A travessia do luto (6)

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Mores, provavelmente eu vou dar uma sumida por enquanto, mas prometo que já já eu volto! (Por conta disso vou demorar de ler os comentários, mas não deixem de comentar por isso vius, tô de olho🔪)

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Os dias após o funeral passaram em um borrão lento e pesado para Haerin. A casa, que antes ressoava com a presença de sua mãe, estava agora mergulhada em um silêncio opressor. Cada canto, cada objeto, trazia uma lembrança dolorosa, e o vazio deixado pela morte de sua mãe parecia impossível de preencher.

Haerin não conseguia evitar as perguntas que constantemente circulavam em sua mente: "Será que eu poderia ter feito mais? E se eu tivesse chegado mais cedo ao hospital? Será que ela sabia o quanto eu a amava?". A culpa se misturava à tristeza, tornando tudo ainda mais difícil de suportar.

Ela passava horas no quarto de sua mãe, sentada na cama, segurando uma foto antiga das duas juntas, as lágrimas escorrendo silenciosamente pelo rosto. Havia dias em que mal conseguia sair da cama, o peso da perda a imobilizando. Parecia que o mundo continuava girando, mas ela estava presa em um ciclo interminável de dor e lembranças.

No entanto, em meio a toda essa escuridão, havia uma luz que se recusava a apagar: suas amigas. Danielle, em particular, estava sempre ao seu lado. Desde o momento em que sua mãe faleceu, Danielle permaneceu firme, sem hesitar em nenhum momento.

Danielle parecia saber exatamente quando Haerin precisava de espaço e quando precisava de companhia. Ela aparecia todos os dias, trazendo comida, filmes, ou apenas sentando-se em silêncio ao lado de Haerin. Não forçava conversas, nem tentava apressar o processo de luto. Ela estava lá, uma presença constante e acolhedora.

Certa manhã, Danielle chegou com uma sacola de doces e dois cobertores macios. O céu lá fora estava nublado, refletindo o estado emocional de Haerin, mas Danielle entrou no quarto com uma leveza que, de alguma forma, conseguiu suavizar a atmosfera pesada.

- Eu trouxe suas balas preferidas - disse Danielle, com um sorriso suave. - E pensei que poderíamos fazer uma maratona de filmes. Sem pressão, só... ficar juntas.

Haerin olhou para Danielle, e algo dentro dela se aqueceu um pouco. Mesmo no meio da dor, ela sentia gratidão pela amiga, por essa pessoa que estava ao seu lado, mesmo quando tudo parecia insuportável.

- Obrigada, Dani... - Haerin murmurou, sua voz baixa e cansada, mas sincera. - Não sei o que faria sem você.

Danielle apenas sorriu e se aconchegou ao lado dela no sofá, entregando-lhe um cobertor. Elas assistiram ao filme em silêncio, mas Haerin sentiu, pela primeira vez em dias, uma pequena sensação de paz.

Com o passar das semanas, Haerin começou a perceber que a vida seguia em frente, mesmo que ela ainda estivesse se sentindo presa no luto. As visitas constantes de suas amigas, as mensagens de apoio, os pequenos gestos de carinho - tudo isso começou a construir uma ponte para fora da escuridão.

Certa tarde, enquanto caminhava com Danielle pelo parque, Haerin finalmente conseguiu falar sobre o que estava sentindo.

- Eu sinto tanto a falta dela... - Haerin começou, a voz quebrando. - Às vezes, acho que nunca vou conseguir seguir em frente. É como se uma parte de mim tivesse ido junto com ela.

Danielle parou, segurando as mãos de Haerin entre as suas, e olhou profundamente em seus olhos.

- Você não precisa superar a falta dela, Haerin. Perder alguém que amamos nunca é fácil, e essa dor vai fazer parte de você para sempre. Mas você também tem o direito de continuar vivendo, de encontrar momentos de alegria, de honrar a memória dela seguindo em frente. E eu estarei aqui para te ajudar, sempre.

As palavras de Danielle trouxeram um conforto que Haerin não sabia que precisava. Ela apertou as mãos da amiga e, pela primeira vez desde a morte de sua mãe, sentiu uma pequena centelha de esperança.

O luto ainda era uma presença constante em sua vida, mas Haerin percebeu que não estava sozinha na travessia. Com Danielle e suas amigas ao seu lado, ela sabia que, aos poucos, seria capaz de encontrar um caminho para seguir em frente. E embora a saudade nunca desaparecesse, Haerin se permitiu acreditar que, um dia, poderia sorrir novamente - não porque tivesse esquecido sua mãe, mas porque teria aprendido a viver com a lembrança dela, sempre presente em seu coração.

