04 irrtantes, part 2

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Estamos sentados no sofá, cansados. Olhei para o relógio e vi que já era hora de buscar meu irmão. Antes de me levantar do sofá, dei uma olhada para o Urahara, que estava tirando um cochilo. Dei um leve sorriso e fui buscar meu irmão.

Quando cheguei na escola, lá estava Yūshirō, cheio de energia, correndo em minha direção assim que me viu.

— Irmã! Vamos logo! O Urahara disse que vai brincar comigo hoje! — falou ele, segurando minha mão com entusiasmo.

Suspirei. Claro que o Urahara tinha prometido brincar com ele. Isso significava mais tempo juntos e, claro, mais provocações vindo da parte dele. Mas, como eu poderia dizer não ao Yūshirō? Ele estava tão feliz.

Voltamos para casa, e assim que passamos pela porta, o Yūshirō correu direto para o Urahara, que já estava sentado no sofá, com aquele ar despreocupado de sempre.

— Urahara! Vamos brincar agora! — gritou Yūshirō, saltando em cima dele.

Urahara riu e bagunçou o cabelo do meu irmão, enquanto eu me dirigi para a cozinha. Precisava de um momento de paz, longe de toda aquela confusão. Sentei-me na mesa e peguei meu celular para ver as mensagens que tinha recebido. Enquanto digitava, podia sentir os olhos do Urahara em mim.

— Com quem você está conversando? — perguntou ele, se aproximando lentamente.

Ignorei sua pergunta e continuei mexendo no celular, tentando evitar qualquer tipo de confronto. Mas, como sempre, ele foi mais rápido e, antes que eu pudesse reagir, ele pegou meu celular da minha mão.

— E esse cara com quem você está conversando? — perguntou ele, levantando uma sobrancelha de forma inquisitiva.

Revirei os olhos e tentei pegar o celular de volta, mas ele o manteve fora do meu alcance, segurando-o no alto.

— É um amigo, Urahara — respondi, irritada.

— Ah, um amigo? — ele perguntou, agora com um tom mais sério. — E esse "amigo" vai vir aqui amanhã, é isso?

— Sim, ele vai vir amanhã. Qual o problema? — respondi, cruzando os braços.

Urahara fez uma cara de desagrado. Seus olhos brilharam com uma mistura de ciúmes e irritação. Era óbvio que ele não gostava da ideia de eu ter outros amigos, especialmente se fosse um homem.

— Não gostei disso — murmurou ele, devolvendo meu celular, mas claramente ainda incomodado.

Revirei os olhos novamente e coloquei o celular de volta no bolso. Achei que a situação estivesse resolvida, mas, como sempre, Urahara nunca deixava as coisas por isso mesmo. Depois de alguns minutos, ele e o Yūshirō começaram a me irritar novamente.

— Ei, irmã! Por que você está tão calada? — perguntou Yūshirō, puxando minha camiseta.

— Deixa sua irmã em paz, Yūshirō. Ela está pensando no "amigo" que vai vir amanhã — provocou Urahara, com aquele tom insuportável.

Suspirei profundamente, tentando ignorá-los, mas era impossível. Urahara e Yūshirō eram uma dupla imbatível quando o assunto era me tirar do sério. Eles continuaram me provocando, fazendo piadas sobre o meu "amigo" e, claro, Urahara aproveitou para bagunçar ainda mais a situação.

— Aposto que esse seu amigo está super ansioso para te ver amanhã. Ele sabe que você tem um irmão tão legal e um... amigo como eu? — disse Urahara, com um sorriso malicioso.

— Urahara, se você não parar agora... — comecei a ameaçar, já sem paciência.

Ele se aproximou um pouco mais, me olhando de um jeito que só ele conseguia.

— Vai fazer o quê? Me bater na cabeça de novo? — provocou, inclinando a cabeça para o lado, como se estivesse esperando o golpe.

Levantei a mão, pronta para dar mais um tapa nele, mas ele foi mais rápido, desviando e correndo para o outro lado da cozinha, rindo alto. Yūshirō, claro, correu junto com ele, tornando-se cúmplice nessa brincadeira idiota.

— Vamos, irmã! Você não vai conseguir pegar a gente! — gritou Yūshirō, se divertindo com toda a situação.

Suspirei, cansada, mas no fundo sabia que isso já fazia parte da nossa rotina. Apesar de me irritarem tanto, havia algo reconfortante nessa dinâmica.

A noite chegou, e enquanto me preparava para relaxar um pouco, lá estavam eles, de volta ao ataque.

— Sério, vocês não têm mais o que fazer? — perguntei, rindo, mas ainda irritada.

— O que seria mais divertido do que te irritar? — perguntou Urahara, com aquele sorriso travesso de sempre.

Ele se aproximou mais uma vez, agora com o Yūshirō do lado dele, ambos me olhando como se estivessem tramando algo.

— Irmã, por que você não nos conta mais sobre esse amigo seu? — perguntou Yūshirō, tentando parecer curioso.

Antes que eu pudesse responder, Urahara interrompeu.

— Aposto que ele está vindo amanhã porque quer algo mais do que amizade, né? — ele provocou, me observando atentamente.

— Urahara, você está me irritando demais hoje. E para sua informação, não é nada disso — respondi, tentando manter a calma.

Mas, por dentro, eu já sabia. Urahara não estava apenas provocando por diversão. Ele estava com ciúmes. Eu podia ver isso em seus olhos e em como ele reagia sempre que o assunto do meu "amigo" surgia. Ele nunca admitiria, mas eu sabia. Sabia que, no fundo, ele não queria que eu estivesse com mais ninguém. Só que, claro, ele era orgulhoso demais para falar qualquer coisa.

E assim, entre provocações e brincadeiras, o dia seguiu. Mesmo irritada, não pude deixar de sorrir. Urahara, com todas as suas provocações, e Yūshirō, com sua inocência, acabavam transformando meu dia estressante em algo um pouco mais leve. Mesmo que me tirassem do sério, no fundo, eu sabia que eles faziam isso porque se importavam. E, por mais que fosse difícil admitir, eu gostava de tê-los por perto.

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Três Meses de Surpresas (UraYoru)Onde histórias criam vida. Descubra agora