Segundo dia

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P.O.V. Becky

Acordo com um leve feixe de luz em meu rosto e abro os olhos calmamente, esperando encontrar Freen ao meu lado, mas vejo que ela já não está mais ali. Pego meu celular no criado-mudo e vejo uma mensagem dela: "Tive que sair cedo para trabalhar, mas não quis te acordar. Deixei o café da manhã preparado para você." Fico encarando a notificação por alguns segundos, e um sorriso involuntário se forma em meus lábios.
Freen tem esse jeito de cuidar de mim que sempre me desarma, mesmo nas pequenas coisas. Sinto meu coração aquecer com o gesto carinhoso dela. Levanto-me, tomo um banho rápido, me visto e desço para tomar o café que ela preparou. Está tudo tão bem arrumado que parece até cena de filme. Eu rio sozinha da situação, imaginando o quão boba devo parecer por ficar tão feliz com algo tão simples.
Depois de me alimentar, pego minhas coisas e sigo para o estúdio. Hoje tenho um projeto junto com P'Nam e P'Heng, mas, infelizmente, P'Freen não estará lá. Enquanto caminho até o set, não consigo parar de pensar no que aconteceu na noite anterior. Por que aquele maldito telefone tinha que tocar exatamente naquela hora? A sensação do "quase" ainda paira sobre mim, como uma brisa leve que não me deixa esquecer.
Sacudo a cabeça para afastar esses pensamentos.

- Se concentra, Becky (digo para mim mesma, tentando colocar minha cabeça no lugar. Preciso focar no trabalho hoje, mas é difícil... tão difícil)

De repente, sinto alguém se aproximando furtivamente. Antes que eu perceba, P'Nam se inclina ao meu lado, quase cochichando no meu ouvido:

- Endoidou? Está falando com quem? (Ela pergunta num tom de brincadeira, me pegando de surpresa.)

Eu pulo, assustada, e dou um tapa leve no braço dela.

- Vagabunda! Não chega perto desse jeito! (Reclamo, fingindo uma raiva que logo se dissolve em risos.)

P'Nam ri alto, e eu não consigo deixar de rir junto. Ela sempre consegue me fazer rir, mesmo nos dias mais complicados.

- Você que fala sozinha e a culpa é minha? (Ela responde, ainda rindo, enquanto eu faço uma careta de falso desdém.)

Antes que eu possa responder, P'Heng se aproxima, com aquele sorriso tranquilo de sempre, carregando uma garrafa de água na mão.

- Deixa a Becky em paz, Nam. (Ele fala com um ar de brincadeira, e Nam finge um bico, fazendo Heng rir.)

Eu reviro os olhos, mas estou agradecida por eles estarem aqui. Eles sempre conseguem me distrair e me trazer de volta à realidade quando minha cabeça está a mil.

- Tá bom, tá bom. Só estava checando se a Becky estava bem... (P'Nam diz, levantando as mãos em defesa.)

Eu dou de ombros, tentando parecer despreocupada.

- Só estava pensando em algumas coisas. Nada demais, não se preocupe. (Respondo, sem querer dar muitos detalhes, mas Heng parece perceber que há algo a mais.)

- Algo em especial? (Ele pergunta, inclinando a cabeça de lado, como se tentasse ler meus pensamentos.)

- Nah, nada que valha a pena comentar. (Dou um sorriso tímido, mas o olhar de Heng permanece atento, como se estivesse tentando desvendar o que está realmente passando pela minha cabeça.)

P'Nam então muda de assunto, começando a falar sobre o projeto do dia, e eu me concentro na conversa, tentando esquecer um pouco o que está me perturbando. Mas, de vez em quando, minha mente retorna à noite anterior, ao olhar de Freen, ao toque de sua mão na minha, e me pergunto o que virá a seguir...

A entrevista sobre a IdolFactory começa, e eu me esforço para deixar meus pensamentos em ordem. O entrevistador faz perguntas sobre nossos projetos futuros, sobre a experiência de trabalhar na empresa, e eu mantenho o sorriso no rosto, respondendo com a energia e o entusiasmo esperados de mim. Afinal, essa é uma parte importante do nosso trabalho — mostrar o quanto amamos o que fazemos e o quanto acreditamos na nossa equipe.
P'Nam está ao meu lado, sempre espirituosa, fazendo piadas e arrancando risos de todos na sala. Heng, como sempre, é o equilíbrio, respondendo com serenidade e pontuando as falas com insights mais profundos sobre nossa trajetória na empresa. Eu os acompanho, acrescentando alguns comentários aqui e ali, mas hoje, parece que minha mente está dividida.
As luzes das câmeras, os flashes, os sorrisos — tudo está um pouco embaçado, como se eu estivesse assistindo à cena de fora. A entrevista prossegue, mas o tempo todo sinto um leve aperto no peito, uma ansiedade que não consigo afastar completamente. Tento me concentrar, ser a Becky que todos esperam que eu seja: animada, cheia de energia, sempre sorrindo.
Ainda assim, em meio às respostas ensaiadas e às piadas bem-humoradas, percebo que P'Nam e Heng trocam olhares entre si. Eles me conhecem bem, sabem como é o meu comportamento habitual. Então, quando finalmente terminamos a entrevista e os jornalistas começam a sair da sala, os dois se aproximam imediatamente, a preocupação estampada em seus rostos.
P'Nam, sempre a primeira a falar, coloca a mão em meu ombro e me olha diretamente nos olhos.

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