|03- Lembranças PT2|

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- EU NÃO QUERO SABER PAULO! VOCÊ TEM UMA SEMANA PARA DAR O FORA DAQUI! - Apontou para fora de casa.

- EU VOU! NA VERDADE, EU VOU AINDA NESSA SEXTA! - Bateu a porta mostrando o dedo, de abaixando para chorar. Segurava suas pernas enquanto soluçava de desespero, até ouvir o começo de um choro baixinho. - Alice... - Olhou para a pequena em sua cama, Paulo trancou a porta e foi acalmar a menina. - Shhh... eu tô aqui agora... - Pegou a menina no colo, a balançando até dormir novamente.

Seu celular começou a tocar, então atendeu rapidamente para não fazer a menina acordar.

"Oi Miguel."

"Oie Paulin! Tudo bom?"

"Mais ou menos..."

"Ihhh, lá vem confusão, diga."

"Lembra toda aquela merda que teve numa festinha aí? A mulher mentiu idade, falou que era infértil e tals?"

"Sei, e?"

"Meio que agora eu sou pai, a mãe não quis a guarda, meus pais tão me expulsando de casa, e eu to sem rumo com uma recém nascida-"

"PAULO! VOCÊ TÁ MALUCO!? PORQUE NÃO CONTOU ISSO ANTES!?"

"Eu não ia te encher com um problema meu-"

"Escuta aqui, amanhã depois da escola, se arruma que você vai passar um tempo aqui em casa com a menina."

"Oi?! Não Miguel eu não posso aceitar isso-"

"Cê quer que ela tenha uma boa vida, certo?"

"Certo...?"

"Então! Sem mais, amanhã eu te busco e ponto final!" Desligou na cara de Paulo.

Paulo suspirou olhando para a pequena que dormia em sua cama, de uma coisa tinha certeza, a sua vida nunca mais ia ser a mesma.

O rapaz faltou a aula, estava ocupado demais arrumando tudo, conversou com os pais de Miguel durante boas horas, e eles combinaram de passar e buscar os dois em breve, mesmo com a pensão, Paulo ainda não tinha dinheiro para comprar uma casa, e os pais de Miguel ofereceram uma moradia até que conseguisse comprar uma casa.

- Então é isso mesmo? Você prefere ir embora do que abandonar a menina? - Sua mãe perguntou uma última vez.

- Sim, eu vou dar uma boa vida para ela, e bem longe de vocês.

- Olha como você fala comigo! - Ia começar uma discussão, mas Paulo mostrou o dedo e se retirou antes.

No portão, a mãe de Miguel já esperava no carro, quando entrou de cara agradeceu por deixar ele ficar lá por um tempo, e disse que sairia o mais rápido que desce.

- Que isso menino, sem pressas! - Isadora acalmou o outro. - Você sempre defendeu o Miguel quando ele sofria bullying, finja que é como um agradecimento. - Sorriu simpática olhando para trás. - Ai que fofinha. - Disse encantada. - Só lembra de colocar ela na cadeirinha. - Caramba, Paulo nem tinha percebido a cadeirinha.

Com um certo medo, ele prendeu a menina na cadeirinha. Ainda estava com medo de machucar a menina com qualquer coisa.

- Menino ela também não é uma bolha não! - Isadora avisou rindo.

- Ah... é que eu já vi que os recém nascidos tem a cabeça mole, então eu tenho um certo medo de machucar ela...

- Tá tudo bem, você não vai machucar ela. - Começou a pisar no acelerador. - Vou ligar o carro ok?

- Aham. - Fechou seu cinto. O caminho estava agradável, uma música de rádio qualquer tocando, enquanto começava a garoar, Paulo ainda estava muito assustado com tudo, quando olhava para a menina dormindo, sentia seu corpo arrepiar, ele estava com medo de tudo que estava acontecendo, não tinha rumo, ele só estava sendo sortudo por ter algumas pessoas boas o ajudando.

Rᴇᴍɪɴɪsᴄᴇ̂ɴᴄɪᴀ | Pauneiro Onde histórias criam vida. Descubra agora