Refém

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"Quando vier a Primavera,

Se eu já estiver morto,

As flores florirão da mesma maneira

E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.

A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme

Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria

E a Primavera era depois de amanhã,

Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.

Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?

Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;

E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.

Por isso, se morrer agora, morro contente,

Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.

Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.

Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.

O que for, quando for, é que será o que é."

- Alberto Caeiro, "Quando vier a Primavera".







Jimin só pensava em segurar o ar, seu raciocínio estava focado na mesma frase: "Não se afoga, não se afoga, não se afoga!". Seu corpo parecia estar sendo arrastado por algo ou alguém em alta velocidade mas abrir os olhos era impossível naquele momento, estava com medo de ver o que não queria.

Imaginou que seria algo envolvendo o Deus do fogo, porque que outro ser conseguiria o arrastar assim por debaixo d'água? Seus olhos permaneciam fechados e sentia que seu ar estava prestes a acabar, esse era o seu fim? Iria morrer afogado sendo arrastado por algo invisível? Que história mais trágica e triste, sequer teria corpo.

Quando seus pulmões necessitaram de ar e não conseguia mais segurar, desejou apenas que Jungkook e Minho ficassem bem. Respirou fundo e para seu espanto a água não estava o afogando, era como se estivesse protegido mesmo sendo arrastado.

O que fez foi gritar em pânico olhando ao redor apavorado, observando aquele monte de água lhe molhando sem o afogar. Até que repentinamente tudo ficou escuro e parou de ser arrastado começando a afundar, desesperado segurou a respiração novamente e nadou até a superfície.

Não via e não ouvia nada além de sua respiração ofegante e assustada. Tatuou a água mas não sentiu terra, seu coração estava acelerado e seu corpo tremia, não sabia dizer se de frio ou pavor.

- Quem me trouxe aqui e porquê? Apareça!

Gritou, não adiantava se esconder teria que enfrentar o que quer que fosse e não demonstraria medo a ninguém. Diferente das hipóteses péssimas que imaginou, viu uma luz rosada se ascender e pôde observar um cristal brilhando em uma parede rochosa e úmida.

Assim, um por um começou a ascender com variadas cores iluminando toda a caverna em que estava e água ali dentro, dando a Jimin uma visão mágica, era quase divino.

"Olá Jimin."

Ouviu alguém dizer o seu nome de perto, olhou assustado para trás mas só havia a entrada da caverna que dava vista a lua no céu e o imenso rio ou mar em que estava, não sabia dizer no momento e não confiava em seus sentidos agora.

Alfa? Alfa!Onde histórias criam vida. Descubra agora