Sabe quando você passa duas semanas sem ir pra academia e quando volta pega pesado no treino? Seu corpo fica todo dolorido depois e você tem aquela sensação de febre interna, como se seus músculos estivessem pedindo socorro?
É assim que me sinto quando me obrigo a arrastar essa tonelada que chamo de corpo pra fora da cama.
Ainda tô tentando entender o que foi tudo isso quando abro a porta do quarto e caminho no corredor escuro escutando passos logo atrás de mim.
—O que você tá fazendo aqui, chuléeeeee? — Revirei os olhos e juntei minhas forças pra girar o corpo e empurrar seu peito com minhas mãos.
—Opa, melhor falar baixinho. Não quer que sua vó nos pegue pelados no meio do corredor uma hora dessas, quer?
Tem pouca luz, mas é só enfiar minha mão no interruptor do banheiro pequeno de visitas pra perceber que tem um sorrisinho no rosto desse cafajeste.
—Sério, Gabigol. O que você tá fazendo aqui?! — Rolei os olhos sentindo a ponta da língua coçar pra não chamá-lo de Gabriel... OU PIOR! Por um segundo inteiro eu cogitei chamá-lo de Gabi. GABI! Puta que pariu, viu.
—Não sei se você lembra, mas não fez essa sujeira toda aí sozinha — Apontou pro meu corpo e é a primeira vez que presto atenção ao fato de as luzes estarem ligadas e estarmos completamente pelados na frente um do outro.
Tá errado.
Eu não deveria nem olhar pra cara dele no pós-sexo. Não só no pós-sexo, inclusive.
—Sai. Eu vou primeiro.
—Não. Vamos economizar e tomar um banho rapidinho. Juntos — Estalou a língua no céu da boca, não me deu espaço pra responder e passou por mim batendo esse ombro do tamanho do mundo no meu.
