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3 anos Depois
A cabana em Capel, envolta pela vasta extensão verde da fazenda, estava serena naquela manhã de outono. O cheiro da terra úmida e do campo invadia o ar, enquanto o sol filtrava seus primeiros raios pelas janelas, aquecendo suavemente o ambiente. Alexia estava sentada à mesa de madeira rústica, suas mãos envolvendo uma caneca de chá, mas sua mente estava a milhas dali, perdida em lembranças e sentimentos que, por mais que tentasse, não conseguia colocar em ordem.
Ela olhou para Owen, que estava próximo à lareira, arrumando os pedaços de lenha com uma tranquilidade que, há alguns anos, ela jamais imaginaria ser possível. Era estranho pensar nisso. Três anos. Três anos desde que Owen voltou dos mortos. Três anos desde que ela voltou a acreditar que o amor, por mais quebrado que estivesse, podia renascer. E ele renasceu, como as flores que desabrocham na primavera, fortes, belas e imprevistas.
Alexia deixou o olhar vagar pela janela, para além da fazenda, contemplando o quanto suas vidas haviam mudado. O homem que ela amava, que achara ter perdido para sempre, agora estava ali, ao seu lado, a cada amanhecer. Três anos de casamento, de reconstrução e de crescimento. Eles haviam superado mais do que qualquer casal deveria enfrentar, e ainda assim, cada desafio parecia ter fortalecido o vínculo entre eles. A cada dia que passava, Alexia sentia que o amava ainda mais, não pelo que tinham perdido, mas pelo que conseguiram reconstruir.
Ela sorriu, um sorriso sereno, ao recordar os momentos simples — os cafés da manhã tranquilos, as conversas à beira da lareira, as caminhadas pelos campos. Owen havia voltado para ela, mas era como se uma parte dele também tivesse sido reinventada. Ele era o homem que sempre foi, mas ao mesmo tempo, era mais. Mais presente, mais completo. E nos braços dele, Alexia havia encontrado o que nunca ousara sonhar: uma paz inabalável, mesmo em meio às tempestades da vida.
Mas naquela manhã, o silêncio que pairava entre eles era diferente. Não era a tranquilidade habitual, mas uma quietude carregada de expectativa. Havia algo nos olhos de Alexia, uma ansiedade sutil que Owen notou. Ele largou a lenha e caminhou até ela, sentando-se ao seu lado, os dedos encontrando os dela sobre a mesa.
“Você está estranha desde ontem,” ele disse suavemente, seus olhos buscando os dela. “O que está acontecendo, Lex?”
Ela respirou fundo, olhando para a paisagem além da janela – a fazenda se estendendo até onde a vista alcançava, o campo dourado pelo sol nascente, o balanço suave das folhas ao vento. Tudo ali parecia tão estável, tão imutável... exceto o que pulsava dentro dela.
“Owen, tem algo que preciso te contar.” Sua voz soou frágil, como se as palavras pesassem em sua língua.
Ele estreitou os olhos, sentindo o peso na voz dela. “Fala, amor. O que aconteceu?”