Assim, a cada dia que passava, Haerin dava um passo à frente, mesmo que pequeno, e com o apoio de suas amigas, especialmente de Danielle, começou a acreditar que a dor, embora permanente, não precisaria definir o resto de sua vida. Ela ainda tinha amor ao seu redor, e isso era o suficiente para seguir em frente, um dia de cada vez.

Mesmo com o apoio constante de suas amigas, especialmente de Danielle, havia dias em que a dor parecia insuportável para Haerin. A sensação de vazio e perda se tornava tão intensa que ela mal conseguia respirar. E, nesses dias ruins, todo o progresso que ela sentia ter feito parecia desmoronar.

Acordar era uma batalha. Quando o sol surgia pela janela do seu quarto, Haerin se sentia sufocada pelo peso de mais um dia. O que antes eram rotinas simples - como levantar da cama, escovar os dentes ou vestir-se - agora pareciam tarefas monumentais. Ela ficava deitada por horas, olhando para o teto, sem energia ou motivação para enfrentar o mundo lá fora.

A dor não vinha em ondas, como antes, mas como um mar constante e implacável que ameaçava afogá-la. Por mais que tentasse, não conseguia escapar dos pensamentos sombrios. "Por que isso aconteceu com ela? Por que comigo?" eram perguntas que martelavam incessantemente em sua mente.

Haerin se sentia presa em um ciclo de tristeza, raiva e culpa. Raiva por ter perdido sua mãe tão cedo, culpa por não ter sido capaz de fazer nada, e tristeza por tudo o que ela sabia que jamais poderia ser consertado. Quando estava sozinha, os pensamentos mais sombrios a cercavam, deixando-a em um estado de desespero que, às vezes, parecia insuportável.

Danielle, atenta como sempre, notou as mudanças. Os olhares vazios, as respostas monossilábicas, o isolamento crescente. Ela sabia que Haerin estava em um lugar muito difícil, e embora quisesse ajudá-la, também entendia que não podia forçar nada. Em vez disso, ela permaneceu por perto, sempre oferecendo uma presença silenciosa e reconfortante.

Certa noite, depois de um dia particularmente difícil, Haerin finalmente explodiu. Ela estava em seu quarto, cercada pelas lembranças de sua mãe, quando Danielle entrou com uma xícara de chá. O simples gesto de cuidado, em um momento em que Haerin se sentia tão perdida, foi o que quebrou a última barreira.

- Eu não aguento mais, Dani! - Haerin gritou, lágrimas escorrendo pelo rosto. - Eu... eu sinto tanto a falta dela. E nada que eu faça parece suficiente. Eu estou... estou presa aqui, e não consigo sair!

Danielle se aproximou lentamente, colocando a xícara de chá de lado e se ajoelhando ao lado da cama de Haerin. Ela a envolveu em um abraço apertado, permitindo que a amiga chorasse tudo o que estava preso dentro dela. Não disse nada, apenas segurou Haerin com firmeza, como se estivesse dizendo que, não importa o quão difícil fosse, ela não iria a lugar algum.

- Você não precisa ser forte o tempo todo, Haerin - sussurrou Danielle, finalmente. - Ter dias ruins faz parte de tudo isso. E mesmo quando parece que o mundo está desabando, eu estarei aqui com você, para te segurar.

As palavras de Danielle foram como um bálsamo para a alma de Haerin. Embora soubesse que ainda tinha um longo caminho a percorrer, sentiu um pequeno alívio ao perceber que não estava sozinha. Nos dias ruins, era fácil esquecer isso - que havia pessoas ao seu redor dispostas a segurar sua mão, mesmo nos momentos mais sombrios.

Os dias ruins não desapareceram, e Haerin sabia que, provavelmente, sempre teria que enfrentá-los de tempos em tempos. Mas com o apoio das suas amigas, ela começou a entender que tudo bem ter esses momentos. Que não era fraqueza sucumbir à tristeza, e que, eventualmente, a dor se tornaria mais suportável. E, enquanto isso, ela não precisaria passar por tudo sozinha.

E assim, mesmo nos dias em que tudo parecia cinza e sem esperança, Haerin encontrou força nas pequenas coisas - o sorriso de uma amiga, uma lembrança carinhosa, a promessa de que o sol ainda iria brilhar novamente, mesmo que parecesse tão distante naquele momento.

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