𝟎𝟐. ㅤㅤ𝓣𝑯𝑬 𝓐𝑹𝑹𝑰𝑽𝑨𝑳.

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𝟎𝟐. ﹙The arrival.﹚

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A manhã estava nublada, mas o ar carregava uma sensação de novidade e expectativa. O convento de Saint Martin, normalmente quieto e imerso em rotinas religiosas, parecia mais agitado do que o usual.

Freiras andavam pelos corredores apressadas em seus afazeres, enquanto o pátio central era varrido meticulosamente. Os sinos da igreja ecoavam com uma pontualidade estranha, como se avisassem a todos que um novo capítulo estava prestes a começar.

A madre reverenda estava na sala de reuniões, verificando os preparativos finais para a chegada do novo sacerdote. Padre Charlie Mayhew, um jovem de apenas vinte e cinco anos, havia sido designado para liderar a paróquia e conduzir espiritualmente o convento.

O antigo padre ⎯⎯⎯  um homem de grande sabedoria, mas já incapaz de suportar o peso de suas funções, se aposentaria, e o futuro da igreja agora repousava nos ombros de Charlie.

Quando o carro finalmente parou em frente ao portão do convento, todos já estavam preparados. As freiras haviam se reunido na entrada, formando uma linha ordenada com a madre superiora à frente. O vento frio do outono soprava levemente, sacudindo os véus das freiras e adicionando uma camada solene à recepção.

Charlie desceu do carro com passos firmes, com a ansiedade natural que sentia diante de seu novo posto. Ele era jovem, mas seus anos de formação sacerdotal haviam moldado um homem de profunda seriedade e comprometimento. 

Ele sabia que aquele momento marcaria o início de uma nova vida, uma vida que ele havia escolhido com total dedicação. A missão à qual foi chamado não era fácil, e o peso de substituir o antigo padre estava sempre em sua mente.

⎯⎯⎯ Seja bem-vindo, Padre Mayhew. ⎯⎯⎯ A madre se aproximou, com seu porte firme e ares de autoridade. ⎯⎯⎯ Nós temos rezado por sua chegada!

⎯⎯⎯ Eu agradeço por me receberem com tanta hospitalidade. ⎯⎯⎯ Charlie fez uma reverência respeitosa, com os olhos fixos na madre. ⎯⎯⎯ Espero que possamos continuar o bom trabalho que esta paróquia tem feito. ⎯⎯⎯ Charlie sorri cordialmente.

Os próximos dias seriam de adaptação, e Charlie sabia que seu papel não se limitaria às celebrações eucarísticas. Ele deveria ser um guia espiritual, um líder que inspirasse confiança, especialmente num convento cheio de mulheres devotas que haviam consagrado suas vidas à fé. 

O desafio era imenso, mas algo em seu coração lhe dizia que ele estava exatamente onde deveria estar.



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O sino da igreja ecoava pela pequena cidade, chamando os fiéis para a primeira missa celebrada pelo novo sacerdote. Dentro da igreja de Saint Martin, o ambiente era tomado por um silêncio reverente. 

As freiras estavam em seus lugares habituais e os membros da comunidade local haviam chegado cedo, curiosos e esperançosos para conhecer o novo padre.

Charlie se preparava em silêncio na sacristia, ajustando os paramentos com mãos firmes, embora uma ligeira inquietação estivesse presente em seus gestos. Ele sabia o significado daquele dia. 

Era sua primeira missa oficial como o padre do convento. Cada rito, cada gesto, tinha um peso que ele nunca havia experimentado de forma tão plena.

Com uma breve oração silenciosa, ele atravessou o corredor que o levava ao altar. Ao pisar no mármore frio da nave central, os olhos de todos se voltaram para ele. As luzes dos candelabros tremulavam suavemente, lançando sombras nas paredes da grandiosa igreja. 

Ele subiu ao altar com uma postura serena, embora seu coração estivesse acelerado. A missa seguiu seu curso e Charlie, com voz firme e compenetrada, conduziu as orações e leituras intercalando sua língua nativa com o latim, com uma solenidade que inspirava respeito.

Quando chegou o momento da comunhão ele se moveu com delicadeza, distribuindo o corpo de Cristo a cada fiel que se aproximava. Suas mãos tocavam as hóstias consagradas com um cuidado quase reverencial. 

Ele sabia que cada pessoa ali esperava encontrar uma conexão espiritual mais profunda através daquele ato sagrado, e ele se via como o intermediário entre a humanidade e o divino.

Depois de se formar uma fila para os fiéis receberem a comunhão, Charlie voltou ao altar para o rito final. Foi quando uma figura se aproximou lentamente: Sarah, a jovem freira.

Ela caminhava em direção a ele com uma calma quase etérea, os olhos baixos em respeito. Seu véu negro contrastava com a pele pálida e a delicadeza de seus movimentos. 

Ela parou diante do altar, de cabeça baixa, esperando a bênção. Charlie respirou fundo, mantendo a compostura. Ele pegou o pequeno frasco de óleo sagrado e umedeceu os dedos na substância ungida. 

Lentamente, ele ergueu a mão e com um toque firme e gentil, pousou os dedos umedecidos sobre a cabeça de Sarah.

⎯⎯⎯ Que o Senhor abençoe e proteja sua vida, irmã Sarah. ⎯⎯⎯ Charlie murmura.

Sarah sentiu o calor do óleo ungido no topo de sua cabeça, uma sensação que parecia se espalhar por seu corpo como uma corrente sutil de energia. Ela levantou os olhos brevemente, encontrando os de Charlie por um instante que pareceu durar mais do que o necessário.

Sarah fez o sinal da cruz, abaixando a cabeça novamente e recuando com a mesma serenidade com que havia se aproximado. Charlie observou enquanto ela retornava ao seu lugar, sentindo uma mistura de emoções que ele não soube nomear. 

Ele desviou o olhar, retomando o final da missa.






devotion, nicholas chavezOnde histórias criam vida. Descubra agora