#07

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Nas semanas seguintes à viagem, o trio decidiu criar pequenas tradições só deles.

Momentos que, em meio à rotina agitada da escola e às pressões da vida, seriam um refúgio onde poderiam ser apenas eles mesmos. Uma dessas tradições foi marcada para toda sexta-feira à noite, quando se reuniam na casa de um deles para uma “noite de filmes e risadas”.

Naquela sexta-feira, estavam na casa de Seung-kwan. Ele havia convencido seus pais a deixarem o trio passar a noite juntos, o que foi mais fácil do que Chan imaginava, já que os pais de Seung-kwan eram bastante liberais e acolhedores. O clima era descontraído, e todos já estavam à vontade com seus pijamas, jogados no sofá da sala.

“Escolhi um filme perfeito para hoje.” disse Seung-kwan com um sorriso travesso, balançando o controle remoto. “Algo leve, engraçado e sem dramas.”

Vernon arqueou uma sobrancelha, sempre desconfiado das escolhas “peculiares” de Seung-kwan para os filmes. “O que você escolheu desta vez?”

“‘As Branquelas’!” Seung-kwan respondeu, como se fosse a escolha mais óbvia do mundo. Chan e Vernon riram, já imaginando as cenas absurdas que estavam por vir.

Conforme o filme avançava, o trio riu tanto que as barrigas doíam. Chan, sempre o mais emotivo, chorava de rir em algumas partes, enquanto Seung-kwan imitava as cenas mais icônicas. Mas, no meio da diversão, havia também momentos mais tranquilos e carinhosos. Em certo ponto, quando todos já estavam mais relaxados, Vernon se deitou no sofá com a cabeça no colo de Chan, enquanto Seung-kwan se aconchegava ao lado deles, o braço envolvendo os dois.

“O melhor de tudo isso,” disse Vernon, sua voz baixa e tranquila, “é que podemos ser nós mesmos. Eu amo estar com vocês.”

Chan sorriu e acariciou os cabelos de Vernon, sentindo-se grato por cada momento que passavam juntos. “Eu também amo vocês!” disse Chan, sua voz um pouco mais tímida, mas cheia de sinceridade. “Tudo fica melhor quando estamos juntos.”

Seung-kwan, que raramente se deixava levar por momentos sentimentais, sorriu e apertou os dois mais forte. “Vocês são minha família agora. Nada mais importa.”

[...]

Em outro momento especial, o trio decidiu cozinhar juntos.

Nenhum deles era particularmente habilidoso na cozinha, mas isso fazia parte da diversão. A ideia surgiu quando Chan mencionou que nunca havia feito um jantar para ninguém, e Seung-kwan, sempre animado para novas aventuras, propôs que fizessem isso juntos.

“Cozinhar é fácil! Basta seguir as instruções, certo?” Seung-kwan disse, enquanto Chan e Vernon olhavam desconfiados para a receita que escolheram: lasanha.

A cozinha logo virou um caos controlado. Chan estava encarregado do molho, Vernon preparava a massa, e Seung-kwan, bem... Seung-kwan estava mais preocupado em fazer todos rirem do que em realmente ajudar. Em um determinado momento, Vernon notou que a receita pedia queijo ralado e, sem pensar duas vezes, começou a ralar o queijo com a maior precisão possível.

Chan, por outro lado, tentava desesperadamente seguir o passo a passo do molho, mas as risadas de Seung-kwan o desconcentravam a cada segundo. “Seung-kwan, para de me fazer rir! Vou errar o molho!”

Seung-kwan, com um sorriso travesso, se aproximou por trás de Chan e o abraçou, segurando suas mãos por um momento. “Calma, chef! Você está indo muito bem.”

Vernon, que observava de perto, não perdeu a oportunidade de brincar. “Seung-kwan, está atrapalhando mais do que ajudando!”

“Estou ajudando do meu jeito!” Seung-kwan respondeu com um tom brincalhão, enquanto beijava a bochecha de Chan.

Apesar do caos e da bagunça na cozinha, o resultado final foi surpreendentemente bom. Quando a lasanha ficou pronta, o trio se sentou à mesa, orgulhoso de sua conquista culinária.

“Ok, admito, está muito melhor do que eu esperava.” disse Vernon, depois de dar a primeira mordida. “Acho que podemos abrir um restaurante!”

Chan riu, aliviado por ter acertado o molho. “Ou talvez só devêssemos continuar cozinhando juntos de vez em quando. Sem a pressão de um restaurante.”

Seung-kwan levantou seu copo de suco para um brinde. “Ao nosso incrível talento culinário... e ao fato de que não botamos fogo na cozinha!”

Eles brindaram, rindo mais uma vez, e desfrutaram da refeição simples, mas cheia de carinho e esforço. Aquela noite foi mais um lembrete de que, não importava o que acontecesse, eles sempre teriam uns aos outros — seja em momentos simples como cozinhar, ou nos desafios mais complicados da vida.

[...]

Numa tarde de domingo, decidiram revisitar um dos lugares que tinha marcado o início da relação deles — o parque da cidade.

Sentaram-se no gramado à sombra de uma grande árvore, observando as pessoas passearem e o vento balançar as folhas suavemente.

Seung-kwan, que nunca conseguia ficar quieto por muito tempo, começou a contar histórias engraçadas da escola, fazendo Chan e Vernon rirem descontroladamente. Em um desses momentos, Chan olhou para os dois, sentindo uma onda de gratidão.

“Eu amo tanto vocês!” ele afirmou, de repente, a voz suave. Seung-kwan e Vernon se entreolharam, pegando o sentimento sincero que Chan transmitia naquele momento.

Vernon foi o primeiro a responder, colocando a mão sobre a de Chan. “Nós também te amamos. Sempre amaremos.”

Seung-kwan, mais brincalhão, deu um leve empurrão em Chan antes de falar, sua voz um pouco mais séria do que o normal. “Você é a melhor coisa que nos aconteceu, Chan. Não esqueça disso.”

O silêncio que se seguiu foi confortável, cheio de significado. A brisa suave do parque parecia uma metáfora para o amor que compartilhavam, — calmo, constante e sempre presente — mesmo nos momentos mais simples. Eles sabiam que, apesar das dificuldades que continuariam enfrentando, sempre teriam esses momentos, essas memórias, para lembrar que o que sentiam era real e poderoso.

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