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Zara


Quando amanheceu Zoe sugeriu uma mata para se esconderem.

— Precisamos de suprimentos. — Murmurei ao tirar um pano amarrado com um bolo de dentro das mochilas de garupa em cima do cavalo e uma maçã para o cavalo.

O vento com folhas girou ao nosso redor e Zoe riu como se lhe fizessem cócegas.

— Vem Zara, tem um lugar aqui onde podemos ficar em paz. — Zoe passou a mão no focinho do cavalo. — Vem Iji vai ter água e pasto pra você.

O cavalo a seguiu e eu fiquei atônita olhando minha irmã.

— Zara?

— Sim, estou indo! — Cobri o bolo e corri pra alcançar Zoe.

Eu não conseguia entender como minha irmã se tornou tão sábia, ou pelo menos mais compatível com a magia que nosso pai havia mencionado. Caminhamos por algum tempo até chegar a um lago cristalino entre pedras e uma pequena nascente que corria por um elevado de pedras. Como Deus conseguiu criar tantas coisas lindas e não conseguiu fazer os homens com a mesma essência? O vento soprou agora com flores.

— Ele fez! — Disse Zoe juntando água em suas mãos e bebendo enquanto eu tirava a encilha e as mochilas do cavalo. — Mas eles decidiram a corrupção, não conseguem perdoar o que lhes foi feito em outras vidas e acabam se tornando aquilo que mais desprezavam.

— Quem lhe disse isso?

— O vento, ele sussurra pra mim, deveria abrir o seu coração Zara.

— Não consigo! — Sussurrei me ajoelhando ao lado de Zoe e bebendo da mesma água.

— Que pena!

O cavalo bebia água ao lado de Zoe e levantou a cabeça molhando sua irmã que riu e ele a empurrou com a cabeça pra dentro do lago. Zoe pulou rindo e jogando água em mim.

— Vem Zara, Iji disse que estamos fedendo.

— Ele disse?

— Ela disse!

Iji a olhou como se realmente tivesse dito. Devo mesmo de estar, não tomo banho desde a fuga. Sem pensar me joguei no lago e comecei a brincar com minha irmã. Aproveitei pra tirar a roupa e pedi a da minha irmã e as esfreguei com as mãos, depois as joguei em cima de uma pedra que em breve teria sol e a secaria. Ambas saímos da água e pulamos para nos secar. Peguei algumas roupas das mochilas dela e vesti Zoe com carinho.

— Gosto de como cuida de mim! — Sorriu Zoe. — Como Babooe cuida de nós.

— Nós nos amamos e isso é o que vale.

— O vento me disse que temos magia, por isso o ouço.

— Ele tem razão!

— Ele avisou o papai que estavam vindo, mas o papai fechou o coração antes dele terminar o aviso, papai não entendeu que era para partirmos de imediato. — Não tive palavras. Zoe se virou e lhe segurou o rosto. — Precisa abrir seu coração Zara, para que não aconteça conosco o que aconteceu com o papai.

— Por isso tenho você, você o ouve e eu obedeço. — Tentei um sorriso.

— Não pense assim, poderia fazer tantas coisas lindas!

— Como o que? — Desafiei a pequena que sorriu e passou a mão no pasto curto por Iji ter comido ali e algumas flores surgiram onde ela passou a mão. — Que lindo. . . — A pequena ficou de pé e pegou uma maçã de dentro da mochila no chão, pegou a adaga de Zara e a abriu no meio, tirou uma semente e a jogou no chão, colocou as mãos com os olhos fechados.

— Quero que carregue de maçãs para Iji comer!

— Zoe?!

Então o broto surgiu e começou a crescer, ficou do tamanho de Zoe e então encheu de flores e elas caíram girando ao redor delas e os frutos começaram a crescer tudo diante dos meus olhos que mesmo assistindo não conseguia crer que algo assim existia. Zoe tirou uma maçã e me deu eu olhava o fruto vermelho e reluzente em minha mão ainda sem acreditar no que acabara de assistir.

— Coma! — Zoe pegou uma pra ela e outra pra Iji.

Mordi uma doce e suculenta maçã, nunca tinha comido um fruto tão bom quanto aquele. Suspirei enquanto mordia mais uma vez.

— Como pode ser tão boa?

— Porque coloquei amor junto a magia.

— Quando se tornou mais velha do que eu?

Zoe riu e depois bocejou, Nós precisávamos dormir.

— Vamos comer mais um pouco e depois vamos dormir.

Zoe assentiu e comeu queijo e bolo que sua tia tinha mandado pra elas. Iji deitou perto delas e Zoe se levantou e foi se encostar na barriga dela.

— Vou guardar as sementes pra nossa próxima parada.

Zoe sorriu de olhos fechados. Arrumei as coisas de nossas mochilas dentro da mochila bolsos que sua tia colocará na égua, para diminuir a quantidade de bagagens. Dobrei as mochilas e as guardei ali dentro também. Agora não precisarei carregar nada além de minhas armas. A égua bufou olhando pra ela que sorriu e foi até elas e me aninhei ao lado do pescoço de Iji.

— Obrigado Iji, você foi muito forte está noite, durma também.

Adormeci enquanto fazia carinho de Iji. Quando acordei o sol já estava se escondendo no horizonte.

— Zoe acorde, dormimos demais.

Zoe dormia em cima da barriga de Iji.

— Não quero acordar. — Murmurou Zoe.

— Precisamos comer e depois seguir viagem.

— Está bem! — Ela escorregou por Iji que lhe passou o focinho por seu pescoço a fazendo rir. — Iji precisa de ajuda pra levantar, está com as pernas dormentes.

— Sério?!

Zoe esticou as patas dela e as esfregou, Fiz o mesmo nas patas de trás, ela girou pro outro lado e se levantou, deu uma trotada no mesmo lugar aquecendo as pernas e foi até a pequena macieira e comeu algumas maçãs. Nós terminamos com as coisas que nossa tia tinha mandado e guardaram algumas maçãs que couberam nos sacos, fomos fazer nossas necessidades e quando voltamos enchemos o cantil que tinha do lado da sela de Iji, ela também aproveitou pra beber água e assim que as primeiras estrelas surgiram pegamos rumo a diante. Depois de três dias encontramos uma cidade. Comecei a planejar o que precisava e um jeito de não chamar atenção pra mim e conseguir o que queria, um lugar seguro para passar algum tempo à espera de nosso irmão.

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⏰ Última atualização: Oct 24 ⏰

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A rainha de OkanOnde histórias criam vida. Descubra agora