A manhã seguinte chegou com uma leve neblina cobrindo a cidade. O apartamento parecia mais silencioso do que nunca, e Jimin mal havia dormido, tinha tido uma noite incrível e quente com Jungkook, mas ainda assim tinha ouvido as mesmas coisas da primeira noite, barulhos e sussurros que tiraram qualquer resquício de sono. Ele se sentou à mesa da cozinha, tomando um gole de café enquanto observava Jungkook se preparar para mais um dia de trabalho. Jungkook, sempre sorridente e otimista, dava os retoques finais em seu terno.
— Não esquece de me mandar mensagem se precisar de alguma coisa — disse Jungkook, beijando Jimin na testa. — Vou estar no escritório o dia todo, mas posso tirar uma pausa pra falar com você, ok?
Jimin sorriu, tentando parecer relaxado, mesmo que sua mente estivesse em constante alerta. Desde a primeira noite no apartamento, ele não conseguia afastar a sensação de que algo estava errado. Ele se perguntava se era apenas o cansaço da mudança ou algo mais.
— Eu vou ficar bem — respondeu Jimin, tentando afastar a tensão em sua voz. — Só vou terminar de organizar as coisas por aqui, e amanhã volto ao trabalho.
Jungkook deu um último sorriso antes de sair pela porta, rumando para seu emprego na empresa imobiliária. Assim que ele se foi, o apartamento mergulhou em um silêncio que parecia pesado, quase opressivo. Jimin sabia que precisava terminar de arrumar as últimas caixas e colocar tudo em ordem, mas algo o atraía ao sótão — um lugar que ele e Jungkook ainda não haviam explorado por completo.
Com uma sensação de inquietude crescendo dentro de si, Jimin decidiu que era hora de acabar com o mistério daquele espaço. Ele subiu as escadas que levavam ao sótão, um lugar pequeno e mal iluminado que emanava um cheiro forte de madeira envelhecida e poeira. O rangido das escadas sob seus pés parecia amplificar o silêncio ao redor.
Ao abrir a porta do sótão, ele encontrou algumas caixas empilhadas e um baú antigo encostado em uma parede. Nada fora do comum, pensou. Suspirando, ele se aproximou de uma das caixas e começou a examinar seu conteúdo. A maioria era composta de coisas antigas e sem muito valor: papéis amarelados, objetos de decoração danificados, itens esquecidos por moradores anteriores.
No entanto, ao abrir uma das últimas caixas, algo chamou sua atenção. Entre os papéis e documentos empoeirados, havia um caderno de capa de couro marrom, bastante desgastado pelo tempo. A borda da capa estava esbranquiçada, e as páginas amareladas indicavam que aquele diário já havia passado por muitas mãos.
Jimin pegou o diário com cuidado, sentindo um calafrio ao segurá-lo. Ele abriu a primeira página e, imediatamente, foi envolvido por uma caligrafia caótica e desordenada, como se a pessoa que o escreveu estivesse à beira de um colapso. As palavras pulavam no papel, descrevendo noites insones, sensações estranhas e uma presença constante que parecia perturbar o antigo morador.
Cada frase que ele lia parecia ecoar seus próprios medos e sensações. Ele folheou mais algumas páginas, e a escrita ficava cada vez mais angustiada.
“As noites são intermináveis. Ouço passos no corredor, mas quando vou investigar, não há nada. As paredes parecem sussurrar, e as sombras se movem. Algo está me observando, mas não consigo entender o que é.”
Jimin sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele olhou ao redor do sótão, sentindo o peso das palavras que acabara de ler. Aquelas descrições pareciam assustadoramente familiares. Desde que ele e Jungkook haviam se mudado, Jimin não conseguia afastar a sensação de que algo os observava. E agora, com aquele diário em mãos, aquilo começava a fazer mais sentido — ou talvez fosse o contrário.
Ele folheou mais algumas páginas, cada uma mais perturbadora do que a anterior.
“Ontem, ouvi vozes. Elas sussurravam meu nome. Tentei acordar Jungkook, mas ele continuava dormindo profundamente, como se estivesse sob algum tipo de feitiço. Estou começando a achar que ele também é parte disso.”
Jimin parou de ler abruptamente. Jungkook? O nome de seu marido estava ali, escrito entre as anotações confusas de um completo desconhecido. Seu coração começou a bater mais rápido. Será que o nome era apenas uma coincidência? Ele tentou afastar esses pensamentos, mas o desconforto dentro dele apenas crescia.
Tentando entender o que acabara de encontrar, Jimin continuou a ler, mesmo contra seu instinto, que lhe dizia para fechar aquele diário imediatamente.
“Hoje à noite, tive a impressão de que algo estava no quarto conosco. Eu podia sentir a presença ao meu lado, mas, quando me virei, não havia nada. Não importa o quanto eu tente convencer Jungkook, ele não acredita. Ele acha que estou ficando louco. Talvez eu esteja, mas sei que não estou sozinho. Alguma coisa está aqui.”
Jimin sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele fechou o diário de uma vez, como se o próprio ato de continuar lendo fosse permitir que algo escapasse das páginas amareladas. Ele não sabia o que fazer com aquela informação. Contar a Jungkook? Não. Isso soaria ridículo. Jungkook riria e diria que ele estava imaginando coisas, exatamente como o morador anterior havia descrito.
Ainda segurando o diário, Jimin desceu as escadas de volta ao apartamento. Seu olhar vagou pelo ambiente que ele e Jungkook tanto amaram à primeira vista. As paredes, antes acolhedoras, agora pareciam esconder segredos. E a quietude, que inicialmente trouxera paz, agora parecia carregada de tensão.
Jimin colocou o diário em uma gaveta na sala de estar, trancando-a em seguida. Por mais que sentisse vontade de esquecer o que havia lido, as palavras no diário continuavam a ecoar em sua mente, cada vez mais insistentes. Ele precisava de mais tempo para processar tudo, mas uma coisa era certa: o apartamento não parecia mais o mesmo.
Naquela noite, quando Jungkook chegou do trabalho, o sorriso no rosto de Jimin não conseguia esconder a sombra de inquietação que pairava sobre ele. Mesmo sem mencionar nada sobre o diário, Jimin sabia que o que havia encontrado no sótão mudaria tudo, inclusive sua percepção sobre aquele novo lar.
— O que você acha de sairmos amanhã à noite? — sugeriu Jungkook, tentando quebrar o silêncio enquanto se sentava no sofá ao lado de Jimin.
— Claro — Jimin respondeu automaticamente, sua mente ainda distante. — Amanhã parece um bom dia.
Mas, no fundo, ele sabia que o que havia descoberto naquela manhã não sairia tão facilmente de sua mente..
...
E o Jeon que não vê nadaaaaaaa!!!!
O que acharam?
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Segredos do quarto andar - Jikook
Fanfic(Em andamento) Quando Jimin e Jungkook se mudam para o novo apartamento, eles esperam apenas tranquilidade. No entanto, ruídos misteriosos e eventos perturbadores começam a acontecer, sempre sem explicação. Ao descobrir que o antigo morador desapare...