𝟎𝟑. ㅤㅤ𝓜𝑬𝑬𝑻𝑰𝑵𝑮.

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𝟎𝟑. ﹙Meeting.﹚

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O convento de Saint Martin estava mais vivo do que nunca desde a chegada do padre Charlie. O ambiente monástico, normalmente calmo e previsível, parecia ter ganhado uma nova energia. 

Charlie se sentia bem naquele lugar. Havia algo de reconfortante na rotina devota, no ritmo sereno dos dias que o fazia se sentir em paz com sua missão. Cada vez mais, ele encontrava sentido na vida pastoral e nas relações que começava a construir com as freiras e os fiéis da comunidade.

Entre as irmãs, uma em particular chamava a sua atenção de uma forma peculiar: Sarah. Ela era diferente, e ele não conseguia explicar exatamente o porquê. 

Talvez fosse a maneira como se movia pelo convento, graciosa e serena, ou a concentração quase meditativa com que realizava suas tarefas. Sarah tinha uma aura de quietude que a destacava das demais, como se estivesse em sintonia com algo muito mais profundo.

Em uma tarde, Charlie a observou enquanto ela trabalhava no jardim com outras freiras. As flores estavam em plena floração, e as irmãs riam levemente enquanto cuidavam das plantas.

Sarah se destacava no grupo, inclinada sobre uma roseira, suas mãos delicadamente protegidas por luvas de jardinagem, podando as flores com cuidado.

⎯⎯⎯ Você realmente tem um dom com as flores, Sarah. ⎯⎯⎯Irmã Isabelle comentou, enquanto a observava plantar.

⎯⎯⎯ É o que Deus me dá para cuidar. ⎯⎯⎯ Respondeu Sarah, humildemente. ⎯⎯⎯ Eu apenas sigo Suas instruções.

As outras freiras riram suavemente, com carinho. Era evidente que existia uma admiração mútua entre elas.

⎯⎯⎯ Você deveria ensinar o padre Charlie a plantar. ⎯⎯⎯ Brincou outra freira, provocando mais risos.

Sarah corou, mas não respondeu. Havia uma certa timidez nela quando o nome de Charlie surgia nas conversas, mesmo que não quisesse admitir.



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Naquela noite, um jantar especial foi organizado pela madre para comemorar a chegada oficial do padre Charlie. O salão de refeições estava impecavelmente decorado, com velas que iluminavam as longas mesas de madeira de maneira suave. 

As freiras estavam alinhadas, esperando o início da refeição, e algumas poucas figuras da comunidade local também estavam presentes. 

Sarah como de costume, preferiu um lugar discreto, próximo ao canto da sala ao lado de poucas irmãs.

Charlie depois de uma breve oração e algumas palavras de agradecimento, circulava pelo salão, cumprimentando as freiras e os convidados. Ele fazia questão de conhecer cada uma delas melhor, para criar um vínculo que fosse além do formalismo religioso. 

Quando avistou Sarah no canto, algo o atraiu até ela, como se uma força silenciosa o chamasse para se aproximar.

⎯⎯⎯ Irmã Sarah? ⎯⎯⎯ Charlie disse com um sorriso acolhedor, enquanto se aproximava. ⎯⎯⎯ Está gostando do jantar?

Sarah ergueu os olhos e se surpreendeu ao ver Charlie ali, tão perto. Ela sorriu de volta, um pouco hesitante, mas gentil.

⎯⎯⎯ Sim, padre. Está tudo maravilhoso. ⎯⎯⎯ Respondeu ela, mantendo o olhar baixo por um momento. ⎯⎯⎯ A madre fez questão de preparar tudo com cuidado.

Charlie puxou uma cadeira e sentou-se ao seu lado, sem convite, mas sem parecer invasivo. Ele queria conhecer mais daquela freira que parecia sempre tão reservada, e algo em sua curiosidade o impulsionava.

