Capítulo 10: O Fardo do Controle

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A tensão no ar era palpável enquanto a turma caminhava de volta para as cabanas. Bakugou e os outros se mantinham em silêncio, conscientes de que o que [Nome] havia enfrentado naquela noite ia além do físico. Eles sabiam que ele estava lutando contra algo muito mais profundo, algo que a maioria deles não conseguiria compreender totalmente.

[Nome] caminhava com a cabeça baixa, o peso do mundo sobre seus ombros. Suas roupas estavam manchadas de sangue, lembranças da noite anterior ainda frescas em sua mente. A cada passo, ele sentia o olhar dos outros sobre si, mas o silêncio deles era insuportável.

Quando chegaram às cabanas, o vilão ainda estava amarrado e sob vigilância. Kaminari, que havia ficado de guarda com os outros, deu uma olhada preocupada para [Nome] antes de se virar para Bakugou.

"O que aconteceu com ele?" Kaminari perguntou, mas o olhar de Bakugou foi suficiente para calá-lo.

"Não é da sua conta," Bakugou resmungou, ajudando [Nome] a sentar em um dos bancos do lado de fora. "Deem um tempo pra ele."

A turma se dispersou, mas Bakugou ficou ao lado de [Nome], observando-o com uma expressão que misturava frustração e preocupação. Ele sabia que não podia forçar [Nome] a falar, mas ao mesmo tempo, ele queria que o amigo soubesse que ele estava ali, disposto a escutar.

"Você precisa falar sobre isso," Bakugou disse, sua voz mais suave do que o normal. "O que aconteceu ontem... não foi sua culpa."

[Nome] suspirou profundamente, sem erguer os olhos. "Não foi só ontem, Bakugou. Você sabe disso."

Bakugou ficou em silêncio, dando espaço para [Nome] continuar.

"Eu... eu sabia que estava ficando mais difícil controlar meu Quirk. Mas ontem... foi diferente. Eu senti como se algo dentro de mim estivesse rompendo uma barreira, como se... como se eu estivesse perdendo a parte que me faz humano." Ele fechou os olhos, a dor evidente em sua voz. "E se isso acontecer de novo? E se, da próxima vez, eu não conseguir parar?"

Bakugou apertou os punhos, sua frustração crescendo. Ele odiava ver [Nome] assim, tão abatido. "Você não está sozinho nessa, idiota. Não precisa carregar esse fardo sozinho."

[Nome] finalmente levantou os olhos, encontrando os de Bakugou. "Mas eu sinto que estou sozinho. Esse Quirk... ele não é como o seu, não é como o de ninguém. Ele é... perigoso. E você viu o que aconteceu na floresta. Eu quase machuquei você. E se da próxima vez eu machucar alguém de verdade?"

Bakugou soltou um suspiro pesado, sentindo a frustração borbulhar dentro de si. Ele sabia que, por mais que quisesse, não podia simplesmente resolver o problema de [Nome]. Mas isso não significava que ele não poderia estar lá, mesmo que fosse apenas para dar apoio.

"Você acha que é o único com um Quirk que pode machucar os outros?" Bakugou disse, sua voz endurecendo um pouco. "Todos nós temos nossos limites. Todos nós lutamos contra alguma coisa. Você não é diferente."

[Nome] olhou para Bakugou, surpreso com a honestidade em suas palavras.

"Eu... já perdi o controle também," Bakugou continuou, sua voz um pouco mais baixa agora. "Já machuquei pessoas que eu não queria machucar. Mas o que importa é o que você faz depois. Você luta pra não deixar isso te definir."

[Nome] ficou em silêncio por um longo momento, as palavras de Bakugou pesando sobre ele. Ele sempre viu Bakugou como alguém inabalável, alguém que nunca deixava as emoções transparecerem. Mas ali, naqueles momentos de honestidade, ele viu algo mais profundo em Bakugou - uma vulnerabilidade que ele nunca tinha percebido antes.

Antes que [Nome] pudesse responder, Kirishima apareceu, aproximando-se com cautela. "Ei, pessoal... a gente precisa conversar sobre o que aconteceu ontem à noite."

Bakugou lançou um olhar irritado, mas Kirishima levantou as mãos em rendição. "Calma, eu não vim incomodar. Só acho que precisamos entender o que está acontecendo com [Nome] pra poder ajudar melhor."

[Nome] abaixou a cabeça novamente, mas dessa vez foi Bakugou quem falou por ele. "Não é da sua conta o que ele tá passando, Kirishima. Nós vamos resolver isso."

Kirishima cruzou os braços, sua expressão suave mas determinada. "Nós somos uma equipe, Bakugou. Isso significa que, se um de nós estiver com problemas, todos nós temos que ajudar. Você sabe disso."

Bakugou resmungou algo inaudível, mas no fundo sabia que Kirishima estava certo.

"Eu... sinto muito por ter preocupado vocês," [Nome] disse, sua voz baixa. "Mas eu não sei se estou pronto pra falar sobre isso agora."

Kirishima assentiu compreensivamente. "Tudo bem, mano. Só quero que você saiba que estamos aqui, se precisar."

[Nome] assentiu, apreciando o apoio, mesmo que as palavras ainda pesassem sobre ele. Ele sabia que aquela luta interna não seria resolvida de um dia para o outro, e o medo do que poderia acontecer ainda o assombrava.

Mas, pela primeira vez, ele começou a acreditar que, talvez, com Bakugou e os outros ao seu lado, ele pudesse encontrar uma maneira de controlar o que havia dentro de si.

E enquanto o sol subia no céu, espalhando sua luz sobre a floresta, ele sentiu um pequeno raio de esperança atravessar a escuridão que havia dentro de si.

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Enquanto a manhã avançava, os professores chegaram à área de treinamento e começaram a fazer perguntas sobre o que havia acontecido com o vilão e com os alunos. [Nome] sabia que teria que enfrentar mais explicações, mas ao menos, por enquanto, ele tinha algo que não tinha antes: a certeza de que não precisaria enfrentar isso sozinho.

Bakugou, sempre ao seu lado, lançou um olhar determinado em sua direção. "Não importa o que aconteça... a gente vai resolver isso. Juntos."

E pela primeira vez em muito tempo, [Nome] acreditou que isso fosse verdade.

Chamas Ocultas - Katsuki Bakugou X [Nome]Onde histórias criam vida. Descubra agora