As chances que eu te dei - BILLFORD

Capítulo Dezenove

Ford estava em choque, incapaz de processar se tudo aquilo realmente havia acontecido. Ele se sentia completamente quebrado, tanto física quanto psicologicamente. Seu corpo inteiro estava dolorido, e a antiga ferida causada pelo gigante parecia ter piorado levemente.

Havia ficado deitado no chão por muito tempo, sua exaustão estava impossibilitando qualquer tentativa de se mover. Quando finalmente reuniu forças para se sentar, cada movimento trouxe uma nova onda de dor.

Quando despertou, suas memórias estavam confusas, mas ele conseguiu vislumbrar o final do que realmente havia acontecido com Bill, antes dele sair correndo do laboratório.

Aquele homem estava desesperado, murmurava palavras em um dialeto desconhecido, algo que nem Ford que era fluente em diversas línguas universais conseguia compreender. Parecia estar à beira da insanidade, como se tivesse testemunhado algo muito além do que sua mente podia suportar.

Bill se encolhia no canto, evitando olhar para as próprias mãos. Até que, ao levar as mãos à cabeça e sentir o sangue escorrendo de sua orelha, algo o trouxe de volta à realidade. Se sentindo aliviado ao perceber que o sangue era apenas humano, não mais glitches ou distorções. O vermelho parecia o reconfortar, como se finalmente tivesse voltado ao controle.

Ao se recompor do surto, Bill se levantou do chão com uma postura indiferente, como se nada tivesse acontecido. Ele pegou os óculos escuros que estavam caídos e os colocou de volta. Pensando que Ford ainda estava inconsciente, não hesitou e saiu rapidamente do laboratório, evitando qualquer confronto ou reação que pudesse vir do outro.

- Mas que merda ele pensa que está fazendo? - Ford limpou sua boca manchada de sangue, enquanto pegava a arma do chão guardando novamente no suporte de sua roupa. - Ele nunca surtou desse jeito antes... Ele realmente devia ficar a eternidade fazendo terapia.

Com muito esforço, Ford se levantou, limpando sua roupa amassada e ativou o equipamento que o ajudava a se mover, sentindo um pouco mais de alívio.

Ele trocou seus óculos, que haviam trincado quando caiu, e então saiu do laboratório indo direto para a sala à procura do Stanley.

- Tivô Ford! O que aconteceu com você? - Dipper e Mabel se levantaram preocupados e foram até ele.

- Que isso? Conseguiu ser atropelado por um ônibus dentro do próprio laboratório? - Stan perguntou, se aproximando também.

- Quase isso... Mas não importa agora. Preciso que me escute, é sério, Stanley. - Ford respondeu com um tom de voz firme que fez Stan parar de brincar e prestar atenção.

- Devo mandar as crianças saírem? - Stan falou enquanto Dipper e Mabel protestaram.

- Não, acho que todos têm o direito de saber... - Ford hesitou por um momento, procurando a forma certa de explicar o que tinha acontecido, mas consciente de que precisaria omitir alguns detalhes. - Bem, não é uma notícia boa.

- Fala logo! A curiosidade tá me matando! – Mabel gritou ansiosa, enquanto Ford soltava um suspiro.

- Eu só não quero que vocês se preocupem demais. - Ele afagou a cabeça da menina. - Mas... O Bill está de volta.

Dipper e Mabel gritaram em pânico ao mesmo tempo, enquanto Stan, embora soubesse que Bill era um demônio terrível que já causou caos em Gravity Falls, não entendia o motivo da reação tão exagerada.

Ele permaneceu em silêncio, tentando entender o que tornava essa situação diferente das anteriores que eles já tiveram que lidar em suas viagens.

- Ele esteve aqui. - Continuou. -  Não sei como conseguiu entrar, mas... Ele não é o mesmo de antes.