#01

5 1 0
                                    

O primeiro dia de aula no terceiro ano do ensino médio sempre parecia uma mistura de nervosismo e rotina. Para Seung-kwan, era só mais um dia comum no colégio, com as mesmas caras e os mesmos desafios: a eterna sensação de que, ali, ele era um estranho. Enquanto seus colegas falavam sobre os planos de faculdade e viagens, ele pensava em como esconder uma parte importante de si.

Seung-kwan atravessou o corredor movimentado, com seu sorriso carismático de sempre, acenando para alguns amigos, mas mantendo o olhar atento, sempre vigilante. Ele sabia que, a qualquer momento, um comentário maldoso ou uma risada disfarçada poderia surgir por trás das costas.

Chegando à sala de aula, ele viu algo diferente naquele ano. Dois alunos novos, sentados lado a lado. Um deles era Vernon, com um olhar sério, concentrado em um livro de matemática. O outro, Chan, mais inquieto, mexendo nervosamente no celular. Seung-kwan nunca tinha visto os dois antes e, embora sua primeira reação fosse apenas sentar-se no fundo e ignorar, algo o fez mudar de ideia.

“Posso sentar aqui?” perguntou Seung-kwan, casualmente, apontando para a cadeira ao lado de Chan.

Chan olhou surpreso, mas sorriu timidamente. "Claro, pode sim."

Vernon levantou os olhos brevemente do livro e deu um aceno rápido, sem muito entusiasmo. Seung-kwan percebeu que Vernon era o tipo de cara que preferia manter distância das pessoas, mas isso só o deixou mais curioso.

Durante a aula, Seung-kwan tentou puxar conversa. Primeiro com Chan, que aos poucos começou a relaxar, rindo das piadas que Seung-kwan soltava sobre os professores. Vernon, por outro lado, se manteve fechado, como se quisesse se concentrar apenas no que estava à sua frente.

No entanto, foi na aula de física, alguns dias depois, que tudo começou a mudar. O professor formou grupos para um projeto, e por obra do destino, Seung-kwan, Vernon e Chan foram colocados juntos. Combinando de se encontrarem na casa de Chan para começar o trabalho, Seung-kwan não sabia que aquela tarde mudaria suas vidas.

Naquela tarde, o clima era leve. Eles riam enquanto tentavam resolver os problemas de física, mas o assunto logo desviou para outras coisas: filmes, música e histórias engraçadas. Seung-kwan descobriu que Chan adorava séries de ficção científica e Vernon era fascinado por astronomia. Ele gostou de como, apesar de Vernon ser mais reservado, quando falava sobre o que gostava, ele mostrava uma paixão profunda.

“Você devia sorrir mais, Vernon. Parece um velho resmungão desse jeito,” Seung-kwan brincou, dando um leve empurrão nele.

Vernon, surpreendentemente, sorriu de canto. "Eu sorrio. Só não o tempo todo."

Chan riu alto, sentindo a leveza da situação. Aquela tarde, os três perceberam que havia uma química entre eles. O que começou como uma amizade, rapidamente se transformou em algo mais, embora nenhum deles quisesse admitir de imediato.

Nos dias que se seguiram, Seung-kwan começou a sentir algo diferente quando estava perto de Vernon e Chan. Ele sabia que era gay há algum tempo, mas nunca havia sentido uma conexão tão forte com alguém – muito menos com dois garotos ao mesmo tempo. – Chan, por sua vez, era o mais aberto sobre seus sentimentos, mas tinha medo de assustar os outros. E Vernon, sempre tão quieto, lutava internamente para entender o que sentia.

A faísca definitiva aconteceu durante uma festa na casa de um amigo, algumas semanas depois. Chan, um pouco mais solto por causa da música e das luzes, puxou Seung-kwan para dançar. Vernon, que observava de longe, tentava ignorar o ciúme crescente, mas não conseguiu esconder quando Seung-kwan o puxou também, rindo e dizendo: “Vem, você também faz parte disso.”

Naquele momento, dançando juntos no meio da sala lotada, Seung-kwan, Vernon e Chan sentiram algo que nunca haviam sentido antes: a certeza de que o que tinham era especial, único. Os olhares trocados, os sorrisos tímidos e os toques sutis falavam mais do que qualquer palavra poderia expressar. Eles estavam conectados de uma maneira que nenhum deles havia esperado.

No caminho de volta para casa, o silêncio entre eles estava carregado de tensão. Sentados na praça onde costumavam se encontrar, foi Chan quem quebrou o gelo.

“Eu não sei o que vocês estão sentindo, mas… eu gosto de vocês. Dos dois. E não sei se isso é errado, mas não quero que acabe.”

Vernon olhou para o chão, evitando os olhares, enquanto Seung-kwan, sempre o mais confiante, deu um sorriso suave. “Talvez não seja errado. Talvez seja exatamente o que a gente precisa.”

Vernon finalmente ergueu o olhar. “Eu também gosto de vocês. Mas… como isso vai funcionar?”

Seung-kwan, sem perder o bom humor, respondeu: “A gente descobre juntos.”

E assim, o relacionamento começou. Não com grandes declarações de amor ou gestos dramáticos, mas com uma conversa sincera, cheia de dúvidas e inseguranças, mas também de esperança. Eles sabiam que o que estavam começando seria difícil – o mundo ao redor deles não facilitaria as coisas – mas, naquele momento, o que importava era que, juntos, eles eram mais fortes.

Entrelaçados Onde histórias criam vida. Descubra agora