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Fazia duas semanas desde que havíamos voltado para Los Angeles. Charlotte e Orm estavam na cela no porão, dividindo espaço.

Austin tem se demonstrado rebelde e abusada, nem parecia o rato assustado que estava chorando desesperada no quarto de Londres. Orm por outro lado, tem colaborado bastante conosco.

Elas estão sobre a visão de Ling e Freen, então desde que chegamos não fui vê-las.

— Que saco, Engfa — Freen entrou no meu escritório com o rosto vermelho, acredito que de raiva.

— O que foi dessa vez? — choraminguei e me afundei na cadeira, esperando sua reclamação sobre Charlotte.

— Aquela anta jogou a comida em mim — ela se sentou bruscamente na cadeira em minha frente — você tem que dar um jeito nela.

— O que eu posso fazer? — prendi o riso que queria a todo custo surgir — não posso mata-la.

— Mas você pode deixá-la no quarto do seu corredor sobre sua vigilância — rebateu afiada — eu não aguento mais ela, deixa a Meena no meu lugar.

— Você sabe que a Meena meteria uma bala na cabeça dela nos primeiros minutos — falei irônica — vou descer lá.

— Já agradeço — suspira — trás ela para cá, pelo amor de Deus.

— Vou pensar nessa possibilidade — me levantei — ela ainda está reclamando do lugar ser sujo? — perguntei com um quê de curiosidade.

— O que você acha? — arqueou a sobrancelha — ela é muito cocôzinha. Se dependesse de mim, eu soltava sapo lá dentro só porque ela tem medo.

— Faz isso — dei o passe verde para ela e seu sorriso diabólico surgiu aos poucos nos seus lábios — vou deixá-la passar uma última noite lá.

— E a Orm? — ela coçou a nuca — estou com dó dela, ela não tem nada a ver com as provocações da Charlotte.

— Fala para Ling tirá-la de lá — dei de ombros — ela confia mais na Ling de qualquer forma. Mas peça para ela ficar de olho e atenta a qualquer ação de Orm.

— Com certeza ela vai ficar de olho — concordou com a cabeça sorrindo e se levantou, caminhando até a porta — dê um jeito naquela garota.

Dito isso, ela bateu a porta. As vezes a bipolaridade de Freen me impressiona.

Fiquei um bom tempo no meu escritório arrumando uns papéis e relatórios para ficar livre pelo resto do final de semana.

No final da tarde, fui até a cozinha comer algo e vi que todas estavam lá, inclusive Orm. Ling estava sentada do lado dela enquanto olhava ela comer.

As garotas davam olhares rápidos uma para a outras, como se estivessem conversando e, por conviver tanto tempo com elas, sabia exatamente o que estavam tentando dizer.

— Já levaram comida para a Charlotte? — peguei uma maçã verde na fruteira e dei uma mordida.

— Você vai levar — Freen apontou o dedo para mim — Se for esperar por mim, essa menina vai morrer de fome.

— Acho que nossa prisioneira traumatizou nosso docinho de coco — Faye passou a mão na cabeça de Freen, recebendo um olhar mortal da mesma.

Dei uma risada alta e continuei comendo minha maçã.

— Vamos nos divertir hoje? — Faye, que estava com uma taça de vinho, perguntou.

— Faz bastante tempo que não saímos — Freen se apoiou em Faye.

Apertei os olhos para as duas. Elas só se juntavam e se davam bem quando queriam coisas desse tipo ou quando bebem.

— Tudo bem, igual aos velhos tempos — joguei o restante da maçã fora e dei uma piscadela para elas.

Kɪᴅɴᴀᴘᴘᴇᴅ • EɴɢʟᴏᴛOnde histórias criam vida. Descubra agora