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Novembro de 2022
Minha família — eu, meu pai e minha mãe — estávamos todos reunidos na sala de estar, aguardando ansiosamente o anúncio dos jogadores convocados para a grande competição. Era um momento especial, pois sempre compartilhávamos essa paixão pelo futebol, mesmo que nossas torcidas fossem divididas.
Meu pai, fervoroso torcedor da seleção da Espanha, usava orgulhosamente sua camisa vermelha, enquanto minha mãe, sempre fiel ao Brasil, vestia a camisa amarela. Eu, por outro lado, sempre me senti dividido. Nasci na Espanha, mas o Brasil conquistou meu coração desde cedo. Então, minha torcida era um misto de emoções, balançando entre as duas seleções, sem conseguir escolher uma definitiva. Por isso, hoje , me vesti como em um dia qualquer, sem tomar partido de nenhum dos dois países.
Sentada entre meus pais, o nervosismo crescia à medida que o treinador espanhol começava a anunciar os jogadores selecionados. Meu coração acelerava, especialmente porque, ao que tudo indicava, Pablo, meu suposto namorado, tinha grandes chances de ser convocado. Alexia já havia conversado comigo sobre o que aconteceria a partir daquele momento. Se Pablo fosse mesmo convocado, eu teria que acompanhá-lo até o Catar, uma ideia que me deixava completamente eufórica, mas também um pouco apreensiva.
— Os meio-campistas são: Sergio Busquets do Barcelona, Rodrigo do Manchester City, Pedri do Barcelona, Koke do Atlético de Madrid, Marcos Llorente do Atlético de Madrid, Carlos Soler do PSG e Gavi do Barcelona — Anunciou o treinador, lendo calmamente os nomes no papel à sua frente.
E era isso. O momento havia chegado. Pablo tinha sido oficialmente convocado para jogar pela seleção espanhola. Meu coração disparou ao ouvir o nome dele, e uma onda de realidade me atingiu com força. Eu realmente iria para o Catar. Aquilo parecia um sonho distante, mas agora era real. Eu ainda mal conseguia acreditar.
(...)
Os dias passaram a serem mais corridos depois da notícia que Gavi foi convidado para jogar na Copa do Mundo de 2022, agora estávamos em reunião com Alexia e Rodrigo, que estavam cuidando de todos os detalhes da viagem e da nossa estadia no Catar. Eles passaram horas explicando como seriam os próximos dias, com cronogramas detalhados, procedimentos e tudo o que eu precisava saber. No meio de tantas informações, uma notícia me pegou de surpresa.
— Ainda estamos avaliando a possibilidade de vocês ficarem no mesmo quarto — Disse Rodrigo, como se fosse algo trivial, sem perceber o quanto aquilo me afetaria.
Minha confusão foi instantânea. Ficar no mesmo quarto que Pablo? Durante toda a estadia? A ideia me assustava profundamente.
— Um quarto... juntos? — Perguntei, tentando processar a informação. Meu tom de voz provavelmente deixou claro o quão assustada eu estava com aquela ideia.
— Sim... — Rodrigo respondeu, balançando a cabeça como se fosse a coisa mais normal do mundo. — Tem algum problema?
— Sim, um grande problema! — Respondi sem hesitar. — Não é necessário que eu fique no mesmo quarto que o Pablo, certo?
