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Novembro de 2022sábado

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Novembro de 2022
sábado

O barulho ensurdecedor da rua me acordou abruptamente. Eu queria desesperadamente dormir mais, mas simplesmente não foi possível.

O desconforto de estar de ressaca me envolvia, e, por incrível que pareça, algo estava diferente: não sentia minha habitual e insuportável dor de cabeça, o que era bastante estranho. Esse pequeno alívio me trouxe uma leve sensação de inquietude.

Ainda com muita preguiça, me levanto lentamente da cama, e, cambaleando, me dirijo até o banheiro. Foi aí que, de repente, comecei a perceber que algo estava muito errado.

Como é que fui parar no meu quarto? E o pior: como consegui trocar de roupa? Por mais que eu tentasse, não me vinha à mente absolutamente nada da noite passada, um verdadeiro blackout.

Ao olhar meu reflexo no espelho, levei um susto daqueles. Meu rosto estava um caos: a maquiagem estava toda borrada, criando manchas escuras ao redor dos meus olhos, que pareciam dois pandas desastrosos.

Para completar, minha testa estava ligeiramente avermelhada, dando a impressão de que um galo estava começando a se formar. Definitivamente, a noite anterior tinha sido intensa, mas eu não conseguia juntar as peças da história.

Entrei no chuveiro e tomei um banho demorado, deixando a água quente escorrer sobre meu corpo, tentando relaxar e, quem sabe, clarear um pouco minha mente.

Coloquei uma roupa confortável, um moletom macio, ideal para um dia em casa ou, quem sabe, uma caminhada, caso a ressaca não me derrubasse de vez.

Estava sentada na cama, passando calmamente creme hidratante nos pés, quando a porta do quarto se abriu, revelando minha amiga, Nati.

— Onde você estava? — Perguntei calma, enquanto voltava minha atenção ao que estava fazendo.

— Eu fui almoçar e trouxe comida para você! — Respondeu Nati com um sorriso, mostrando uma sacola. — Depois dei uma volta pra espairecer.

— Obrigada, você é um anjo! — Agradeci sinceramente. — Mas me diz, você lembra como a gente chegou ao quarto? Porque, sinceramente, minha memória está um verdadeiro buraco negro.

Nati, que havia se jogado na cama, olhou para mim com uma expressão divertida. Ao contrário de mim, ela sempre lembra dos detalhes das noites regadas a bebida, mesmo quando exagera.

— Até que parte você lembra? — perguntou ela, ainda rindo.

— Até o momento em que te disse para maneirar na bebida e você respondeu para eu relaxar e aproveitar. Lembro que bebi várias doses depois disso... e só.

Nati sorriu, já acostumada com minhas falhas de memória, e começou a recontar os acontecimentos:

— Depois que bebemos, você ficou com uma vontade louca de ir à praia. Então ligou para o Gavi para nos buscar. Enquanto ele não chegava, decidimos dar um mergulho no mar. Os meninos apareceram e nos levaram até o quarto. Eu tomei um banho, não faço ideia de como, e depois apaguei. — Ela narrou tudo como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— Entendi... — murmurei, ainda processando as informações.

Peguei a comida que Nati havia trazido e comecei a comer em silêncio, tentando organizar os fragmentos da noite anterior em minha cabeça.

O quarto ficou silencioso, interrompido apenas pelo som dos nossos movimentos tranquilos.

— O Gavi perguntou se a gente quer ir à praia mais tarde. — Nati falou de repente, deitada na cama e mexendo no celular.

— Pode ser uma boa. — Respondi, meio distraída, mas achando a ideia interessante.

(...)

Como combinado, fomos à praia por volta das três e pouca da tarde. O horário estava perfeito, nem muito quente, nem muito frio.

Escolhi um conjunto de biquíni em tom claro, o top era estilo faixa, amarrado na parte frontal, com um detalhe torcido no centro, que dava um ar elegante, mas descontraído. A parte inferior era completada com uma saída de praia amarrada na lateral, criando uma fenda que conferia fluidez e leveza ao meu visual.

Nos pés, usei uma sandália básica, e levei uma ecobag com o essencial para passar o dia. Descemos até o último andar do prédio, onde encontramos Gavi e Pedri.

Nos cumprimentamos com a familiaridade de sempre e, juntos, atravessamos a rua em direção à praia. Procuramos por um lugar tranquilo, onde estendemos nossas coisas e nos acomodamos.

— Eu vou logo pro mar. E você, vem? — Nati perguntou enquanto passava protetor solar no corpo.

— Não, acho que vou pegar um pouco de sol antes. — Respondi, também me protegendo do sol.

Nati e Pedri correram em direção ao mar, e então fiquei sozinha com Gavi. O som das ondas quebrando na areia era a única coisa que preenchia o silêncio entre nós. Mas, logo, ele quebrou a quietude.

— Quer algo para beber? — perguntou Gavi, com um leve sorriso.

— Uma água de coco seria ótimo! — Respondi, e ele se afastou em direção ao quiosque.

Em poucos minutos, Gavi voltou com a minha água de coco nas mãos.

— Obrigada! — Agradeci enquanto tomava um gole, apreciando o frescor.

Senti que havia uma tensão no ar. Gavi olhava para mim de forma estranha, um pouco desconfortável, como se estivesse procurando as palavras certas para dizer algo importante.

— Carol... eu queria te falar sobre o que aconteceu ontem à noite. — Ele começou hesitante.

— Antes de qualquer coisa, eu não me lembro de nada! — O interrompi com um riso nervoso.

— Não lembra mesmo? — Ele parecia surpreso.

— Não... Eu disse alguma besteira? — Perguntei, já um pouco preocupada.

Quando estou bêbada, costumo falar demais, até coisas que a Carolina sóbria jamais diria.

— Não, nada disso... — Ele disse pensativo, coçando a nuca.

— Então o que você ia dizer? — Insisti, tomando mais um gole da água de coco.

— Eu só queria... te tranquilizar. Ontem à noite, você tomou banho sozinha. Eu não vi nada, te juro! — Ele disse de repente, como se estivesse tirando um peso das costas.

— Gavi, não se preocupe. Eu confio em você! — Respondi com um sorriso genuíno, aliviando a tensão.

— E o que acha de sairmos mais tarde? — Ele sugeriu, mudando de assunto.

— Seria ótimo! Sair entre amigos sempre é uma boa ideia. — Falei, enquanto sua expressão mudava ligeiramente.

— É... uma ótima ideia. — Ele sorriu, mas seu olhar mudou completamente.

E assim, terminamos nossa tarde na praia, cercados pelo som das ondas e pela leveza do momento.

Destino | Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora