COMPRAS

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Jenny acordou lentamente, piscando os olhos enquanto se acostumava com a luz suave que penetrava as cortinas do quarto. O fuso horário ainda estava mexendo com seu corpo; doze horas de diferença entre o Brasil e a Coreia do Sul não era algo fácil de ajustar em tão pouco tempo. Já estava na nova casa há um dia, e se sentia aliviada por ter sido tão bem recebida pela sua nova família. Mesmo assim, havia uma mistura de emoções, uma parte de si que ainda se agarrava ao seu lar no Brasil.

Ela se sentou na cama e olhou para a pequena cômoda ao lado. Sobre ela, estava a foto de sua mãe, Michele, sorrindo com aquele olhar amoroso que sempre acalmava Jenny nos momentos mais difíceis. Pegando a moldura nas mãos, Jenny passou os dedos suavemente pelo vidro, como se pudesse sentir a presença da mãe ali com ela.

— Vai ficar tudo bem, mãe. Eles estão cuidando de mim — murmurou, dando um leve sorriso para a foto. — Não precisa se preocupar. Eu tô com saudades, mas parece que vou ser bem tratada aqui. Prometo que vou ficar bem.

Ela deu um beijo na moldura, sentindo um aperto no coração ao pensar na distância que as separava.

— Te amo, mãe.

Depois de um suspiro profundo, Jenny colocou a foto de volta na cômoda e se levantou. Caminhou até o banheiro para fazer suas higienes matinais. O banho quente ajudou a despertar seus sentidos e, aos poucos, ela começou a sentir que seu corpo estava se ajustando à nova rotina.

Ela escolheu uma roupa confortável, tipicamente brasileira. Vestiu um short de tecido mole, que ia até o meio de suas coxas, e uma regata branca. Por baixo, um top esportivo que costumava usar no dia a dia. Era simples, mas familiar. Um pedaço de casa que ela carregava consigo. Ao se olhar no espelho, ela sentiu-se bem com a escolha — afinal, ainda estava se adaptando ao novo estilo de vida coreano.

Descendo as escadas, ela rezou para não se perder na enorme casa que agora chamava de lar. Seus pés descalços faziam eco no piso frio enquanto ela tentava lembrar o caminho até a cozinha. Ao chegar, viu que todos já estavam sentados à mesa. Ela sentiu um leve rubor subir pelo rosto, envergonhada por ser a última a chegar.

— Me desculpem pelo atraso... — disse, constrangida.

Hanee, sua madrasta, sorriu gentilmente.

— Não se preocupe, Jenny. Sabemos que o fuso horário é difícil de ajustar. Doze horas de diferença não é fácil.

Jenny assentiu, ainda um pouco sem graça, mas aliviada por ver que eles compreendiam.

Ela se sentou à mesa, olhando para a vasta seleção de alimentos que estavam disponíveis. Não sabia o que escolher, pois tudo parecia muito diferente do que estava acostumada. Pegou um pão e, vendo a geleia de morango mais próxima, passou um pouco sobre a fatia antes de começar a comer. O silêncio confortável da manhã foi quebrado quando Hanee se voltou para ela com um sorriso gentil.

— Como foi sua primeira noite aqui? — perguntou, com um tom que mostrava genuíno interesse.

Jenny deu um sorriso, tentando esconder a saudade que a impediu de dormir mais cedo.

— Foi boa. Faz tempo que não durmo tão bem assim — respondeu, tentando soar sincera. Na realidade, a lembrança de sua mãe e a sensação de estar em um lugar completamente novo fizeram seu sono demorar a chegar.

O café da manhã seguia tranquilamente até que Haesoo, o pai de Jenny, limpou a garganta, chamando a atenção de todos.

— Jenny, estava pensando em matricular você na mesma escola que a Rosé. Acho que seria bom para você se adaptar, e a Rosé pode ajudar nisso.

Jenny sorriu ao ouvir isso. Estudar em uma boa escola era um alívio, mas, ao mesmo tempo, sentia um pequeno peso no peito por não saber como seria sua adaptação.

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