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Após ambos os irmãos terem recebido presentes de seus pais, Zara levou Zoe para dormir na tenda improvisada embaixo da árvore de Babooe, eles combinaram não dormir, esperariam os pais e Zoe dormir para depois irem embora, seus pais iriam dormir ao relento ali perto para qualquer sinal de perigo correram com eles. Então eles teriam que ser silenciosos ao partir. Zoe deitou e pediu a Zara que lhe contasse uma história para ela dormir como sempre. Zara colocou a mochila nas costas e deitou ao seu lado, acariciou sua irmã e lhe contou sobre a menina sem cor mais uma vez, pela última vez pensou.

Babooe ficou deitado em sua árvore ouvindo Zara contar sobre sua amada, quando elas ficaram em silêncio se virou para ver se os pais dormiam para eles poderem partir. Seus pais ainda conversam deitados, sua mãe o beijou e virou de lado, seu pai colocou as mãos atrás da cabeça. Babooe ficou os observando e antes de ver ouviu uma espada cortando o ar.

— PAI!!!! — Gritou ele se jogando da árvore tarde demais vendo seus pais serem decepados enquanto estavam vulneráveis.

— Babooe?! — Gritou Zara.

— Corra, pegue Zoe e corra, vá pra nossa tia, corra! Agora!

Eram muitos homens invadindo com tochas, espalhando fogo por tudo, ele começou a lutar para ganhar tempo para suas irmãs fugirem, viu quando elas saíram correndo, outros homens também viram e foram atrás delas, Babooe, estava exausto, mas a raiva ainda queimava dentro dele lhe dando o combustível que precisava para acabar com todos ali e assim o fez. Sua pele era puro sangue do inimigo.

Zara quando ouviu o pedido do irmão, não pensou duas vezes, pegou Zoe e começou a correr com ela.

— Fique calma Zoe, me ajude, não é hora de chorar, está bem?

— Estou com medo!

— Não vou deixar nada. . .

Alguém tinha puxado Zoe pela mochila a puxando junto e Zara cortou o pescoço do homem que investiu contra elas, e ela viu mais de meia dúzia de homens correndo atrás delas com tochas.

— Não vão a lugar algum! — Gritou um deles.

Zara pegou a mão de Zoe que perdeu a boneca e a puxou correndo, mas as pernas de sua irmã eram curtas e os homens estavam tão próximos e num surto de ódio ela se virou desejando que a terra enterra-se aqueles homens e levantou as mãos comandando a terra, que para sua surpresa a obedeceu e cobriu aqueles homens até a cintura.

Ela poderia matá-los, mas perderia tempo caso mais viessem atrás delas. Pegou Zoe no colo e correu na direção da cidade. Zara sentiu quando seus pais se foram, algo dentro dela floresceu como um vento em seu rosto anunciando a partida deles.

Babooe olhou em volta, todos mortos e correu em direção onde suas irmãs tinham corrido, encontrou homens tentando saírem da cobertura de terra, que os segurava até a cintura. Ele fez questão de se fazer ver, pegou um por um e passou a espada de seu pai em suas gargantas, eles gritaram como porcos no abate. Babooe pegou a tocha que um deles deixou cair e voltou para dar um fim digno aos seus pais. Suas lágrimas caíram esfriando e limpando seu rosto enquanto ele arrumava sua mãe nos braços de seu pai, pegou o anel dele e colocou em seu dedo.

— Que os Deuses os recebam com todas as honrarias possíveis, foram os melhores pais do mundo e eu os amo e os carregarei pra sempre em meu coração, mas não vou me separar das minhas irmãs, por bem ou mau eu as protegerei.

Babooe passou a tocha pelo colchão dos pais, pegou sua mochila e se deparou com mais homens vindo ao longe. Pela quantidade de tochas, não poderia com eles e não podia deixar que soubessem a direção que suas irmãs tomaram, sendo assim decidiu correr pra floresta com uma tocha na mão para que o vissem, e deu certo, os homens viraram em sua direção, e quanto mais ele corria pra floresta, mais ele orava para que nenhum seguisse suas irmãs, apenas ele, assim que conseguiu entrar na floresta escalou uma árvore e amarrou sua mochila e a espada de seu pai, apagou os rastros em volta da árvore, voltou alguns passos e correu mata a dentro, ele não conseguiu entender o que o fazia correr por tantas horas e a separação dos homens em seu encalço o ajudou a ir eliminando-os, na última luta perdeu suas armas cravadas no crânio de dois assassinos, quando tentou puxar mais, estavam chegando e ele decidiu correr pois conseguia sentir quantos eram, conseguia sentir os animais em volta, quais eram e quantos eram, conseguia sentir o sussurro suave que o conduzia a algum lugar no meio da floresta que parecia cada vez mais íngreme, mesmo precisando de água, comida e descanso ele ainda conseguia correr.

Enquanto isso, Zara conseguiu se esconder em uma pequena mata perto da cidade onde ela já podia ouvir os sons e ver as luzes refletidas nas poucas nuvens. Ela parou e segurou o rosto da irmã que não parou de soluçar seu choro silencioso.

— Meu amor, precisamos nos acalmar.

— Eles se foram.

— Os homens. . .

— Papai e mamãe, eles se foram, eu senti! — Sussurrou ela.

— Eu sei, eu também senti.

Zoe a abraçou forte. Ficou abraçada a menina até as duas conseguirem se acalmar.

— Eu preciso que você fique aqui escondida.

— Sozinha?!

— Eu preciso entrar na cidade escondida e encontrar nossa tia, preciso saber se é seguro ficarmos aqui.

— Não Zara, precisamos seguir a flecha, precisamos encontrar Babooe.

— Eu sei, mas ele mesmo mandou a gente pra cá, ele pode ter vindo.

— Espere mais um pouco! — Pediu ela voltando a abraçá-la. Zara ficou de pé com ela no colo.

— Tudo bem, preciso achar um lugar seguro pra você ficar, vamos procurar uma árvor. . . — O vento a envolveu, quase a puxando em direção ao centro. — Sentiu isso?

— O vento achou um lugar seguro! — Murmurou ela.

— Acha que o vento nos ouve?

— A floresta nos ouve e está fazendo a gente ouvir ela.

— Eu não ouço.

— Preste atenção, feche os olhos e abra o coração.

Zara fechou os olhos, mas não sabia como abrir o coração, mas mesmo sem ouvir, seguiu o vento que insistiu em sua volta a empurrando. Ela caminhou com os pés descalços quase em carne viva pela corrida descalça, mas ali a grama parecia acariciar seus pés, até agora não pisou em nenhum graveto ou pedra mesmo na escuridão, fechou os olhos e seguiu. Encontrou algumas rochas e uma árvores com o topo baixo, mas o tronco grosso suportaria o peso de sua irmã e o dela tranquilamente.

— Aqui, pode me deixar aqui.

— Tem certeza?

— Promete que volta pra me buscar?

— Antes do amanhecer, estarei aqui.

Zara tirou a mochila e colocou-a junto de Zoe no tronco mais alto que pode.

— Um cavalo! — Disse Zoe. — Compre um cavalo preto, pra não sermos notadas.

— O vento disse isso a você?

— Ele sussurrou.

Zara assentiu mesmo sua irmã não podendo vê-la. 

A rainha de OkanOnde histórias criam vida. Descubra agora