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— Quem trouxe ela? — me sentei no sofá bruscamente, olhando para as meninas.

— Ela ia morrer — Aoom me olhou de cara feia — fiquei com dó e não quis deixá-la.

— Agora dê um jeito de dar um fim nela.

A garota mal educada denominada Orm, se encolheu no canto da sala com minha fala.

— A gente vai fazer o que? — Meena falou incrédula — ela não fez nada Engfa.

— Mete uma bala na cabeça dela e joga o corpo em algum canto desse mato — me levantei.

— Não há necessidade Engfa — Ling me repreendeu — e pare com isso, ela está com medo.

— Medo? — debochei — faça-me o favor — me aproximei de Orm, segurando em seu braço e a levantando — você esta com medo boneca?

Seus olhos brilharam e sua boca entreabriu. Palavras não foram necessárias para responder essa pergunta e, embora eu gostasse de ser respondida quando perguntava as coisas, deixei passar.

— Eu não vou cuidar de ninguém — olhei para as garotas que reviram os olhos — tratem de dar comida e água para ela.

— Ela é um ser humano Engfa — Meena falou irônica — você fala como se ela fosse um bichinho de estimação — ela riu.

Não respondi sua provocação e comecei a caminhar em direção a escada.

— E ela? — olhei para trás, Ling apontando para Charlotte que ainda estava desacordada.

— Quanto tempo essa porra que você enfiou nela dura? — suspirei, olhando para a garota com tédio.

— Pelo tempo que coloquei — ela olhou para cima, fazendo alguns movimentos com os olhos e a boca — daqui umas quatro horas ela desperta.

— Tranquem ela no quarto do lado ao meu — subi alguns degrau — para trancar, entendido?

— Porque você não leva ela? — Aoom arqueou a sobrancelha — você está indo para lá, de qualquer forma.

— Eu estou cansada — dei de ombros, voltando a subir, olhando para Ling que ia até Orm e tentava acalmar a garota loira.

— Não amor — Meena colocou a mão no ombro dela — Ela não leva porque não consegue — me provocou, prendendo a língua nos dentes quando terminou a frase.

Me virei, encarando Meena com um olhar firme, mas visivelmente exausta. O desafio mexeu comigo. A última coisa que suportaria era ser subestimada por ela, embora eu saiba que ela falou isso para mim levar a garota.

Respirando fundo, desci alguns degraus e olhei diretamente nos olhos de Aoom, que tinha um sorriso provocador cúmplice da namorada.

— Eu consigo, sim — respondi com a voz confiante — Só não estava com vontade. Mas já que está duvidando, vou te mostrar.

Caminhei em direção ao sofá, onde Charlotte estava deitada, completamente imóvel. Meus músculos protestaram enquanto me abaixava e erguia o corpo da garota. Charlotte era mais pesada do que parecia, e constatei isso quando senti os braços queimarem de esforço.

Firmei os pés no chão, respirando fundo antes de ajeitar melhor o peso.

Meena observava em silêncio, os braços agora cruzados, mas com um olhar curioso e desafiador. Eu, ignorando o cansaço que pesava sobre mim, comecei a subir as escadas com Charlotte nos braços. Cada passo era um teste de minha força e determinação, mas eu não daria o gostinho da derrota.

Quando finalmente alcançei o topo das escadas, me virei, lançando um olhar vitorioso para Meena, que ainda estava parada lá embaixo.

— Eu disse que conseguiria — falei, entre respirações pesadas.

Kɪᴅɴᴀᴘᴘᴇᴅ • EɴɢʟᴏᴛOnde histórias criam vida. Descubra agora