Capítulo 7: A Fera Interior

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A missão daquele dia era clara: a turma de Bakugou deveria caçar um vilão que estava se escondendo nas profundezas da floresta. Era um treinamento avançado, organizado pela U.A., e os alunos estavam empolgados. A ideia era usar o ambiente natural para simular uma situação real, e todos sabiam que o vilão designado era um adversário perigoso. Ele se escondia com habilidades furtivas, tornando a captura mais complicada.

Bakugou estava focado como sempre, mas dessa vez, seus olhos frequentemente se voltavam para [Nome], que estava a alguns metros de distância, se movendo com a graça e precisão que seu Quirk de leopardo proporcionava. [Nome] estava mais alerta que o normal, e Bakugou notou isso. Não era incomum que [Nome] agisse assim em missões na floresta, onde seus instintos se aguçavam. Ainda assim, havia algo diferente. Algo no ar que parecia um presságio.

Os alunos avançaram, formando pequenos grupos para cobrir mais terreno. Bakugou, Kirishima, [Nome] e Mina formavam uma equipe, enquanto Kaminari e Sero estavam mais à frente. A floresta estava densa e silenciosa, exceto pelo som ocasional de folhas se movendo com o vento.

"[Nome], você está bem?" Bakugou perguntou enquanto avançavam.

"Estou... só sentindo algo estranho," [Nome] respondeu, sem tirar os olhos do caminho à frente. "Essa floresta mexe com meus instintos de forma diferente. Sinto como se... algo estivesse me puxando."

"Não se preocupe, temos isso sob controle," Kirishima comentou, tentando aliviar o clima. "Só precisamos ficar atentos ao vilão."

Os minutos se arrastavam, e quanto mais profundo o grupo avançava na floresta, mais a tensão crescia. Bakugou notou que [Nome] estava mais inquieto, seu corpo parecia tenso, os músculos prontos para atacar a qualquer momento. Ele o conhecia bem o suficiente para saber que isso não era um bom sinal. E antes que pudesse fazer qualquer coisa, algo no ar mudou.

Um som agudo cortou o silêncio. Kaminari, que estava à frente com Sero, gritou um alerta, e todos começaram a se mover na direção do som. O vilão havia sido localizado, escondido atrás de uma barreira de rochas e vegetação. Mas, enquanto os outros alunos corriam para conter a ameaça, Bakugou parou.

[Nome] estava imóvel, os olhos arregalados e dilatados, focados em algo distante na mata.

"[Nome]?" Bakugou perguntou, sua voz carregada de preocupação.

[Nome] não respondeu. Seu corpo tremeu ligeiramente, e Bakugou viu os dentes dele se arreganharem, suas garras começando a aparecer. Era como se a transformação estivesse começando a tomar conta.

"Ei, acorda!" Bakugou avançou, segurando o braço de [Nome] com firmeza.

Mas antes que ele pudesse impedir, [Nome] disparou na direção oposta ao vilão, correndo a uma velocidade impressionante. Bakugou xingou baixinho, soltando uma explosão leve no chão para impulsioná-lo e segui-lo.

Quando finalmente o alcançou, a cena à sua frente era... brutal.

No meio de uma pequena clareira, [Nome] estava agachado sobre o corpo de um cervo, seus dentes cravados profundamente na carne do animal. O sangue escorria pela boca e garras de [Nome], e seus olhos... estavam completamente selvagens. Ele não era mais o [Nome] que Bakugou conhecia - era uma fera, dominada por seus instintos mais primordiais.

"Merda..." Bakugou murmurou, a mente correndo para encontrar uma solução. Ele sabia que o Quirk de [Nome] o tornava poderoso, mas também perigoso quando os instintos tomavam o controle. E agora, ele estava fora de si.

Bakugou se aproximou com cautela, mantendo a voz baixa e firme. "Ei, [Nome]... você precisa voltar. Isso não é você."

[Nome] levantou a cabeça, rosnando, seus olhos felinos fixos em Bakugou. Não havia reconhecimento ali, apenas fome e selvageria. Ele avançou lentamente em direção a Bakugou, os músculos tensionados, pronto para atacar.

Bakugou sabia que tinha que agir rápido, mas não queria machucá-lo. "Droga, [Nome], acorda!"

Ele explodiu uma pequena carga no chão, criando uma nuvem de poeira que o fez recuar alguns passos, enquanto pensava em como derrubar [Nome] sem causar um dano permanente. Mas, antes que pudesse bolar um plano, [Nome] saltou sobre ele.

Os dois caíram no chão com força, e Bakugou mal conseguiu bloquear as garras de [Nome] com o antebraço. A dor irradiou pelo seu corpo, mas ele aguentou. Sabia que [Nome] não estava no controle e não podia machucá-lo de verdade.

"Se eu tiver que te nocautear, eu vou fazer!" Bakugou gritou, tentando segurar a fera que agora era seu companheiro. Ele liberou uma explosão controlada para afastá-lo, mas o instinto de [Nome] era mais rápido, desviando o ataque e voltando a avançar.

Bakugou, já irritado e sentindo o peso da situação, preparou uma explosão maior, mas foi quando algo nos olhos de [Nome] vacilou. Por um breve momento, Bakugou viu o verdadeiro [Nome] retornar, como se lutasse contra a fera dentro de si.

"[Nome], volta!" Bakugou gritou com toda a sua força, dessa vez com um tom mais desesperado.

[Nome] hesitou, os músculos tensos relaxando por um segundo, o suficiente para Bakugou dar um passo à frente e segurar seu rosto com as duas mãos.

"Eu sei que você tá aí, idiota. Volta pra mim."

O toque e as palavras de Bakugou pareceram romper o transe. Os olhos de [Nome] lentamente voltaram ao normal, e ele caiu de joelhos, ofegante, com o sangue do cervo ainda em suas mãos e lábios.

"Eu... o que eu fiz?" [Nome] perguntou, sua voz falhando enquanto olhava para o animal morto à sua frente.

Bakugou o soltou, mas permaneceu ao lado, pronto para ampará-lo. "Você perdeu o controle. Mas tá tudo bem agora."

[Nome] se afastou, envergonhado, limpando o sangue da boca com a manga. "Eu... não sabia que podia ficar tão... fora de mim assim."

Bakugou suspirou, sentindo o alívio tomar conta. "Todos nós temos nossos momentos de fraqueza. O importante é que você voltou antes de algo pior acontecer."

Eles ficaram ali por alguns momentos, em silêncio, até que Bakugou se levantou e estendeu a mão para [Nome].

"Vamos voltar. Ainda temos um vilão pra capturar, e eu não vou deixar você perder essa luta também."

[Nome] olhou para Bakugou, aceitando sua mão e se levantando. Apesar do cansaço, ele sorriu, um sorriso que, para Bakugou, valia mais que qualquer vitória no campo de batalha.

"Obrigado," [Nome] murmurou, sua voz suave, mas sincera.

"E para de me fazer correr atrás de você," Bakugou resmungou, virando-se para a floresta. "Da próxima vez, eu te explodo direto, sem hesitar."

Chamas Ocultas - Katsuki Bakugou X [Nome]Onde histórias criam vida. Descubra agora