A noite caía mais uma vez sobre o antigo prédio, e o silêncio que se instaurava no apartamento era quase sufocante. A única fonte de luz vinha de um poste na rua, que projetava sombras longas e sinuosas pelas janelas do apartamento. Jimin, cansado da organização do dia, deitou-se ao lado de Jungkook, que já estava profundamente adormecido. Ele se revirava na cama, tentando encontrar uma posição confortável, mas o peso das descobertas recentes parecia impedir que seu corpo relaxasse.
O diário que encontrara no sótão não saía de sua cabeça. As palavras confusas e angustiadas do morador anterior ecoavam em sua mente, se entrelaçando com os estranhos eventos que ele mesmo começava a notar desde que se mudaram para o apartamento. Jimin tentou afastar os pensamentos, convencendo-se de que tudo não passava de uma coincidência — o resultado de sua imaginação, alimentada pelo cansaço e pela tensão da mudança.
Finalmente, o sono o envolveu, mas a tranquilidade durou pouco.
Na escuridão de sua mente adormecida, Jimin começou a sonhar. Estava no mesmo apartamento, mas algo parecia diferente. A luz era mais fraca, quase inexistente, e um cheiro forte de umidade impregnava o ar. Ele olhava ao redor e percebeu que o ambiente parecia mais antigo, como se estivesse vendo uma versão do apartamento de décadas atrás. Os móveis estavam desgastados, e as paredes, antes limpas, agora estavam manchadas de mofo.
De repente, ele ouviu um barulho vindo do corredor. Passos. Lentos, arrastados, ecoando pelo piso de madeira. Um frio percorreu sua espinha enquanto ele se virava para olhar em direção ao som. No fundo do corredor, uma figura masculina estava parada. O homem parecia preso em algum tipo de agonia silenciosa. Seus olhos estavam arregalados e sua boca se movia, mas nenhum som saía. Ele tentava dizer algo, gesticulando desesperadamente para Jimin.
O homem avançou alguns passos, e a luz fraca revelou mais detalhes. Seu rosto estava pálido, quase sem vida, como se ele estivesse ali há muito tempo, esquecido por todos. Jimin sentiu um pânico crescente, mas não conseguia se mover. Seus pés pareciam presos ao chão, como se o próprio apartamento o estivesse segurando ali.
“Ajuda-me...” o homem finalmente sussurrou, sua voz arranhada, como se fosse a primeira vez que ele falava em anos. “Por favor, ajude-me... estou preso...”
Jimin tentou gritar, mas sua voz não saía. Seu corpo inteiro tremia, e ele sentia o peso do desespero do homem, como se estivesse sendo puxado para dentro daquela mesma escuridão. O homem continuava a se aproximar, e quanto mais perto ele chegava, mais opressiva a sensação de angústia ficava. Era como se o ar estivesse sendo drenado do ambiente, e Jimin mal conseguia respirar.
“Você precisa sair daqui...” o homem sussurrou novamente, seus olhos agora fixos nos de Jimin, cheios de terror. “Antes que seja tarde...”
Nesse momento, Jimin acordou sobressaltado. Seu corpo estava coberto de suor frio, e sua respiração estava ofegante. Ele olhou ao redor, tentando se situar no presente. O quarto estava escuro, mas o som suave da respiração de Jungkook ao seu lado trouxe um alívio momentâneo. Era apenas um sonho, ele repetia para si mesmo, tentando se acalmar.
Ainda assim, os detalhes do pesadelo eram perturbadoramente vívidos. Ele podia se lembrar de cada expressão no rosto do homem, de cada palavra sussurrada. E o mais estranho de tudo era a sensação de que aquele homem estava, de alguma forma, conectado ao diário que encontrara no sótão. As palavras que o homem havia dito em seu sonho pareciam coincidir com as anotações sobre a sensação de estar sendo observado, de uma presença constante no apartamento.
Jimin passou as mãos pelo rosto, tentando afastar o medo. Talvez fosse apenas sua mente processando as informações do diário de uma maneira confusa, criando um sonho perturbador a partir daquilo. Mesmo assim, a sensação de inquietação persistia, e ele sabia que não seria fácil voltar a dormir.
Durante o resto da noite, ele ficou acordado, deitado ao lado de Jungkook, ouvindo cada pequeno som que o apartamento fazia. O estalo dos canos, o rangido da madeira, o vento batendo contra as janelas — tudo parecia mais alto, mais presente. O sono o evitava, como se temesse trazer de volta o pesadelo que acabara de vivenciar.
Quando a manhã finalmente chegou e os primeiros raios de sol invadiram o quarto, Jimin sentiu um alívio imenso. A luz do dia dissipava parte de seus medos, e o mundo real parecia um pouco mais seguro. Ele levantou-se da cama, decidido a não deixar que o sonho o afetasse mais do que já tinha.
No entanto, enquanto tomava café da manhã sozinho, a imagem do homem preso no apartamento continuava a invadir sua mente. Ele tentava desviar seus pensamentos enquanto se arrumava para finalmente voltar para o hospital em que trabalhava na área administrativa, mas era difícil ignorar a sensação de que algo estava profundamente errado naquele lugar.
Jimin olhou para a gaveta onde havia guardado o diário na noite anterior. Ele sabia que o sonho, de alguma forma, estava relacionado ao que lera. Mas será que aquilo era apenas fruto de sua imaginação, ou havia algo mais? Será que aquele homem, em seu sonho, era o antigo morador? O mesmo que escrevera aquelas palavras desesperadas nas páginas amareladas?
Ele passou os dedos pela alça da gaveta, tentado a pegar o diário novamente. Mas, ao invés disso, afastou-se. Talvez fosse melhor esquecer aquilo tudo. Talvez fosse melhor não abrir espaço para mais pesadelos, mais dúvidas. Jungkook jamais entenderia, e Jimin não tinha coragem de dividir com ele o que vinha sentindo nas últimas noites. O marido estava animado com a nova fase de suas vidas, e Jimin não queria estragar isso com suas preocupações.
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Segredos do quarto andar - Jikook
Fiksi Penggemar(Em andamento) Quando Jimin e Jungkook se mudam para o novo apartamento, eles esperam apenas tranquilidade. No entanto, ruídos misteriosos e eventos perturbadores começam a acontecer, sempre sem explicação. Ao descobrir que o antigo morador desapare...