30 Dias para Sentir

Terceiro dia

P.O.V Freen

Depois de um longo dia cansativo, entro no meu apartamento sentindo um peso nos ombros, eu amava estar no palco cantando e me apresentando, mas não podia negar que era muito exaustivo. Assim que fecho a porta e encaro o violão que estava em cima do sofá,  automaticamente a fala de Becky ontem a noite me vem a cabeça "Se não fôssemos apenas colegas de trabalho, se não tivéssemos o “ship” dos fãs, se fôssemos apenas nós, sabe? Becky e Freen, sem rótulos, sem expectativas... apenas o que sentimos de verdade"
Essas palavras percorreram a minha cabeça o dia inteiro, nós precisávamos conversar, mas não hoje, hoje não tenho cabeça para mais nada, só precisava de um banho e minha cama. Então, decido enviar uma mensagem para Becky:

"Oi, Bec! Espero que seu dia tenha sido bom. Queria te ver, mas estou exausta. Precisamos descansar para amanhã. Fica bem, tá?"

Envio a mensagem e Becky logo responde:

"Entendo… Mas posso passar aí rapidinho? Só para te ver antes de dormir?"

Ao olhar a mensagem respiro profundamente, ela deve ter pensado sobre ontem tanto quanto eu, mas hoje eu realmente não consigo lidar com isso, então respondo finalizando:

"Melhor não, Bec. Sério, estou muito cansada. A gente se vê amanhã, tá?"

Desligo o telefone e me dirijo para tomar o meu banho. De repente, ouço batidas na porta. Meu corpo tenso se sobressalta, imaginando por um segundo que talvez seja Becky. Mas, quando abro, vejo Seng do outro lado, com um sorriso preocupado no rosto.

— Oi, Freen, tudo bem? — ele pergunta, entrando sem esperar pelo convite. Eu quase dou um passo para trás, surpresa pela sua presença inesperada.
— Oi, Seng… eu… não estava esperando você. — respondo, ainda tentando entender o que ele faz aqui, agora. (Ele olha ao redor, e percebo que ele notou minha expressão cansada)
- Olha, desculpa ter vindo esse horário, mas eu sabia que só poderia falar com você agora e preciso conversar com você pessoalmente. (Observo os olhos dele com atenção e me dou por vencida)
- Tudo bem, pode falar (coloco o violão que estava em cima do sofá ao lado e indico o assento para ele, me sentando ao seu lado em seguida)
- Você sabe que nós ficamos há um tempo, mas você nunca me deu uma resposta sincera sobre nada.
- Freen, você sabe o que sente, você só precisa admitir. — Ele diz, suas palavras penetrando fundo, como se tentasse alcançar algo que eu não estou pronta para mostrar
- Você está com medo. Medo de admitir que sente algo por mim. Você acha que isso é errado, por causa da Becky, ou por causa dos fãs… mas e quanto a nós? E quanto ao que realmente importa? (Ele coloca a mão no meu ombro, e eu sinto meu corpo ficar tenso com o toque)
- não sei, Seng. Eu não sei o que fazer, você está me confundindo. (Digo levemente frustrada, hoje definitivamente não era o dia para ter essa conversa)
— Freen, você sabe o que sente, você só precisa admitir. (A voz de Seng é suave, quase persuasiva)
— Você sabe que eu me importo com você, Freen… (A voz de Seng soa mais íntima e ele coloca as mãos nos meus ombros me olhando de forma intensa)

Porém, antes que qualquer coisa pudesse acontecer, ouço o barulho da porta e vejo Becky paralisada com uma expressão indescritível.

- Becky? (Digo e rapidamente percebo a situação que me encontrava e volto a mim empurrando Seng, levantando em um pulo para me dirigir até a pessoa que deu meia volta e começou a correr)
— Becky, espera! Não é o que você está pensando! (Grito novamente correndo atrás dela, mas totalmente em vão)
— Becky, por favor, espera! (Imploro com a voz carregada de desespero)

Ao chegar a rua vejo Becky entrando no carro e paro ao lado com as mãos no vidro:

— Becky, por favor, me deixa explicar… (Peço, batendo na janela do carro, minha voz sufocada pela emoção)