Capítulo 40

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Desenho.



Pov: Diego.

Depois de toda uma agitação, finalmente a gente iria para casa, essa noite foi cheia de emoção. A princípio o nosso plano não era revelar nada agora, mas se Mirelle fez isso é porque tem seus motivos. Ela nunca faria nada sem pensar antes.

A não ser o fato da mãe dela ter saído daqui toda ensanguentada, e o tio baleado. Ainda bem que Noah não presenciou isso, não quero que ele tenha a infância destruída. Isso era uma das coisas que mais me preocupava, manter o Noah inocente das coisas ruins que aconteciam, mas também ciente de que elas podiam acontecer.

Mirelle estava sentada tomando um copo de vodka com limão, toda descabelada e sem os saltos, que eu aposto que ela nem sabe onde foi parar. Théo já tinha descido com um notebook na mão e vários outros papais, eles iriam levar tudo ao concelho. Que teria uma reunião amanhã para decidir o futuro dos acusados. A irmã de Mirelle, Eliza, e o meu primo Miguel já tinham ido embora, e Lucian estava com as crianças.

— Vamos para casa. — falei assim que cheguei perto dela. A mesma nem me olhou. — Mirelle, você precisa descansar. — me agachei em sua frente e coloquei as minhas mãos em suas coxas, ela não fez nenhum movimento. — Mirelle?

— Tudo bem, vamos. — ouvi com um suspiro, ela estava cansada, não só fisicamente, mas também mentalmente.

Me inclinei um pouco para olhar ela direito, sua maquiagem tava borrada, mostrando que tinha chorado em silêncio. Uma das coisas que eu admirava nela era o fato de conseguir ser forte em momentos difíceis. Mas eu não gostava que ela ficasse reprimindo os sentimentos sempre. Isso a destruiria quando a dor for forte.

Fiz carinho em sua perna, e ela finalmente me olhou de sobrancelhas arqueadas.

— Agora não é nem o momento e nem o lugar. Vai pegar o Naoh no meu quarto, ele deve está dormindo. — falou com a voz visivelmente de cansaço.

Não quis contestar com ela, então me levantei como um cachorro que obedece a sua dona e fui em direção às escadas. Passei pelos corredores. Eu tinha estado aqui antes. Então sabia onde era o seu quarto.

Quando cheguei e ia bater, ouvi a voz do Noah e da Clara.

— Tem certeza de que isso vai fazer a minha mamãe me dar um irmãozinho? — perguntou com a voz de sapeca enquanto dava risonhos.

— Tenho sim, foi isso que eu fiz, aí meus pais me deram um irmãozinho. — respondeu Clara rindo.

Neguei com a cabeça, essas crianças não podiam ficar um minuto sozinha que já aprontavam, esperei um pouco para entrar. Não queria atrapalhar a conversa deles.

Dei duas batidas na porta e entrei. Os dois estavam sentados na cama "desenhando". E quando me viram abriram um sorriso.

Noah era um tipo de menino que gosta muito de brincar sozinho, de ter o próprio espaço pessoal, mas vendo ele assim com a Clara me deixa mais relaxado, porque ele tá se abrindo para novas amizades.

— O que os dois pirralhos estão fazendo aqui? — levantei a sombrancelha, eles apenas olharam um para o outro e mostraram o desenho, cheguei mais perto para olhar.

O da Clara eram quatro bonecos, uma representava ela, a outra sua irmã e dois maiores eram os seus pais e mais que ainda não estava pronto e que deveria ser o seu tio. E quando olhei o do meu filho vi cinco bonecos mais um cachorro. Me sentei ao lado dele.

— Quem são esses Noah? — ele me olhou de uma forma, como se aquela pergunta fosse a mais besta possível. Meu filho tirou o caderno de desenho do colo e me deu, depois ficou de joelhos na cama e começou a me explicar os desenhos.

— Esse aqui é eu. — apontou para o boneco de cabelos loiros, logo no meio. — Essas aqui é a mamãe Mirelle. — uma boneca de cabelos pretos ao seu lado. — O daqui é o senhor. — apontou para o outro ao lado de Mirelle.

Eu inclinei a cabeça e levantei uma sobrancelha.

— Porque eu tô menor que Mirelle? — reparei na minha altura. Meu boneco era consideravelmente menor que o de Mirelle. O que na vida real eu era maior que ela.

