A sala subterrânea parecia ainda mais opressiva do que antes. As paredes, marcadas pelo tempo, pareciam sussurrar segredos antigos enquanto Helena e o homem caminhavam em silêncio. O ar estava pesado, e uma sensação de presságio pairava sobre eles. Helena tentava manter a mente clara, mas seu coração disparado e a expectativa crescente dificultavam a tarefa.No centro da sala, o homem fez um gesto com a mão, e uma mesa de pedra, que antes estava escondida nas sombras, surgiu como se tivesse estado ali desde o início. Gravada com símbolos intrincados, a mesa exalava uma aura antiga, repleta de poder. Helena sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao se aproximar.
— Deite-se aqui — ele disse, apontando para a mesa.
Helena hesitou por um momento, olhando para o homem, mas sabia que não tinha escolha. A promessa de selar as criaturas e proteger aqueles que amava a impulsionava. Lentamente, ela subiu na mesa de pedra, sentindo a superfície fria sob seu corpo. Os símbolos brilharam levemente quando sua pele os tocou, como se reconhecessem sua presença.
O homem começou a caminhar ao redor da mesa, murmurando palavras em uma língua que Helena não conseguia compreender. O ar na sala ficou denso, e uma leve vibração percorreu o chão. As sombras nas paredes começaram a se mexer, como se estivessem vivas, observando o que estava prestes a acontecer.
— Este é o ponto de não retorno — ele disse, parando ao lado da mesa. — Uma vez que o ritual começar, não poderá ser interrompido. E o preço... será cobrado.
Helena respirou fundo e assentiu. O medo estava presente, mas sua determinação era maior.
O homem ergueu uma adaga negra, forjada com um metal que parecia absorver a luz ao invés de refletir. Ele a levantou acima de Helena, segurando-a firmemente.
— O sangue dos Brumont selará o pacto, como foi feito antes — disse ele, enquanto colocava a lâmina contra o pulso dela. — Não se preocupe. A dor será breve, mas o impacto... durará para sempre.
Helena fechou os olhos, esperando o corte. Quando a lâmina deslizou por sua pele, uma dor aguda percorreu seu corpo, mas logo foi substituída por uma estranha sensação de calor. O sangue que gotejava da ferida começou a brilhar em vermelho vivo, caindo sobre os símbolos da mesa e os ativando. Um brilho prateado envolveu as inscrições, que começaram a pulsar, como se tivessem ganhado vida.
De repente, uma rajada de vento forte invadiu a sala, apesar de estarem profundamente enterrados sob a terra. As velas se apagaram instantaneamente, mergulhando-os em uma escuridão quase total. Apenas os símbolos brilhavam, iluminando fracamente o ambiente.
— Está começando — o homem murmurou, os olhos fixos nas sombras que se agitavam ao redor.
Helena tentou se levantar, mas seu corpo parecia preso à mesa. O poder das sombras se intensificava, e uma sensação de que algo antigo e malévolo estava acordando dentro daquela sala tomou conta dela. As sombras começaram a se concentrar no centro da sala, formando uma figura alta e indistinta, seus olhos vermelhos como brasa.
— Você o chamou... — Helena sussurrou, percebendo que a criatura que se formava não era Alistair, mas algo muito pior.
O homem deu um passo para trás, observando com calma. Ele parecia esperar por aquilo.
— Sim — ele respondeu, a voz fria e controlada. — Esse é o verdadeiro guardião. O que Alistair protegia era apenas uma fração de seu poder. Agora, o selo final pode ser fechado.
Helena tentou lutar contra a sensação de estar presa, mas sua mente girava, incapaz de focar. A figura formada pelas sombras se aproximou lentamente da mesa, seus olhos fixos nela.
— Você... — a voz da criatura ecoou na sala, distorcida, como um sussurro vindo de todos os cantos. — Brumont... finalmente, a dívida será paga.
Helena sentiu um peso esmagador sobre seu peito. A criatura estendeu uma mão esquelética, feita de pura escuridão, em direção a ela. O toque não era físico, mas ela sentiu uma pressão profunda em sua mente, como se a sombra estivesse vasculhando suas memórias e emoções.
— A escuridão sempre esteve em você — a criatura continuou. — Agora, será parte de você... para sempre.
O pânico tomou conta de Helena. Ela tentou gritar, mas sua voz não saiu. As sombras envolveram seu corpo, e, por um breve momento, ela sentiu como se estivesse caindo em um abismo sem fim. Tudo ao seu redor desapareceu — o homem, a mansão, até a própria luz.
Quando a escuridão finalmente recuou, Helena estava de pé no meio da sala, ofegante, mas de alguma forma diferente. Ela sentia algo dentro dela — uma presença, uma conexão com a escuridão que antes a ameaçava. Seu pulso, onde a adaga a cortara, estava curado, mas uma marca escura em forma de espiral havia se formado ali, pulsando levemente.
O homem se aproximou, seus olhos avaliando a mudança nela.
— O ritual foi um sucesso. Agora, você tem o poder de controlar as sombras. — Ele sorriu, um sorriso frio. — Mas lembre-se, Helena, você também está ligada a elas. E o preço que pagou... ainda será cobrado.
Helena olhou para ele, sua mente tentando processar tudo. Ela havia feito um pacto com as sombras, mas a que custo? As criaturas estavam seladas, mas algo dentro dela havia mudado para sempre.
— E agora? — Helena perguntou, sua voz rouca.
— Agora, você deve aprender a usar seu novo poder. — O homem disse, dando um passo para trás, como se já tivesse completado seu papel. — A mansão Brumont tem muitos segredos, e você ainda não descobriu todos eles. O verdadeiro desafio começa agora.
Enquanto ele se virava para sair, as sombras ao redor de Helena pareciam se mover em sincronia com ela. Ela olhou para sua mão, onde a marca escura pulsava, e percebeu que o destino da mansão — e talvez de muito mais — estava agora em suas mãos.
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O Segredo da mansão brumont.
Mystery / Thrillerapós receber uma misteriosa carta a jovem Helena jamais imaginaria que a sua vida mudaria drasticamente,uma misteriosa mansão e vários segredos que lá habitam vão fazer ela entrar em situações que nunca se imaginou antes.