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Sombra de um futuro desconhecido

  A autoria da historia pertence a mim e Juliartesoliveira

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O que nos define é a forma como nos levantamos depois da queda.

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Yomoto nunca acreditou na felicidade. Quando finalmente começou a acreditar que as coisas poderiam melhorar para ele e seu avô, este partiu. Era doloroso saber que ele acordaria todos os dias sem as noites de filmes, que mais pareciam madrugadas de cinema, pelo horário em que começavam as maratonas. Sentiria falta dos "bom dia" diários, dos carinhosos tapas na nuca quando cometia algum erro, ou de alguém para julgar e comentar sobre sua escrita.

Compreender os sentimentos sempre foi difícil para Takemichi, que nunca teve carinho maternal ou paternal. Seu único familiar era seu avô. Sempre foram só eles dois, e o que fariam dali em diante era um mistério para ele mesmo.

No fundo, ele só queria deitar a cabeça no colo de seu amado avô e nunca mais sair de lá. Queria ter aproveitado mais a presença dele, conversado mais, passado mais madrugadas acordado ouvindo as histórias que seu avô contava, histórias que pareciam nunca acabar (e agora ele nunca saberia onde terminavam). Ele só queria ter sua esperança de volta, a esperança de um sonho que ele perdeu no momento em que viu Masato no chão. Contudo, a realidade só o atingiu de verdade quando o médico deu a notícia.

- Se acalme, vamos lá, respire comigo - declamou o médico.

Yomoto estava tão submerso em sua dor que nem percebeu que isso o afetou fisicamente, causando falta de ar. Diferente do médico, que presenciou o exato momento em que o Yomoto começou a ter um ataque de pânico. Infelizmente, os únicos procedimentos que o médico pôde realizar foram acalmá-lo e ligar para a polícia, avisado que já poderiam levar o Yomoto para o interrogatório. Ele sabia que não era justo com o garoto, mas não podia fazer nada. Não era responsável pelo garoto e muito menos tinha sua guarda.

-Isso mesmo, continue. Inspire e respire... Inspire e respire. Continue. - Orientava o médico calmamente.

Vagarosamente, os sentidos do jovem voltaram. O que inicialmente trouxe a dor da perda a torna, mas ele tentou se concentrar nas palavras do médico.

-Está melhor? – perguntou o médico após conseguir acalmar o adolescente, com um copo de água na mão que foi entregue para o garoto.

-O que vai acontecer comigo? – pergunta Takemichi enquanto acata o copo de água.

O mesmo estava sentado em uma cadeira até que confortável, de cor bege, que dava um sentimento mais melancólico ao ambiente. Pelo menos era isso que seu ponto de vista, enquanto batucava os dedos na coxa freneticamente e com a outra mão, segurava o copo descartável, nervosamente.

Aquele lugar era assustador. Tudo ali parecia estar representado pela tristeza, e os sentimentos à flor da pele do jovem não ajudavam a pensar racionalmente. Sua vontade era de sair correndo daquele local, contudo, era só uma vontade.

- Possivelmente irá para um orfanato - comentou o médico, tentando não desesperar o jovem.

- E é ruim? - pergunta o mais novo, encarando o chão, lutando contra o choro e seus pensamentos negativos. Na realidade, ele não queria ouvir a resposta daquele grande "X" do problema, mas ele tinha escolha? Não, com certeza não!

The Actor of a Novel "Real" [LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora