Capítulo 2

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A viagem para a Austrália estava tão exaustiva quanto Owen havia imaginado.

Ele e seu pai haviam passado os últimos três dias analisando documentos e discutindo a localização que um magnata Australiano queria construir um Resort de luxo na costa de Perth. Enquanto os documentos provavam a legalidade da obra, Owen não conseguia deixar de lado o sentimento ruim que ele carregava desde que deixou os Estados Unidos. Seu pai insistiu que era apenas nervosismo, afinal Owen seria o responsável pela maior obra que as Incorporações Harper estariam envolvidas fora do país. Mas Owen sabia que não era isso, afinal ele amava os desafios que esses projetos proporcionavam, mas ele sabia que algo estava errado. Era irracional e inexplicável, mas ele não conseguia se livrar daquele sentimento.

Apesar das desconfianças de Owen, após quase duas semanas de inspeções, visitas ao terreno e intermináveis reuniões, eles estavam finalmente prontos para voltar para São Francisco.

Richard havia decidido que passaria seu último dia na Austrália aproveitando a cidade de Perth antes de retornarem para casa. Afinal eles haviam trabalhado incansavelmente nos últimos dias e mereciam alguns momentos de descanso. Eles então encontraram um fantástico restaurante na Baia de Matilda, situado nos bancos do Rio Swan, com uma excelente culinária australiana, com um cardápio contemporâneo e uma extensa carta de vinho.

Após aproveitar o cardápio de frutos do mar, Richard que era um apaixonado por esportes náuticos, não conseguiu tirar os olhos das intermináveis embarcações que estavam ancoradas na marina. Ele era o orgulhoso dono de um veleiro e um iate, mas era uma moderna lancha de luxo que havia prendido sua atenção. Ele estava louco para adicionar uma a sua coleção, e ele passou algum tempo discutindo as características técnicas e o prazer de dirigir uma com um magnata que eles haviam conhecido na noite anterior. O mesmo, havia convidado Richard para conhecer a embarcação naquele mesmo dia.

A lancha, havia sido desenhada para prover mais velocidade do que luxo, e era particularmente diferente das embarcações que Richard conhecerá até o momento. O magnata, dono de um estaleiro, insistiu que Richard e Owen aproveitassem a tarde ensolarada para conhecerem a costa de Perth. Richard, que era um capitão experiente, aceitou a proposta, ansiosos para testar a potência que a lancha possuía.

Eles seguiram mar adentro, se afastando da marina e da costa da cidade, seguindo em direção ao horizonte do imenso mar azul turquesa. O céu azul e a brisa suave faziam com que eles relaxassem instantaneamente. Navegar sempre foi uma paixão que Owen e Richard compartilhavam. Enquanto Owen não possuía muita experiência com a navegação, eram os momentos em paz que ele passava com seu pai o que ele mais gostava. Afinal, quando se é o filho de um visionário, responsável por centenas de empregos e por uma das maiores empresas do país, não há muito espaço para esses momentos.

Foi navegar que aproximou pai e filho nas épocas turbulentas da adolescência de Owen. Quando o jovem herdeiro não entendia o porquê de seu pai insistir que ele devesse merecer seus benefícios, que ele acima de qualquer outro deveria mostrar seu valor. Na época, Owen não compreendia seu pai, e um grande ressentimento nasceu entre eles. Foi quando Richard chamou Owen para ajudá-lo a restaurar seu antigo veleiro que pai e filho se reaproximaram. Eles passaram o verão todo trabalhando na Laura Mia, e ao final daquele verão, eles velejaram juntos por dias. E quando voltaram, Owen era uma pessoa diferente, ele finalmente havia entendido o porquê de tudo aquilo. Aquela era uma de suas lembranças favoritas.

**

Owen relaxava enquanto seu pai pilotava a lancha, usando quase todo o poder dos motores, aproveitando a sensação de velocidade.

Eles navegavam, indo para o sul de Perth e ao longo da costa, desfrutando de como o pôr-do-sol parecia colorir as águas em um caleidoscópio de cores. Owen gentilmente correu as mãos pelo seu pingente de pássaro, sentindo-o com as pontas de seus dedos, segurando-o com força. Por Deus, como ele sentia falta de Alexia.

Quando Você Voltar - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora