De invisível a Inevitável

Mágoas do passado

Acordo ofegante. O som insistente do celular ao lado me desperta bruscamente. Alguém está me ligando. Olho para a tela e vejo o nome de Konan.

Atendo.

— Bom dia, Bela Adormecida. — a voz dela soa divertida.

— Bom dia... — murmuro, ainda sonolenta.

— A Temari pediu para eu passar na sua casa e te ajudar com a roupa e a maquiagem. Ela quer garantir que a estreia do seu novo visual seja perfeita.

— Ah é? Diz pra ela que eu sei me arrumar sozinha, não preciso de ajuda.

— Tarde demais, gata. Já estou na porta da sua casa.

Suspiro fundo. Desço as escadas e caminho até o hall de entrada para abrir a porta.

— Uau, Sakura... sua casa parece um palácio! — a azulada comenta, admirada, observando cada detalhe com atenção.

Sorrio timidamente, enquanto a levo para meu quarto.

Quando abro meu guarda-roupa Konan fala:

— Eu já sei um look perfeito para você! — diz, puxando um body branco com um decote que realça os seios, acompanhado de uma saia saia rosa claro curta. Ela completa o visual com uma sapatilha da Chanel e acessórios dourados da Cartier. Para finalizar, escolhe uma mochila branca da Longchamp.

— Você vai arrasar. — Konan diz, satisfeita com a escolha.

— Tem certeza de que isso é apropriado para a escola?

— Sakura, você nunca reparou na roupa das outras meninas? Comparada com as delas, a sua é até bem comportada.

Konan se dirige até a minha penteadeira, agora repleta de produtos, e pega as maquiagens que Temari comprou.

— A maquiagem é só o toque final. Seu cabelo e sua pele estão impecáveis desde ontem — comenta ela, com um tom orgulhoso.

Sinto um frio na barriga quando ela começa a mexer nos produtos. Não tenho um bom histórico com maquiagem.

— Espera aí... — Um gosto amargo invade minha boca. — Eu não sei se quero usar maquiagem. Minha pele já está bonita.

— São apenas detalhes, vai destacar ainda mais sua beleza.

Antes que ela possa tocar no meu rosto, me afasto, e as memórias daquele dia voltam à tona.

Três anos atrás

Eu encontrei uns produtos de maquiagem antigos da minha mãe e resolvi tentar. Me sinto estranha, mas torço para que as pessoas me notem, assim como notam as meninas populares.

Enquanto ando pelos corredores da escola, sinto os olhares em mim. Uma garota ri na minha direção, mas eu ignoro. Deve ser inveja.

Sasuke vai gostar, com certeza.

Me sento na última carteira, perto do lugar onde ele sempre fica. A sala começa a encher, mas quando Sasuke finalmente entra, ele nem ao menos me lança um olhar. De novo.Minha frustração cresce.

— Que maquiagem é essa, Sakura? — Hana pergunta, um tanto desconfiada.

— Fui eu que fiz. Gostou? — Tento sorrir, mas a insegurança me aperta.

— Tá... estranho. Muito estranho.

Sinto um aperto na garganta. Será que eu estou feia?

Minha visão embaça. Tento ignorar, focar em qualquer coisa à minha frente, mas a vontade de sumir cresce. Respiro fundo, lutando contra as lágrimas.