Capítulo 6: Pactos e Promessas

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O homem misterioso, com seus olhos escuros como a noite, passou à frente de Helena e entrou na mansão sem ser convidado, como se já conhecesse cada canto daquele lugar. Ele caminhava com uma tranquilidade desconcertante, examinando os detalhes do ambiente com um sorriso enigmático no rosto. Helena, ainda com o diário apertado nas mãos, o seguiu de perto, lutando contra a dúvida que corroía sua mente.

— Então... — Helena começou, hesitante. — Se você sabe como selar Alistair, por que não fez isso antes?

Ele parou ao pé da grande escadaria da mansão e virou-se lentamente para encará-la.

— Nem tudo é tão simples, Helena. A magia que mantém criaturas como Alistair presas é antiga, cheia de nuances. — Ele deu um sorriso suave, quase piedoso. — Mas você... você é especial. Sua linhagem tem um papel crucial nesse processo.

Helena franziu a testa, seus pensamentos se embaralhando.

— Minha linhagem?

O homem assentiu, seus olhos fixos nos dela.

— Sua família sempre esteve ligada a esse lugar, guardando segredos muito mais antigos do que qualquer um poderia imaginar. Mas o pacto, o verdadeiro pacto, só pode ser restaurado por um Brumont. É por isso que você é tão importante.

Helena sentiu um peso esmagador em seus ombros. Toda sua vida, ela havia sentido que algo na mansão era mais do que apenas paredes antigas e histórias esquecidas. Agora, tudo fazia sentido — ela fazia parte de um ciclo de escuridão e poder que se estendia por gerações. Mas como poderia, sozinha, carregar essa responsabilidade?

— E o que exatamente você quer que eu faça? — ela perguntou, sua voz soando mais confiante do que realmente se sentia.

O homem subiu alguns degraus da escada, parando no meio do caminho, e olhou para cima, como se refletisse sobre o próximo passo.

— Primeiro, precisamos encontrar o segundo selo — disse ele, finalmente. — Alistair foi apenas o começo. Há outra força escondida aqui, e essa é ainda mais perigosa. Se a libertarmos acidentalmente, nem mesmo eu poderei garantir sua segurança.

— Outro selo? — Helena murmurou, seu coração batendo mais rápido. A ideia de enfrentar algo pior do que Alistair a deixou inquieta.

O homem continuou, ignorando sua inquietação.

— O segundo selo está conectado a algo muito mais antigo, uma criatura cujo nome foi perdido no tempo. Se Alistair era o guardião da pedra, esta criatura é a própria sombra que dá poder a ele. Enquanto ela estiver dormindo, ele estará limitado. Mas se ela acordar...

Ele fez uma pausa, observando o rosto de Helena.

— Todo o seu mundo será engolido pela escuridão.

Helena balançou a cabeça lentamente, tentando absorver as informações. Como ela havia se metido nisso? Uma simples curiosidade sobre o passado de sua família a havia jogado em uma guerra entre criaturas das sombras. Agora, ela precisava entender como vencer.

— E como encontramos esse segundo selo? — perguntou, sua voz séria.

O homem deu um sorriso enigmático.

— É aqui que você entra. O sangue de sua família, Helena, é a chave. Precisamos fazer um ritual, algo antigo, e você será a peça central. Mas, aviso: há um preço.

Helena engoliu em seco.

— Que preço?

Ele se aproximou dela, parando a poucos centímetros de distância. Seus olhos, agora intensamente focados, pareciam sondar sua alma.

— Parte de sua vida será sacrificada. Não sua morte, mas um pedaço de quem você é... será entregue às sombras. E uma vez feito, não há volta. A escuridão sempre estará com você.

Helena sentiu o chão tremer sob seus pés. O que ele estava pedindo era aterrador, mas ela sabia que, de alguma forma, essa era a única maneira de selar Alistair e a outra criatura de volta. O destino de sua família, talvez até do mundo, estava em suas mãos.

Ela respirou fundo, tomando uma decisão.

— Eu farei o que for preciso — disse, com firmeza. — Se isso significa proteger as pessoas que amo, eu aceito o preço.

O homem inclinou a cabeça levemente, como se respeitasse sua coragem.

— Muito bem, Helena. — Ele estendeu a mão para ela, os dedos longos e pálidos brilhando levemente à luz fraca do corredor. — Vamos começar.

Helena olhou para a mão dele, hesitante, mas sabia que já havia ultrapassado o ponto sem retorno. Lentamente, colocou sua mão na dele, sentindo um choque de frio percorrer seu corpo. A sensação era gelada, quase dolorosa, mas ela manteve a postura firme.

— Agora, siga-me — ele disse suavemente. — Está na hora de acordar o que foi enterrado.

Eles caminharam juntos pelo corredor, as sombras ao redor parecendo se agitar em resposta à presença deles. Enquanto desciam de volta à sala subterrânea, Helena sentia que a escuridão estava mais próxima do que nunca, e o verdadeiro horror ainda estava por vir.

Aquele pacto, aquele ritual, mudaria tudo.

O Segredo da mansão brumont.Onde histórias criam vida. Descubra agora