Capítulo 7

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A tensão entre Diego e eu era palpável, o ar no quarto espiritual de Maria Antônia carregado de perguntas não feitas e respostas temidas. O silêncio se estendia entre nós, pesado como chumbo, até que finalmente encontrei minha voz.

"Diego, eu... como é possível?" comecei, minha voz tremendo. "Você está aqui, mas você..."

"Morri," Diego completou, um sorriso amargo brincando em seus lábios. "Sim, Thomas. Eu estou morto. Isso não mudou."

Dei um passo à frente, minhas emoções à flor da pele. "Mas como? Por quê? Você se matou, Diego! E agora está aqui, neste... lugar, com a Maria Antônia de todas as pessoas!"

A expressão de Diego escureceu, uma sombra passando por seus olhos. "A morte não é o fim, Thomas. Há coisas acontecendo que vão além da sua compreensão. Coisas que nem eu, como espírito, compreendo totalmente."

"Então me faça entender!" exclamei, frustração evidente em minha voz. "Eu passei meses me culpando, me perguntando se poderia ter feito algo para impedir... E agora você está aqui, um espírito, envolvido em algo que parece tão... errado."

Diego soltou um suspiro cansado, um som que parecia carregar o peso de sua existência pós morte. "Não foi sua culpa, Thomas. Nunca foi. Minha morte... foi minha escolha. Uma escolha que eu fiz sozinho."

"Diego, eu..." minha voz falhou, as emoções que eu havia reprimido por tanto tempo finalmente transbordando. "Como você pôde fazer isso? Como pôde nos deixar assim?"

Diego se virou para mim, seus olhos espectrais frios e distantes. "Você não entende nada, Thomas. Nunca entendeu."

Sua resposta cortante me pegou de surpresa. "O quê? Do que você está falando?"

"Você acha que sabe tudo, não é?" Diego riu, um som amargo e vazio. "Sempre o Thomas, tão perceptivo, tão compreensivo. Mas você não faz ideia do inferno que eu estava passando."

"Então me explique!" gritei, as lágrimas agora correndo livremente pelo meu rosto. "Por que você fez isso? Por que não falou comigo? Eu teria feito qualquer coisa... qualquer coisa para ajudar você."

Diego se aproxima de mim, com sua presença fria e opressiva. "Ajudar? Você não poderia me ajudar, Thomas. Ninguém podia. Eu fiz minha escolha."

"Mas por quê?" insisti, minha voz quebrada pelo desespero. "O que poderia ser tão terrível que você preferiu morrer a enfrentar?"

"Algumas coisas são piores que a morte," Diego murmurou, seu olhar perdido em um ponto distante. "Eu pensei... pensei que estaria em paz. Mas olhe para mim agora. Preso. Perdido."

"Diego, por favor. Não podemos consertar isso? Não há algo que possamos fazer?"

Ele me olhou, seus olhos cheios de uma tristeza tão profunda que fez meu coração doer. "Não há nada para consertar, Thomas. Eu estou morto. Acabou."

"Não," insisti, recusando-me a aceitar. "Deve haver um motivo para você estar aqui. Deve haver algo que possamos fazer."

Diego soltou um suspiro cansado, sua forma tremulando levemente. "Talvez. Mas não depende de você, Thomas. Algumas batalhas, temos que lutar sozinhos. Mesmo depois da morte."

Um silêncio pesado caiu entre nós, quebrado apenas pelos meus soluços ocasionais. Finalmente, exausto emocional e fisicamente, olhei para Diego.

"O que acontece agora?" perguntei, minha voz rouca de tanto chorar.

Diego abriu a boca para responder, mas hesitou, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras. "Thomas, há coisas em movimento... coisas que eu mal comecei a entender. A Maria Antônia, ela..."

Pecados & InjúriasOnde histórias criam vida. Descubra agora