CONFLITOS

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Era uma tarde quente de sábado, e Seul estava banhada pelo sol de outono. Na pequena lanchonete de esquina, Rosé, Jisoo, Momo e Gabriela ocupavam uma mesa perto da janela, onde a luz suave iluminava seus rostos. As conversas eram sempre animadas entre elas, especialmente nos fins de semana, quando aproveitavam o tempo livre para colocar as fofocas e assuntos em dia.

Gabriela Dalcin, a intercambista brasileira, que havia chegado há poucos meses, rapidamente se adaptou ao grupo. Diferente de Rosé, Jisoo e Momo, que vinham de famílias abastadas, Gabriela lutou muito para conquistar a bolsa de estudos que a trouxe para a Coreia. Apesar dessa diferença, Rosé a tratava com o mesmo respeito que dedicava a todos. Seus pais sempre a ensinaram a valorizar as pessoas pelo caráter, não pelo status. Afinal, seu pai, Park Haesoo, havia nascido em uma família pobre antes de se tornar um dos grandes magnatas da Coreia do Sul. Essa humildade passada de geração em geração era algo que Rosé preservava com orgulho.

As risadas ecoavam no ambiente, enquanto Momo revirava os olhos em resposta às provocações de Jisoo sobre o interesse de um colega de classe por ela.

— Ele claramente gosta de você, Momo! — Jisoo brincava, sorrindo.

— Ah, deixa de bobagem, Jisoo! — Momo replicou, tentando não corar. — Ele só está sendo amigável.

— "Amigável"? — Gabriela riu, sacudindo a cabeça. — Ele quase se joga no seu colo, Momo. Amizade assim é um pouco demais, não acha?

— Eu nunca percebi... — Momo murmurou, ainda corada, o que fez as outras rirem mais ainda.

Rosé, porém, estava visivelmente distante. Ela tentava acompanhar a conversa, mas sua mente estava em outro lugar. Algo a incomodava profundamente. Nas últimas semanas, sua mãe, Lee Hanee, estava estranha, sempre parecendo à beira de uma revelação, mas nunca realmente dizendo o que estava em sua mente. E havia também a questão de seu pai, que havia viajado ao Brasil e não retornara ainda, nem sequer ligara para ela.

— Rose? — A voz de Jisoo a trouxe de volta para o presente. — Você está bem? Parece preocupada.

Rosé suspirou e olhou para suas amigas. Ela se sentia confortável o suficiente com elas para compartilhar o que a incomodava, mas não queria sobrecarregá-las com suas preocupações familiares. Ainda assim, era difícil manter tudo isso apenas para si.

— Eu não sei... — Ela começou, hesitante. — Minha mãe está estranha ultimamente. Parece que ela quer me contar alguma coisa, mas nunca diz nada. E meu pai foi ao Brasil há mais de uma semana e não voltou ainda. Ele nem ligou para mim. Não sei, estou preocupada.

Gabriela, que também vinha do Brasil, endireitou-se na cadeira, compreendendo a tensão de Rosé.

— Você acha que aconteceu algo com ele? — Gabriela perguntou, suavemente.

— Eu espero que não. Mas... — Rosé hesitou, mordendo o lábio inferior. — Algo me diz que tem algo errado. Minha mãe anda muito aflita, e meu pai não é de desaparecer assim.

— CEO's viajam o tempo todo. — Momo tentou tranquilizá-la. — Provavelmente ele está preso em reuniões, e você sabe como essas coisas podem demorar.

Rosé forçou um sorriso, tentando se agarrar àquela explicação lógica. No entanto, por mais que suas amigas tentassem acalmá-la, a sensação de que algo maior estava acontecendo era inegável.

— É, você está certa. — Rosé murmurou, mas internamente sabia que não era só isso. Seu pai sempre fazia questão de ligar, não importa o quão ocupado estivesse. O silêncio prolongado era incomum, e isso só aumentava suas preocupações.

Conexão de IrmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora