sabendo que eu estava a mentir. "Eu... tenho medo que ele não consiga recuperar direito, e estar tanto tempo longe do futebol... não sei como ele vai conseguir joão..." foi aqui que desabei. Percebi que ainda não tinha tido tempo para sentir o que quer que fosse em relação a isto e agora toda a preocupação, toda a tristeza acumuladas, estavam a cair em cima de mim.

Fiquei a chorar nos braços do joão algum tempo enquanto ele simplesmente me segurava e era mesmo isso que eu precisava.

Quando finalmente me acalmei, fiquei no sofá a ver uma série enquanto ele fazia algo pra comermos e depois sentou-se ao meu lado e comemos juntos a ver televisão. Ao menos assim eu distraía-me.

Estávamos a meio de um filme e eu adormeci e quando acordei estava na cama com os braços do João a minha volta.

Dei-lhe um beijinho no nariz para ele acordar e vi os olhinhos verdes dele a abrir. "Bom dia baby" disse eu sorrindo. "Bom dia pequena" disse ele e deu me um beijo.

Tomamos o pequeno-almoço e arranjamo-nos para ir para o hospital.

Nesse dia ficamos só a fazer companhia ao António. A carol foi a casar tomar banho e vestir roupa nova e ao fim do dia quem ficou no hospital fui eu, o João e a carol foram para casa.

O dia aseguir bem cedo era a cirurgia do António e eu queria estar com ele antes de entrar. Fui dormir com a esperança de que ia tudo correr bem e que isto era um obstáculo que íamos todos ultrapassar juntos.

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Eu não me consigo conter e queria muito que vissem o que aconteceu então postei mais um 😝
Já tenho mais capítulos prontos e muitas ideias para mais por isso preparem-se. Bjsss

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A game of pretend- João Neves Onde histórias criam vida. Descubra agora