⎯⎯⎯ Eu a observei no jardim hoje. ⎯⎯⎯ Disse ele inclinando-se um pouco para frente, os braços cruzados sobre a mesa. ⎯⎯⎯ Você parece ter um talento especial com as flores.

⎯⎯⎯ Eu apenas sigo o que Deus nos deu. ⎯⎯⎯ Sarah riu, um riso baixo e contido. ⎯⎯⎯ Eu sou só... Uma cuidadora.

⎯⎯⎯ Uma cuidadora? ⎯⎯⎯ Charlie ergueu uma sobrancelha. ⎯⎯⎯ Acho que você está sendo modesta, irmã. Há uma paciência em como você lida com as coisas que, honestamente, eu invejo.

⎯⎯⎯ Talvez eu possa ensinar o senhor algum dia, padre. ⎯⎯⎯ Ela sugeriu, a timidez clara em seu tom, mas havia uma leve provocação em suas palavras.

⎯⎯⎯ Eu aceitaria sua oferta com prazer. ⎯⎯⎯ Respondeu Charlie, sorrindo com sinceridade. ⎯⎯⎯ Não sou tão habilidoso com a terra quanto deveria. Talvez isso seja um bom exercício de paciência para mim.

Sarah riu novamente. Eles trocam olhares que parece durar um segundo a mais do que o esperado. 

O silêncio que seguiu foi interrompido quando uma freira serviu vinho em suas taças. Sarah, um pouco distraída pela conversa, acidentalmente agitou sua taça com mais força do que deveria, fazendo com que o líquido rubro escorresse pela borda e respingasse gotas em seu rosto.

⎯⎯⎯ Perdão, padre! ⎯⎯⎯ Exclamou Sarah, rapidamente pegando um guardanapo.

⎯⎯⎯ Deixe-me ajudá-la. ⎯⎯⎯ Disse Charlie, apressando-se para tentar ajudar. Ele se inclinou para frente e sem pensar, passou os dedos pelo rosto de Sarah, limpando algumas gotas do vinho que haviam respingado em sua bochecha.

No momento em que seus dedos tocaram a pele de Sarah, ambos estremeceram. O toque, que deveria ser casual e insignificante, carregava uma tensão inesperada. 

Os olhos de Sarah se arregalaram levemente, assustada com o gesto. Charlie por sua vez sentiu sua temperatura aumentar, também nervoso com a interação.

⎯⎯⎯ Desculpe, eu... ⎯⎯⎯ Murmurou Charlie retirando a mão lentamente, o olhar fixo nos olhos de Sarah, que agora o encaravam com uma mistura de surpresa e algo mais.

⎯⎯⎯ Está tudo bem, padre. ⎯⎯⎯ Respondeu ela, sua voz suave mas um pouco vacilante. Ela desviou o olhar, o rubor colorindo suas bochechas.

Charlie sentiu seu coração acelerar por um momento, mas rapidamente recuperou a compostura. Ele limpou a garganta, tentando dissipar o clima que havia se formado.

⎯⎯⎯ Espero que isso não arruíne a sua noite. ⎯⎯⎯ Disse ele com um sorriso leve, tentando quebrar a tensão.

⎯⎯⎯ Foi só um pequeno acidente. ⎯⎯⎯ Sarah riu suavemente, embora ainda parecesse um pouco desconcertada.

⎯⎯⎯ Fico feliz em saber que o vinho não é uma catástrofe. ⎯⎯⎯ Respondeu Charlie com um sorriso mais largo agora, sentindo que o momento havia se suavizado. ⎯⎯⎯ Mas da próxima vez, talvez seja melhor eu ser mais cuidadoso.

⎯⎯⎯ Ou talvez eu deva ser. ⎯⎯⎯ Retrucou Sarah.

O jantar continuou e a sala voltou a se encher com o burburinho das conversas. Mas para Charlie e Sarah, algo havia mudado.



devotion, nicholas chavezOnde histórias criam vida. Descubra agora