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Inkanyezi Yaphe

As pessoas não entendem que porque a corte diurna é dirigida ao sol, a luz não significa que é uma corte bondosa e do bem, e a noturna por ser dirigida a escuro a lua acham que é a corte do mal, se o mundo ao menos percebesse que o mal está dentro de cada um de nós e que ele depende de quem o alimenta, entenderia que não é as cortes que fazem o bem e o mal. As pessoas corrompidas pelo mal por alimentar seus medos na ignorância e essas pessoas estragam tudo que é belo.

Sou tão diferente que preciso andar escondide pelas florestas e quando preciso de algo em alguma cidade tenho que por uma máscara, capuz e vestimentas que me escondem muito bem, troco algumas peles de animais que chegam ao fim de suas vidas e vendo no mercado durante a noite para comprar roupas, armas e coisas estranhas para me divertir ou comidas que não tem na natureza.

Meu pai foi morto a alguns anos atrás enquanto lutava para eu fugir de pessoas atrás da minha pele, não pude fazer nada, porque eu tinha prometido a ele que se alguma coisa me colocasse em perigo eu fugiria sem olhar pra trás e assim o fiz, mas voltei no dia seguinte e recolhi as espadas e lhe dei um enterro digno ao lado de uma cachoeira, como eu poderia me defender com seus ensinamentos de luta quando não serviram nem pra ele? Às vezes fico triste e com raiva então treino e treino e o sentimento ruim que tenta dominar minha mente é expelido para fora do meu corpo.

Durante o dia eu consigo me esconder muito bem entre a floresta, mas a noite eu sou como um farol em meio a floresta, minha pele brilha e eu tenho que viver coberto ou me esconder em cavernas para não me encontrarem. Está amanhecendo e saio de uma caverna na encosta de uma cachoeira, tenho que me manter sempre em movimento, nunca pernoitando em um mesmo lugar, mas hoje deixei meus poucos pertences na caverna e sai para achar o que comer, lembro-me de ter visto um pé de manga ao longe. . . O que é isso? Ouço pés descalços correndo, a respiração pesada, me escondi, não está caçando, está fugindo! O acompanhei sem ver de quem se tratava, ao longe eu corria na mesma direção, mas sempre sem ver, apenas ouvindo os pés e a respiração. Então ouço mais longe três pares de pés com sapatos, quebrando galhos e com cheiro de pólvora, esses estão caçando.

" Se pressentir o perigo, corra, não fique pra trás, não salve ninguém, apenas a si mesmo!"

A voz do meu pai pareceu gritar em minha mente, mas então quem fugia parou e rezou sussurradamente.

— Se algum Deus ainda estiver me ouvindo. . . — Me aproximei para ver o rapaz que sussurrava. — proteja as minhas irmãs. . .

— Ele tá pra cá! — Gritou um caçador.

— Em nome das estrelas eu não cairei sem lutar!

Ele é jovem porém muito forte, dreads finos soltos por todos os lados, a única veste que ainda lhe restava era a saia em volta de sua cintura, completamente esfarrapada, quase mostrando seus dotes. Ele separou os pés e arrumou os punhos.

Papai me mataria, mas não posso deixar que alguém que implora aos Deuses por suas irmãs e não por si, morrer em vão, se está sendo cassado então é um igual.

" Corra Inkanyezi Yaphe"

Não dei ouvidos a voz em minha mente.

— Olha só garoto, você até parece forte, mas é apenas um, então não adianta lutar. — Sorriu um dos caçadores.

— Por que não ergue seu pescoço para lhe darmos uma morte rápida e fácil? — Debochou o outro.

— Não sem saber o por que estão me caçando? — Rosnou o rapaz e eu parei, também queria ouvir a resposta.

— Ora, até parece que não sabe, seus pais nunca lhe contaram histórinhas?

— Não sou o salvador de nada. . .

— Não, não é, você vai destruir nosso mundo se continuar vivo, nem você nem suas irmãs podem viver. . .

— Onde elas estão?

— Espero que mortas!

— Quem mandou nos matar?

Eles começaram a rir.

— Somos servos de Deus!

— Ele só está ganhando tempo! — Rosnou o maior deles, com uma faca apontando para o peito do rapaz e quando percebi sua intenção de jogar a faca, uma de minhas adagas atravessou sua mão, e joguei as demais de longe, acertei o pescoço do segundo e o peito do terceiro, o rapaz lutou para acabar com o que eu comecei. Me mantive escondide.

— Sejá lá quem você for, lhe devo minha vida! — Agradeceu.

— Junte as armas e pegue o que precisar pra se manter vivo! — Falei e ele ficou imovel, os olhos verdes quase da cor do lago Ruh estalados em minha direção, mas eu sabia que a está hora do dia ele não me veria.

— É-É você!

— Quem é você?

— E-Eu sou Babooe filho do rei Ramufá e da rainha Raza, de Florencia.

— Um príncipe!

— Não mais. . . — Ele se abaixou pegando as armas dos homens e tirou um tecido de outro.

— Por que não mais?

— Minha família está morta, mas ainda tenho esperança de que minhas irmãs tenham conseguido escapar.

— Não há nada no mundo mais poderoso do que a esperança!

— Se engana! — Disse ele tirando o farrapo de saia e vi seu corpo exuberante enquanto ele enrolava o novo pano em sua cintura.

— Creio que a esperança é. . .

— Desculpe. . . não sei seu nome, mas conheço sua história, mas a minha própria história me provou que o medo é o mais poderoso do que qualquer coisa, ele é tão poderoso que se concretiza, meus pais tinham medo e onde eles estão agora? Mortos!

— Bem. . . nunca pensei por esse lado! — Parando para analisar minha história que ele alega saber, o maior medo de meu pai era de me deixar só.

— Preciso me esconder por um tempo!

— Tem uma caverna a direita da cachoeira, vou deixar o que puder para ajudá-lo.

— Por que não aparece pra mim?

— Por que quer me ver?

— Porque talvez a minha esperança de um dia te conhecer e te proteger seja mais forte que qualquer um de meus medos.

— Me proteger?

— Minha mãe e minha irmã contavam-me sua história, menina sem cor!

— Eu não sou uma menina! — Falei me mostrando a ele. 

A rainha de OkanOnde histórias criam vida. Descubra agora