Capítulo 1: Ritual

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A luz da lua filtrava-se através das cortinas pesadas, lançando sombras dançantes nas paredes do quarto de Sakura. Ela estava sentada no chão, rodeada por velas acesas que tremulavam e criavam um ambiente quase místico. Em suas mãos, um livro antigo, com páginas amareladas e desgastadas, prometia segredos profundos e poderosos.

A leitura daquele grimório a fascinava. As palavras que descreviam o ritual de invocação a Satanás pareciam vibrar com uma energia própria. A ideia de se conectar com algo além do mundo material a atraía como uma mariposa à luz. Porém, no fundo, uma voz sussurrava que era uma empreitada perigosa.

Com um misto de determinação e nervosismo, Sakura começou a preparar o espaço. Desenhou símbolos estranhos no chão com giz, formando um círculo perfeito. Cada linha parecia pulsar com uma energia que ela não conseguia compreender completamente. As velas foram posicionadas em pontos estratégicos, e ela acendeu cada uma delas com cuidado, observando as chamas dançarem como se estivessem vivas.

Quando tudo estava pronto, ela fechou os olhos e respirou fundo, preparando-se para recitar as palavras do ritual. A voz trêmula ecoou em sua mente enquanto pronunciava as invocações, cada sílaba carregada de esperança e medo. O ar ao seu redor parecia mudar; uma tensão palpável preenchia o espaço.

Mas conforme os minutos se passavam, nada acontecia. O silêncio tomou conta do quarto, interrompido apenas pelo som das velas crepitando. Sakura abriu os olhos lentamente, a frustração começando a subir como um veneno em suas veias. Ela olhou para o círculo desenhado no chão e para as velas ainda queimando - nada havia mudado.

"É claro que não ia dar certo," pensou consigo mesma, um misto de desânimo e raiva crescendo dentro dela. Por um momento, desejou ter acreditado mais na possibilidade do sobrenatural. Essa frustração era um eco da sua própria insegurança; talvez ela estivesse buscando por algo que não existia.

Levantou-se do chão com um suspiro pesado e apagou as velas uma a uma, cada chama extinta representando não apenas a falha do ritual, mas também a dissipação de suas esperanças naquele momento obscuro. No fundo do seu coração, ela sabia que estava buscando algo fora de si mesma para preencher um vazio que só poderia ser resolvido internamente.

Sakura guardou o livro em uma prateleira alta, longe dos seus olhos por enquanto. A visão daquelas páginas amareladas agora parecia mais como um lembrete do que poderia ter sido do que como um guia para o futuro. Ela se afastou da mesa, sentindo-se mais leve e ao mesmo tempo mais sozinha.

Naquela noite silenciosa e vazia, Sakura percebeu que o verdadeiro poder estava em sua própria determinação - mesmo que tivesse falhado na invocação. E embora tivesse deixado o ritual para trás por enquanto, a busca por algo maior continuaria em seu coração inquieto.

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