Quando Você Voltar - DEGUSTAÇÃO

Capítulo 4

Seis meses se passaram desde que Jack pisará na fazenda pela primeira vez.

O tempo passou com o mudar das estações, e com o passar dos dias, Jack não era mais um estranho que trabalhava na fazenda para ter um lugar para morar, ele receberá uma segunda chance na vida.

O trabalho árduo nos campos de trigo foram tudo o que ele pode se focar nos primeiros meses. Criar algo com as suas próprias mãos era uma sensação inexplicável, a qual acalmava e dava um imenso senso de proposito a Jack. A exaustão que ele sentia ao fim de cada dia impedia que ele passasse noites em claro se martirizando sobre uma vida que ele não lembrava e que honestamente ele sentia que já não pertencia mais a ele.

A fazenda foi um recomeço para ele, uma chance de seguir em frente e deixar o passado para trás. A cada dia que passava, ele formava uma nova identidade, livre de pesos de um passado o qual ele não conseguia se lembrar. Enquanto o medo do desconhecido ainda o afligia, ele aceitou que ninguém estava buscando por ele e que não havia para quem voltar.

Apenas quando ele aceitou este fato ele se sentiu livre para recomeçar.

Jade e Joe se tornaram grande parte daquele recomeço. A cada dia que Jack passava com eles, o jovem casal deixará de ser apenas os caridosos estranhos que salvaram sua vida e o acolheram e se tornaram mais que seus amigos, se tornaram a sua nova família. Juntos, eles ajudaram Jack a se redescobrir, e aceitar a vida como ela era.

Construir uma cabana para si fez parte desta jornada. Jack sabia que a constante presença dele não era ideal para um casal recém-casado, e para ser completamente honesto, ele precisava do espaço.

Joe e ele passaram alguns meses se dedicando a construção de uma pequena cabana em uma região mais afastada da propriedade. A pitoresca cabana de madeira tinha uma pequena cozinha adjacente uma sala de estar com uma pequena lareira a gás. Ao lado da cozinha havia um pequeno banheiro. Uma escada de madeira levava ao mezanino, onde o quarto ficava, com uma cama de casal de madeira e uma cômoda simples. A cabana era simples, mas confortável e prática. De uma certa forma, representava a pessoa em que ele havia se tornado.

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Jack agora dedicava seus dias ao trabalho bucólico da fazenda, a sujeira cobrindo suas mãos e o sol colorindo sua pele. Com o tempo, ele ficou mais forte e durão. Seu corpo mudou, ganhou músculos que ele não tinha antes e suas cicatrizes começaram a parecer menos horrendas. Ele deixou o cabelo e a barba crescer, e agora portava uma farta barba e longos cabelos loiros que viviam presos, mas que ele constantemente usava para se proteger. Ainda havia coisas que ele preferia esconder do que compartilhar com o mundo.

Suas mãos que um dia eram macias e suaves, como Joe adorava provocá-lo sobre, agora eram calejadas e ásperas por causa das horas de trabalho duro. Ele se tornou o completo oposto daquela pessoa assustada e destruída que veio para a fazenda. Ele tinha orgulho do seu trabalho e novo estilo de vida. Ele tinha orgulho da pessoa que ele havia se tornado.

Mas conforme os meses se transformaram em anos, Jack tinha certeza que não havia ninguém procurando por ele. Capel se tornou seu lar e Joe e Jade a sua família. Jack viu a família Smith crescer com a chegada do pequeno Max, um garotinho com o sorriso e gentileza da mãe, e a força e temperamento do pai. Jack se encontrou passando intermináveis horas com o garotinho que constantemente o buscava. Para Max, Jack era apenas o seu Tio Jack, e nada mais importava. Saber que alguém o amava por quem ele era e não por quem ele foi um dia, era o que mais importava para ele.

As memorias dele também não voltaram com o tempo como todos haviam esperado. A falta de suas lembranças era como uma maldição e uma benção: uma maldição - porque ele nunca saberia quem ele foi, quem era sua família, e até mesmo se ele tinha alguém esperando por ele - e uma benção - porque ele nunca teria que carregar o peso e até mesmo qualquer culpa de sua vida prévia. Não havia nada que o ligasse a uma vida antes de ser encontrado na praia, nada além do pendente que pássaro que ele usará todos os dias desde que acordará naquele hospital.