— Ora papai, porque ela é muito mais poderosa. — deu um tapinha na testa e balançou a cabeça. Clara que estava ao seu lado riu da resposta. Esses meninos são umas pestes. — Voltando. Bom, esse aqui é o Pepi. — dei uma boa olhada no cachorro, que não parecia nada com um. — Já essa, é a minha mamãe Lara. — era uma mulher com asas, como se fosse um anjo. — Eu quis fazer ela assim, porque agora mamãe mora no céu.

Não tinha palavras para descrever o quão orgulhoso e feliz eu estava pelo o meu filho, mesmo ele considerando a Mirelle sua mãe, ele ainda lembrava e amava a mãe dele. Suspirei com um sorriso e passei a mão no seu cabelo.

Franzi o cenho e apontei para o outro boneco, Noah me olhou com um sorriso sapeca.

— Esse aí é o meu futuro irmãozinho.

— Noah. — peguei a sua mão. — Você sabe que a Mirelle não tá grávida. — meu filho deu outro sorriso.

— Ainda não. — cantarolou junto com a Clara e deram risada se olhando.

Preferi não perguntar nada, esses vão deixar alguém doido uma hora ou outra.

— Filho, a gente tem que ir, Mirelle tá nos esperando. — ele me olhou com biquinho de iria me pedir alguma coisa. Então eu já me preparei mentalmente. — Fala logo Noah.  — soltei o ar enquanto revirava os olhos

Ele me deu um sorrisinho.

— Papai, será que a gente pode levar a Clara?. — olhei de canto de olho para o travesso que sorria abertamente. Enquanto Clara estava com os seus olhos em mim.

— Vocês vão ter que pedir ao Lucian e para a Mirelle. — os dois deram um pulo da cama e saíram do quarto, antes que eu dizer mais alguma coisa.

Então eu apenas peguei os desenhos, fiquei olhando um pouco antes de me levar. Sai do quarto e parei no corredor e foquei no final do corredor, onde ficava o quarto de Ezequiel. Que a essa altura já estava tudo revirado. Assim como o dos pais de Mirelle.

Decidi descer logo de vez, e me deparei com os meninos ajoelhados e pedido permissão para a Mirelle, que por sua vez estava massageando as têmporas. Ela deu um longo suspiro e inclinou a cabeça para trás.

— Meu Deus, ta bom. — falou finalmente. — Lucian, meu irmão, pega as coisas da Clara que tem aqui. Pelo amor de Deus, se não eu vou enlouquecer. — os meninos começaram a pular e sairam atrás de Lucian que negava com a cabeça.

Cheguei perto de Mirelle que tava de olho fechados . Parei atrás dela, deixei o desenho em uma mesinha logo ao lado, depois comecei a fazer uma massagem, no começo ela abriu os olhos para ver quem era, mas depois relaxou.

— Vamos para a casa dos seus pais, viu. — declarou com a voz baixa. — Não sei se tô com cabeça para ficar a sós com essas crianças. Não que eu vá fazer alguma coisa com elas, mas porque pode acontecer alguma coisa comigo.

Minha mãos pararam de fazer os movimentos, ela abriu os olhos de novo. Aquele olhar transmitia muitas coisas, e uma delas era a dor.

— Não se preocupe, estamos quase acabando. — me abaixei um pouco e dei um selinho nos seus lábios. Senti o gosto forte de bebida. — Quando estivemos em meu quarto, vou preparar um banho calmante para você. — sussurrei em seu ouvido. — Com direito a uma massagem. — sua respiração ficou um pouco descontrolada.

— Vou aceitar com muito prazer. — respondeu também no sussurro. A olhei de canto de olho, e a mesma estava encarando a minha boca.

Ouvimos o barulho de passos, me endireitei e logo os bagunceiros apareceu.

— Vamos crianças. — avoz de Mirelle parecia um pouco alegre, os meninos concordaram. — Amanhã nós iremos nos reunir antes da reunião do conselho. — deu uma boa olhada para o Théo. — Esteja pronto, eu conto com você. — virou para Lucian. — Com todos vocês.

Andou até o irmão e deu um abraço, e depois fez o mesmo com Théo. Saímos logo em seguida.










Um Coração Perdido ( Concluída, Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora