CHEGADA

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A noite de Rosé foi difícil, e não seria exagero dizer que ela mal pregou os olhos. Seu coração estava cheio de incertezas, uma mistura de emoções que ela não conseguia controlar. O silêncio do quarto parecia amplificar os pensamentos que corriam por sua mente, criando uma tormenta interna que a impedia de descansar. Rosé se revirava na cama, pensando em Jennifer. Quem era ela? Será que era uma boa pessoa? Será que elas se dariam bem? Ou haveria um abismo intransponível entre elas, resultado dos diferentes mundos em que viveram?

As perguntas a consumiam, e o medo de que Jennifer fosse alguém distante e difícil a fazia sentir uma pontada de ansiedade no peito. E se Jennifer não gostasse dela? Pior ainda, e se ela mesma não gostasse de Jennifer? Como seria viver sob o mesmo teto com uma estranha que, de repente, se tornava sua irmã? Essa era a realidade que Rosé agora enfrentava, e quanto mais pensava nisso, mais difícil parecia encontrar qualquer resposta satisfatória.

Depois de horas inquieta na cama, ela decidiu se levantar. O sono não viria tão cedo, então talvez fosse melhor ocupar sua mente com algo que a acalmasse. Rosé sempre encontrava conforto no desenho. Desde pequena, quando os sentimentos eram difíceis de entender, ela pegava seu lápis e transformava a confusão em linhas e formas. Era o único lugar onde conseguia se perder, onde os pensamentos paravam e ela podia simplesmente existir.

Com o lápis em uma mão e os fones de ouvido na outra, Rosé se sentou em sua mesa. O som suave de música preenchia seus ouvidos, criando uma barreira entre ela e o mundo exterior. Ali, no papel, ela podia controlar o que surgia. Podia desenhar paisagens que nunca visitara, rostos que nunca conhecera, e, por um momento, a confusão em sua cabeça desaparecia. Ela entrou naquele estado de fluxo em que tudo ao redor se dissipava, e o único som que restava era o suave arranhar do lápis sobre o papel.

Horas se passaram, e o cansaço finalmente a venceu. Rosé adormeceu sobre a mesa, seus desenhos espalhados ao redor, traços de uma mente inquieta buscando algum tipo de paz.

Quando Hanee entrou no quarto, o sol da manhã já começava a iluminar suavemente o espaço. Ela havia batido na porta repetidamente, mas não obteve resposta. Preocupada, girou a maçaneta e entrou silenciosamente. O que viu a fez sorrir levemente. Rosé estava encolhida na cama, que algum momento se deitou, ela tinha algumas olheiras que sugeria que dormiu a pouco tempo. Sua filha, mesmo em seu sono, parecia carregar o peso de algo muito maior do que sua idade sugeria.

Hanee se aproximou devagar e sentou-se ao lado dela, passando a mão pelos cabelos de Rosé com delicadeza. Sua mente voltou ao momento em que contara sobre Jennifer. Ela sabia o quanto a notícia havia abalado Rosé. O choque, a confusão e até a sensação de traição que transpareciam no rosto de sua filha. Hanee entendia, mas também sabia que, com o tempo, as coisas poderiam se ajeitar. Jennifer não era uma ameaça, ela era apenas uma menina perdida, assim como Rosé, tentando encontrar seu lugar em um mundo novo.

— Rosie... — Hanee sussurrou, tentando despertar a filha de forma gentil. Após algumas carícias, Rosé começou a abrir os olhos devagar, piscando contra a luz do sol que agora banhava o quarto. — Seu pai e Jennifer pousaram. Eles estarão aqui em uma hora.

Essas palavras tiraram o restante do sono de Rosé de uma vez. Seu coração deu um salto. Jennifer estava a caminho. O que antes parecia uma ideia distante, algo que ela ainda poderia processar lentamente, agora era uma realidade iminente. Ela conheceria sua irmã em uma hora. Apenas uma hora.

— Mãe... — Rosé sussurrou, ainda meio atordoada. — Você acha que eu vou me dar bem com ela?

Hanee sorriu com ternura e acariciou o rosto de Rosé.

— Eu sei que vai. Você é uma boa menina, e Jennifer também é, de acordo com o que seu pai contou. Dê uma chance a ela, e as coisas vão se ajeitar

Conexão de IrmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora