Ecos de um silêncio

1

Poema sobre o amor. E tudo que eu não sei sobre ele.

O que eu sei sobre o amor?

Ao mesmo tempo que acredito que sei tudo, percebo que não sei absolutamente nada.

Será que é uma sensação tão sufocante? Onde o ar ameaça abandonar seus pulmões, o coração prestes a explodir, um nó na garganta. A sensação que seu próprio corpo vai te engolir. Você fica tão imerso, que parece está se afogando em um mar profundo, cheio de incertezas. Mas, ainda sim, você deseja se afogar nesse oceano, deseja ter essa pessoa com você. Tão imperfeita, um humano como qualquer outro. Mas, ainda sim, você ama cada detalhe, cada sensação que lhe é causada.

Aiai, o amor. Você já se sentiu amada, realmente? Já esteve com alguém que te tivesse como sua pessoa favorita? Ou tudo isso é apenas uma ilusão? Um reflexo do que você sente?

Quantas vezes você foi o melhor amigo do seu melhor amigo? Quantas vezes você foi escolhido em primeiro lugar? Quantas vezes esse amor foi demonstrado a você? Quantas vezes demonstrou de volta? Quantas vezes não foram meras palavras?

Ar. Eu preciso respirar. Sufocado em seus próprios sentimentos. Sentir tudo. Sentir nada. Fugir. Quantas vezes você fugiu? Fugiu de si mesma. Desses sentimentos. Quantas vezes tentou esquecer ou mentir para si que isso não importa?

Você já foi a favorita de alguém?

Você se fechou tanto, com medo de demonstrar algo, de ser invasiva demais, ser inconveniente demais. Quantas vezes você se calou, na esperança que isso calasse seus pensamentos, que eles simplesmente fossem embora? Eles nunca foram, né?
Sufocada em meio a palavras não ditas.

Preciso respirar.

Tão quieta, tão fechada, tão silenciosa, tão misteriosa, tão... fria?

Eu não sou fria.

Ah, sim! Tão fria, não se importa com ninguém. Egoísta. Pensa apenas em si mesma. Qual é o seu problema? Não consegue se importar com os outros? Não consegue apoiar seus próprios amigos?
Não. Eu não consigo... Sinto-me invasiva, deslocada e isso faz com que eu aparente não me importar!
Não consigo, mas quero. Porém, meu raciocínio some.
Não consigo falar, mas quero. Mas, não consigo demonstrar apoio.

EU SÓ NÃO CONSIGO. Medrosa demais.

Você é f-r-i-a?

Tão silenciosa, tão insensível com os outros...

Estou sufocando. Eu preciso de ar.

Eu não sou insensível. Eu me importo, até demais. Intensa, até demais.

Insegura. Você sabota a si mesma.

Não percebe??

Ar.

Não consegue ver? Uma dor que sufoca. Esses monstros te cercam. Você tá presa.
Não consegue ver que você criou esse monstro?
Alimentando-o com suas incertezas, inseguranças, medos.
Você o ensinou a te derrotar. Você o ensinou a ser mais forte do que realmente pode suportar.

Respirar.
Sufocada. Perdida. Confusa.

Quem é você? O que você sente? Alguém realmente te ama a ponto de perceber que você está se sufocando com seus próprios pensamentos?

E-x-p-l-o-d-i-r.

Você é como uma bomba relógio. Guarda tudo para si, mas no final, você vai explodir. Mais cedo ou mais tarde, vai tudo pelos ares.

Palavras que nunca disse.

Quantas vezes você podia ter dito algo? Ter estado presente?

Mas você fugiu! Covarde. Você foi covarde o suficiente para correr. Ah! Pobre garota. Corra até sentir que não aguenta mais. Corra até seu coração explodir.

Palavras que n-u-n-c-a disse.

Você devia tá lá. Você devia ter ajudado. Por que você sempre foge? Por que sente tanto medo? Por que és tão confusa?

R-e-s-p-i-r-a-r

Coração. Batendo. Coração...
Dor. Angústia. Alegria. Tristeza. Medo. Ansiedade. Frio. Calor. Coragem. Confusão. Perdida.
Onde você tá? Quando foi que se perdeu?

Eu estou cansada.

Lidar com tudo é cansativo. Guardar tudo para si é cansativo. Pobre garota... se perdeu em meio ao oceano. Se perdeu no próprio mar. P-e-r-d-i-d-a.
Tá escuro. Tá frio.
Coração.
Pobre coração. Apaixonado.
Você o ama?
Realmente?
Mas você vai fugir.
VOCÊ SEMPRE FOGE.

A-r. R-e-s-p-i-r-a-r. S-u-f-o-c-a-d-a.

Amar não seria... se importar?
Gostar tanto de alguém, a ponto de cuidar dessa pessoa.

P-u-l-m-õ-e-s.
O-x-i-g-ê-n-i-o
S-u-f-o-c-a-d-a.

Oh, pobre garota... você não sabe o que é amar.

Texto inspirado em "Obscuro: Cortina de Fogo", de Matthew Magrath e "Estilhaça-me", de Tahereh Mafi.