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Gustavo Mioto, Londrina

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Gustavo Mioto, Londrina.
Ponto de vista.

Deixar Ana naquela cama sozinha partiu meu coração. Ela estava com o corpo colado ao meu, dormindo com um sorriso lindo no rosto e um semblante tranquilo. Ela estava verdadeiramente linda, repousando sobre meu peito.

E, por mais que minha vontade de permanecer ao seu lado fosse forte, eu não podia.

Levantei-me da cama de madrugada, peguei minhas coisas e vim o mais rápido possível para Londrina.

A deixei sozinha e imagino o quanto isso irá doer nela. Mas é melhor que a dor ocorra agora, em vez de quando ela perceber que se apaixonou por alguém que não a merece.

Eu não mereço a Ana. Ela não merece um homem que não compreende seus próprios sentimentos e que precisa recorrer a remédios para dormir.

O voo todo foi marcado por lágrimas. Na minha mente, passou um filme de tudo que vivemos até aqui, e como é doloroso saber que tudo isso chegou ao fim.

Não posso continuar. Não posso machucá-la.

É melhor feri-la agora do que quando estivéssemos excessivamente envolvidos.

Ela é uma pessoa maravilhosa e certamente encontrará outro alguém que não será uma bagunça como eu sou.

Ao chegar em casa, percebi que estava com um semblante horrível, destruído.

Ao entrar, pensei que não encontraria ninguém, mas lá estava Sônia, me olhando com uma expressão preocupada.

Faz sentido após observar o estado em que me encontrava.

— Gustavo? Meu filho? O que ocorreu com você? — ela pergunta, aproximando-se de mim.

— Eu estou bem. — respondo de forma simples.

— Por que você tem essa mania de afirmar que está bem quando claramente não está? — questiona, olhando-me com confusão.

— Eu apenas desejo tomar um banho e descansar, Sônia. — digo, fechando a porta.

— Onde está a Ana? — indaga, pegando minha bolsa.

— Em São Paulo. — respondo em um murmúrio, mas ela ouve.

— Você veio sozinho? — pergunta, e eu assinto. — Vocês tiveram uma discussão?

— Sônia, estou cansado. Poderíamos conversar em outro momento? — imploro, fitando seus olhos.

Ela então assente e me envolve em um abraço.

Ao longo desses meses desde o dia em que Clarisse faleceu, Sônia compreende que, em momentos de profunda tristeza como o que estou vivendo agora, não há palavras que possam alterar minha dor. Portanto, tudo o que necessito é de um abraço.

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