Um dia após o outro

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🪨 |Lana's
Vision.

Todos os dias se repetiam como todos os outros. Acorde cantando, trabalhe cantando e durma cantando. Sinceramente, eu já estava farta.

Eram aproximadamente 6:00 horas da manhã e antes mesmo do despertador tocar eu já estava acordada, assim que ele apitou eu o desliguei rapidamente.

Não tardei para me levantar da cama, logo as missões já estariam ao meu dispor e eu teria que fazê-las.

Assim que saí do quarto encontrei minha mãe fazendo o café da manhã, olhei pelos lados e não avistei o meu pai e não tardei em procurar saber.

— Antes que pergunte, ele está na horta.

Eu continuei olhando para a mulher a minha frente e sorri de canto.

— Eu sou tão previsível assim?

Perguntei chegando próximo dela e a abraçando de lado, a olhei assim que senti seus olhos em mim e avistei o seu sorriso largo.

— Não tanto quanto eu gostaria.

Balancei a cabeça sorrindo e me afastei dela, indo até a janela da cozinha e avistando meu bem encolhido, provavelmente colhendo alguns legumes.

Passei pela porta e me aproximei dele.

— Bom dia, querida. Como passou a noite?

Disse o D'Angelo mais velho me melando de terra e deixando um beijo molhado em minha bochecha.

— Como sempre, e o senhor, como passou a noite?

— Melhor do que nunca, grandes planos para hoje?

Ele me olhou sorrindo e voltou a recolher os vegetais do mesmo jeito que antes.

— O senhor já sabe, sorria aqui, cante ali, nada de diferente.

Falei brincando e recebi uma risada despreocupada do meu pai e ouvi um resmungão da minha mãe que estava na janela da cozinha.

Olhei para ela e dei um sorriso largo sinalizando com os ombros, só estava dizendo a verdade.

— Entrem, já está pronto.

A mulher mais velha completou e ajudei o meu pai com a cesta farta que carregava, entramos e tomamos um café agradável.

Logo às horas se alargaram e estávamos reunidos com o resto da tribo.

As crianças corriam, os pássaros cantavam, tudo ali era tão artificialmente colorido que doía a vista.

— Tire essa cara, mocinha.

Escutei a voz do D'Angelo mais velho e logo em seguida recebi uma touca de cabelo descartável em minhas mãos.

O olhei entediada e fui para trás do balcão, encarando os grandes caldeirões e logo começando a servir os demais da tribo que passavam com os pratos nas mãos.

— Vá com alegria.

Falava enquanto servia todos os que passavam por mim, eles sorriam de volta, claro, todos eram tão felizes.

— Essa sopa parece estar uma delícia não é querida?

Minha mãe disse na fila, estendendo o seu prato para mim, coloquei uma porção em seu prato.

— Filha, tente se esforçar um pouco. Eu sei que no fundo que você gosta daqui.

— Mãe, eu não planejo cantar para os passarinhos e servir sopa todos os dias da minha vida.

— Mas deveria, somos dessa tribo, essa é a tradição.

— Qual é, mãe, eu sei que no fundo deve existir um pouco mais de ousadia dentro da senhora.

Disse e me calei em seguida quando todos os outros olharam para mim, droga, eu não tinha me dado conta.

Olhei para minha mãe e senti seu olhar ríspido em cima de mim, logo depois seguindo o fluxo da fila.

E essa foi a minha tarde, bastante longa por sinal.

— Peço a atenção de todos, amanhã será a simulação de vocês, escolham a facção com sabedoria, lembrem-se a quem o sangue de vocês pertence.

Johanna gritou chamando a atenção de todos, principalmente dos que fariam a escolha mais importante dessa sociedade.

— Nós, dessa facção, estaremos esperando por vocês.

Ela continuou falando e me encarou sorrindo, eu apenas a olhei de volta e senti um abraço da minha mãe que veio lateralmente.

Após cantarmos juntos, e passarmos uma tarde juntos com todos da tribo, nos recolhermos quando já estava tarde.

Eu estava no quarto, pensando em como seria o dia de amanhã, o quão decepcionados os meus pais ficariam ao me ver em outra facção?

Me observei por alguns segundos e senti uma sensação estranha na barriga, algo que me deixava insegura, talvez o medo.

O medo de não fazer parte da facção a qual todos esperam, de desapontar.

Mas é como me dizem, sempre será um dia após o outro.

Divergente: além do que os olhos veem.Onde histórias criam vida. Descubra agora