Gustavo Mioto, Londrina.
Ponto de vista.São por volta das oito horas da noite, e não sei há quanto tempo estou aqui, mas estive presente antes mesmo de anoitecer.
Estou no túmulo da minha menina.
Seu descanso é adornado com flores delicadas e, ao redor, encontram-se algumas cartas dispersas. As que mais se destacam, com corações, florzinhas e borboletas, são das suas melhores amigas.
Clarisse sempre foi uma menina muito amigável, o que lhe permitiu cultivar numerosas amizades. Sua habilidade em manter laços significativos fez com que hoje eu apresentasse suas duas melhores amigas: Alana e Estela.
Elas eram suas vizinhas e estudavam na mesma escola. Alana é a mais nova, enquanto Estela é a mais velha entre as três. Apesar de possuírem gostos diferentes, encontravam-se em cada pequeno gesto uma da outra.
A união delas era admirável. É doloroso saber que nunca mais verei essas meninas juntas novamente. É angustiante separar o que deveria ser inseparável.
A única constante é o amor, que perdura eternamente.
Foi desafiador comunicar às meninas que elas nunca mais teriam a oportunidade de ver, brincar e conversar com Clarisse. Na época, Estela tinha sete anos e Alana apenas cinco. Foi um choque para essas pequenas, que não queriam acreditar que haviam perdido Clarisse para sempre.
Estela e Alana se abraçaram e choraram. Atendendo ao seu pedido, levei-as ao cemitério, onde ambas conversaram com Clarisse. A conversa foi linda e significativa, mas eu só conseguia chorar, lamentando a certeza de que esse pesadelo não teria fim.
Hoje, após um ano da partida de Clarisse, Estela está com oito anos e Alana com seis. Elas continuam as mesmas: sorrindo, se divertindo e desfrutando da infância. No entanto, em relação a Clarisse, nada mudou... Elas choram, sentem falta e dizem que o mundo delas perdeu completamente a cor.
É de partir o coração observar duas meninas tão pequenas lidando com tamanha dor.
Elas não perderam apenas uma amiga; perderam uma irmã, uma parceira. Elas perderam uma vida que iluminava suas vidas.
Antes, vivíamos de amor por Clarisse.
hoje, vivemos de saudades dela.Nos meus dias mais difíceis, é uma solidão completa.
É como uma nuvem escura que paira sobre mim, e, por vezes, é desafiador afastá-la.
Eu lutei.
Eu luto mentalmente e fisicamente.A ideia de não permitir que a morte dela seja em vão é o que constantemente passa em minha mente. Ela não morreu sem motivo, tem que haver uma razão.
Choro ao pensar que, até hoje, não consegui obter justiça por ela.
Eu tentei, e continuo tentando a cada dia. No entanto, a polícia simplesmente desistiu de procurar os responsáveis pelo seu assassinato, pois não temos provas suficientes.
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amanhecer
Romance"É difícil nos dias mais escuros, mas ainda é mais difícil nos melhores dias, porque minha filha deveria estar aqui." Não há razão para um pai ter que enterrar seu filho. Não há razão para um pai se sentir culpado pela morte do seu filho. ficar con...