Nos dias que se seguiram, o trio começou a se encontrar com mais frequência, mas agora com um sentimento novo pairando entre eles. Havia algo diferente na maneira como olhavam uns para os outros. As conversas se tornaram mais íntimas, os toques mais significativos. Tudo parecia fluir naturalmente, mas ainda havia o peso das incertezas, principalmente sobre como lidar com aquilo em público.
Certa tarde, Seung-kwan sugeriu que fossem ao cinema. Era o filme novo de ficção científica que Chan tanto queria assistir, e Vernon adorava essas produções que misturavam tecnologia e aventura. Sentados na última fileira, longe dos olhares curiosos, eles se sentiram seguros.
Durante o filme, Seung-kwan passou o braço por cima da cadeira de Chan, que sorriu, descansando a cabeça no ombro dele. Vernon, um pouco hesitante, ficou quieto, mas Seung-kwan não perdeu tempo. Com um gesto simples, ele pegou a mão de Vernon, entrelaçando os dedos devagar, e Vernon apertou de volta. Foi um momento pequeno, quase imperceptível, mas para os três, aquilo significou muito. Eles estavam juntos, e o que importava era como se sentiam, mesmo que o mundo lá fora estivesse pronto para julgá-los.
Após o filme, eles caminharam pelo shopping. Chan, sempre mais ansioso, olhava ao redor, tentando ver se alguém estava prestando atenção neles. Seung-kwan percebeu e puxou-o de lado.
“Relaxa, ninguém tá olhando,” disse ele, tentando acalmá-lo.
“Você sabe que não é assim, Seung-kwan. A qualquer momento, alguém pode ver e... espalhar,” Chan respondeu, baixando o olhar.
Vernon, que até então estava quieto, colocou a mão no ombro de Chan. “A gente vai lidar com isso quando acontecer. O importante é que estamos juntos.”
Seungkwan sorriu. “É isso. A gente se vira, como sempre.”
[...]
Algumas semanas depois, os rumores começaram a circular na escola. Primeiro, eram só olhares suspeitos e cochichos nos corredores. Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo, mas as pessoas notavam como os três estavam sempre juntos, mais próximos do que "apenas amigos". Os grupos de amigos nos corredores trocavam olhares e risadas discretas, sem coragem de falar diretamente.
Até que, um dia, durante o intervalo, um garoto do time de futebol, sempre o primeiro a fazer piadas de mau gosto, resolveu quebrar o silêncio.
“Ei, Seung-kwan! Então, quem é o seu namorado? O nerd ou o sensível?” Ele gritou, fazendo todos rirem.
O refeitório ficou em silêncio por um segundo, todos os olhos voltados para o trio. Chan congelou, com o rosto ficando vermelho de vergonha. Vernon manteve o olhar no chão, mas Seung-kwan, sempre rápido, respondeu sem perder o tom brincalhão.
“Os dois, claro! Quem disse que eu preciso escolher?”
O refeitório explodiu em risadas, mas agora com um toque de desconforto. Ninguém esperava que Seung-kwan fosse responder assim, com tanta naturalidade. O garoto do time de futebol ficou sem palavras, enquanto Seung-kwan simplesmente voltou a se sentar com seus amigos.
“Você é louco,” murmurou Vernon, com um meio sorriso, aliviado.
“Talvez,” Seung-kwan respondeu, dando de ombros. “Mas a gente precisa enfrentar isso de algum jeito.”
Chan ainda parecia nervoso, mas tentou disfarçar. “Eu nunca conseguiria fazer isso.”
Seung-kwan olhou para ele, sério por um momento. “Não precisa ser como eu. Mas, juntos, a gente aguenta o que vier. Não estamos sozinhos.”
Vernon assentiu, e Chan, mesmo com o coração acelerado, sentiu-se um pouco mais tranquilo. Talvez Seung-kwan estivesse certo; talvez, de alguma forma, eles pudessem encarar tudo aquilo.
[...]
Os dias seguintes foram cheios de desafios. Algumas pessoas começaram a fazer piadas, e os olhares de julgamento se intensificaram. Seung-kwan lidava com isso com sua usual despreocupação, sempre pronto para transformar qualquer situação desconfortável em piada. Mas, por trás do sorriso, até ele sentia o peso da pressão. Chan, por outro lado, tentava evitar qualquer conflito, o que fazia com que se afastasse mais dos outros alunos. Vernon mantinha sua calma, mas internamente, começava a questionar até onde conseguiria suportar aquilo sem se abalar.
As coisas chegaram ao ponto mais tenso quando Seung-kwan, Vernon e Chan decidiram ir juntos ao cinema em uma sexta-feira à noite. Era um encontro público, algo que antes eles faziam com receio, mas, dessa vez, decidiram não esconder mais.
Enquanto caminhavam de mãos dadas pelo centro da cidade, sentiram os olhares pesados sobre eles. Alguns sorrisos disfarçados, outras expressões de nojo. Mas, no meio de tudo isso, houve também alguns acenos de apoio, sorrisos encorajadores de desconhecidos que pareciam entender o que eles estavam enfrentando.
Naquela noite, ao voltarem para casa, Chan, sentindo-se sobrecarregado pela tensão do dia, parou no meio da rua, respirando fundo. Vernon e Seung-kwan olharam para ele, preocupados.
“Eu... Eu não sei se consigo continuar assim,” Chan disse, com a voz trêmula. “Todo mundo olha, todo mundo comenta... E se isso ficar pior?”
Vernon, sempre mais contido, se aproximou e o abraçou de lado. “Vai ficar difícil, sim. Mas temos uns aos outros. Você não precisa carregar isso sozinho.”
Seung-kwan, sempre tentando aliviar o clima, sorriu, mas dessa vez com uma seriedade incomum. “O que temos é mais forte que qualquer olhar de julgamento, Chan. E, se precisar, a gente luta contra o mundo inteiro. Mas juntos.”
[...]
Essa foi uma das primeiras vezes que eles realmente perceberam o quanto estavam unidos, não apenas pelo amor, mas pela necessidade de se apoiarem em meio ao caos de uma sociedade que parecia determinada a separá-los. O que viria a seguir? Eles não sabiam. Mas o que importava, ali, naquela noite, era que, de mãos dadas, eles enfrentariam qualquer coisa que viesse pela frente.
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Entrelaçados
Teen Fiction𝑬𝒏𝒕𝒓𝒆𝒍𝒂𝒄𝒂𝒅𝒐𝒔:ミ★ 𝘓𝘖𝘕𝘎𝘧𝘪𝘤 ★彡 Em uma cidade pequena e conservadora, três adolescentes - Seung-kwan, Hansol e Chan - vivem uma história de amor que desafia normas e expectativas. Eles se conhecem no colégio e, entre aulas, festas e mo...