15 resovidos

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Urahara continuava sem me olhar, seus ombros pesados e sua voz carregada de emoção. Eu podia ver as lágrimas começando a se formar nos seus olhos, o que me pegou completamente de surpresa.

— Eu queria te falar uma última coisa — ele começou, sua voz quebrando. — Desde a nossa infância, eu sentia algo a mais entre nós. Eu sempre guardei isso pra mim, mas... eu te amo muito, Yoruichi. Saiba disso.

Ele fez uma pausa, respirando fundo enquanto as lágrimas deslizavam por seu rosto.

— A gente pode ser só amigos, e eu aceito isso se é o que você quer, mas... você foi a pessoa que sempre esteve ao meu lado. E ontem, quando eu te vi beijando aqueles caras, rebolando pra eles, eu senti meu coração saltar pra fora do peito. — Ele riu nervosamente, limpando o rosto. — Eu sei que não tenho o direito de sentir ciúmes, depois de tudo o que fiz, mas... não consegui evitar. O que eu fiz foi estúpido, mas foi porque eu não sabia como lidar com o que sinto por você.

Ele finalmente me olhou, seus olhos suplicantes, esperando alguma resposta minha.

Eu fiquei paralisada, em choque, processando tudo o que ele tinha acabado de dizer. Era exatamente o que eu precisava escutar, mas nunca imaginei que ele fosse ter coragem de admitir. Imediatamente, uma lágrima escorreu do meu olho, e, antes que pudesse me controlar, comecei a chorar de verdade.

Sem pensar, me inclinei para frente e o abracei com força.

— Me desculpa... me desculpa por tudo — sussurrei entre lágrimas. — Eu também não queria ter feito nada daquilo, eu só... eu só estava com raiva, confusa...

Urahara me envolveu nos braços, segurando-me como se tivesse medo de me perder. Ficamos assim por alguns minutos, em silêncio, apenas sentindo o calor um do outro. Era como se, naquele abraço, todo o peso da briga, do ciúme e da confusão fosse se dissipando aos poucos.

— Eu só... — continuei, a voz quebrada. — Eu só queria que você tivesse falado isso antes. Teria sido tão diferente.

— Eu sei... eu fui um idiota, Yoruichi — ele respondeu, a voz baixa e cheia de arrependimento. — Mas agora a única coisa que importa é que eu não quero te perder. Não de novo.

Abracei-o mais forte, e naquele momento, parecia que todas as brigas e desentendimentos ficavam para trás. Estávamos finalmente colocando para fora tudo o que estava entalado dentro de nós.

E, com isso, a tensão entre nós se dissolveu, e tudo terminou com um peso a menos sobre nossos corações.

Eu soluçava sem parar, as lágrimas descendo incontroláveis. As palavras ficavam presas na minha garganta, e tudo o que eu conseguia fazer era chorar, enquanto Urahara me abraçava com força, como se não quisesse me soltar nunca mais.

— Me desculpa... — consegui murmurar entre os soluços. — Eu não devia ter feito aquilo ontem à noite... Não devia ter te magoado daquele jeito.

Ele afagava meu cabelo com suavidade, a voz baixa e reconfortante.

— Está tudo bem... — ele sussurrou, tentando me acalmar. — Nós dois cometemos erros. Não foi só você. Nós estávamos machucados, e acabamos agindo por impulso. Mas agora... agora a gente precisa superar isso.

Eu me afastei um pouco, apenas o suficiente para encarar seus olhos, que refletiam a mesma mistura de arrependimento e carinho. Ele limpou algumas lágrimas do meu rosto com os dedos, e eu senti uma pequena onda de alívio começar a tomar conta de mim.

— Eu não quero mais brigar com você... — falei, ainda com a voz embargada. — Eu só quero que a gente fique bem.

— Eu também — ele disse, com um sorriso triste, mas sincero. — Eu quero que a gente fique bem. De verdade.

Três Meses de Surpresas (UraYoru)Onde histórias criam vida. Descubra agora