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Dragonstone estava envolta em um silêncio opressor, diferente do burburinho constante de King's Landing. Não era que o silêncio fosse incômodo por si só, mas a ausência dos sons familiares fazia o lugar parecer mais isolado do que realmente era.
Ali, as ondas batiam nas rochas com um ritmo monótono, o vento soprava gelado, e o céu cinzento parecia pesar sobre a ilha como um manto interminável de nuvens.
Rhaenys sentia o contraste de cada aspecto. As cores que cercavam a fortaleza eram frias, desprovidas da vida e do calor que ela conhecia na capital. O cinza das pedras, o azul desbotado do mar, e até o ar parecia mais espesso, carregado de umidade. Tudo em Dragonstone exalava antiguidade e solidão, como um relicário esquecido no tempo.
Ela estava sentada à mesa do que agora era seu quarto, um grande salão de paredes úmidas e janelas estreitas que deixavam pouca luz entrar. Diante dela, um velho livro se abria com páginas amareladas, recheadas de desenhos intricados e textos em línguas antigas, que detalhavam os segredos da antiga Valíria. Rhaenys estudava cada traço com dedicação, buscando algo, qualquer coisa, que pudesse guiá-la.
No centro da mesa, repousava o ovo de dragão, sua superfície branca quase luminescente à fraca luz das velas. Parecia pulsar de vida, refletindo um brilho sutil que se destacava contra o ambiente sombrio.
O silêncio ao redor era quase perturbador, e o único som que preenchia o espaço era o leve virar das páginas do livro, enquanto a princesa traçava os segredos que ele continha com os olhos.
Ela baixou os olhos e tocou levemente o próprio ventre. Dois meses haviam se passado desde sua chegada a Dragonstone, e sua barriga agora começava a se tornar perceptível sob a saia do vestido. Era um sinal discreto, mas real, da vida que crescia dentro dela.
Colocar a mão sobre o ventre, como fazia naquele momento, vinha se tornando um pequeno hábito, quase inconsciente, como se estivesse se conectando a algo mais profundo, algo que, embora novo, lhe parecia inegavelmente natural.
Seu olhar se desviou para o ovo de dragão sobre a mesa, o brilho suave refletindo na penumbra do quarto. Por um breve instante, ela sentiu que ambas as vidas - a que crescia dentro dela e a que estava adormecida naquele ovo - estavam ligadas, parte de um destino maior, algo que a chamava de volta às raízes de sua linhagem.
A ideia lhe trazia conforto, mas também um peso, como se carregasse em si tanto o futuro quanto o passado dos Targaryen.
As palavras em antigo valiriano no livro voltaram a prender sua atenção. "Cavernas em Dragonstone..." Ela leu em silêncio, as letras familiares trazendo uma promessa oculta que ainda precisava desvendar. Parecia um caminho promissor, se pudesse entender melhor o que estava escrito.
