Jennifer estava sentada na beirada da cama quando recebeu a ligação que mudou sua vida para sempre. A voz calma e profissional da enfermeira soava distante, como se falasse através de uma camada espessa de névoa, enquanto trazia a notícia que Jennifer sempre temeu, mas nunca se preparou para ouvir.
— Sua mãe faleceu esta manhã, senhorita Park. Sentimos muito...
Essas palavras penetraram lentamente na mente de Jennifer, como se estivessem em câmera lenta. Ela ouviu, mas seu corpo e coração não conseguiam processar. Sua mãe, aquela mulher forte que enfrentou tantos desafios, não estava mais ali. Ela havia perdido a batalha contra o câncer.
Jennifer ficou ali, segurando o telefone, os olhos fixos em um ponto vago da parede. A voz da enfermeira continuava a falar, explicando os procedimentos e pedindo que ela fosse ao hospital. A jovem apenas respondeu com um murmúrio, sem entender completamente o que dizia. Quando finalmente desligou o celular, o silêncio da pequena casa se tornou insuportável.
Foi como se a ficha começasse a cair lentamente. O vazio que sempre temia estava ali. O coração de Jennifer parecia ter sido arrancado de seu peito. Uma dor esmagadora a tomou, e, pela primeira vez, ela gritou. Um grito profundo, carregado de angústia e dor, que ecoou pelas paredes da casa. Ela chorava como nunca havia chorado antes, as lágrimas caindo livremente, molhando seu rosto, pescoço e a blusa simples que vestia.
As memórias de sua mãe passaram como um filme diante de seus olhos. Momentos felizes que agora pareciam tão distantes, mas que ao mesmo tempo traziam um calor reconfortante. Jennifer se lembrou da primeira vez que ela e sua mãe foram juntas ao shopping, do quanto riram assistindo um filme e de como lancharam e compraram algumas coisas simples, mas que, na época, significaram tanto. Recordou-se das idas ao Maracanã para assistir aos jogos do Flamengo, gritando e vibrando junto com sua mãe nas arquibancadas. E o aniversário de 15 anos, quando Michele chegou em casa com um notebook parcelado em seis vezes, mas que pagou religiosamente, só para ver o sorriso da filha.
A dor aumentava a cada lembrança, e Jennifer sentia como se estivesse sendo engolida por um abismo escuro. Ela se levantou da cama, cambaleando até o banheiro. Precisava lavar o rosto, tentar se recompor, mesmo que só um pouco. Ainda estava em choque, mas sabia que precisava ir ao hospital. Não havia mais tempo para negar a realidade. Sua mãe se foi, e agora ela estava sozinha no mundo.
Pagou um mototáxi para chegar ao hospital o mais rápido possível. Não havia razão para economizar agora. A viagem pareceu durar uma eternidade, e o barulho da cidade ao redor era um contraste cruel com a dor silenciosa que ela carregava no peito. Quando finalmente chegou, pagou o motoboy e avistou Haesoo descendo de um táxi.
"Ele... está aqui?", pensou, sem entender completamente por que ele tinha vindo. Jennifer não sabia se deveria se sentir aliviada ou incomodada. Ela estava tão acostumada a ser a única responsável pela sua mãe que a presença de outra pessoa — especialmente aquele homem, que mal conhecia — parecia deslocada. No entanto, antes que pudesse reagir, Haesoo a viu. Ele notou o olhar desamparado de Jennifer e, sem dizer uma palavra, a abraçou.
No início, Jennifer ficou rígida. Não sabia como reagir. Aquele homem era um estranho para ela, mesmo sendo seu pai biológico. Mas o calor do abraço de Haesoo começou a penetrar na barreira emocional que ela erguera em torno de si. E foi como se, naquele momento, algo dentro dela se quebrasse de vez. Ela se permitiu chorar novamente, agora nos braços daquele homem que, mesmo sem palavras, estava lá para ela.
Ela o abraçou de volta, seus braços apertando o corpo dele enquanto soluçava. Por mais que quisesse afastá-lo, naquele momento, precisava de alguém. Qualquer pessoa. E Haesoo estava ali.
O pai de Jennifer a ajudou a lidar com toda a burocracia no hospital. Ele, com a ajuda de alguém que falava inglês, cuidou de todos os papéis. Jennifer apenas assinava, quase como um autômato, sem energia para protestar ou fazer perguntas. A realidade parecia irreal, como se estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar.

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Conexão de Irmãs
FanfictionRoseanne Park e Jennifer Park, recém-descobertas irmãs, precisam aprender a lidar com suas diferenças. Enquanto enfrentam desafios e conflitos, elas descobrem que têm muito mais em comum do que jamais imaginaram.