Capítulo 18

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Aurora

-Mãe, pai, eu posso explicar... - Gaguejo enquanto falo.

Minhas mãos começam a tremer instantaneamente enquanto eu coloco meu vestido.

-OQUE SIGNIFICA ISSO AURORA? EU SAIO COM SUA MÃE E VOCÊ APROVEITA PARA FAZER MINHA CASA DE PUTERO!- meu pai grita entrando no quarto, olho e vejo as veias do seu pescoço pulando.

-Me perdoem senhor e senhora Bravo.- Diz Gustavo enquanto coloca sua calça.- Já estou indo.

-Gustavo…- sussurro

-Foi mal ruiva, mas você vai ter que se virar. - Ele desce as escadas correndo, minha mãe também entra no quarto.

Se já estava ruim agora piorou mais.

-Eu não esperava isso de você filha.- Ela diz vindo em minha direção, o ódio faz meu coração pulsar.- Não em baixo do meu teto.

Um nó profundo se formou em minha garganta, senti meus olhos encherem de lágrimas.

-Junta suas coisas e sai dessa casa -Meu pai fala seco, sem expressão nenhuma. - ANDA!

Tomo um susto com seu grito, as lágrimas que eu estava prendendo começam a escorrer pela minha face, o ódio que tanto pulsava agora se materializa em forma de grito.

-ENTÃO E ISSO? VOCÊ VAI DEIXAR ELE ME EXPULSAR PORQUE EU IA TRANSAR?! VOCÊ NAO EXPULSOU ELE QUANDO PEGOU ELE TRANSANDO COM A SECRETÁRIA!!! - Cuspo as palavras como se não fossem nada, pego a minha mochila e tiro os matérias de dentro, olho para trás e vejo minha mãe enconstada na parede chorando e meu pai distante dela, ainda sem expressão.

-Não foi do jeito que você pensa Aurora. - Ela diz baixinho.

Abro o meu a Guarda-roupas e começo a tirar as peças de roupas mais essenciais, calças, shorts e blusas. A pressa fez com que eu esquecesse de pensar para onde eu iria. Pilar, só me resta a casa dela para ficar.

-Pra onde você vai filha? - Ela pergunta limpando as lágrimas.

-Para a casa da Pilar, tenho certeza que lá eu vou ser tratada melhor do que aqui. - Digo.

Meu pai vem em minha direção com um olhar sarcástico, para a uns poucos centímetros de distâncias e diz :

-Vai pra lá, já não basta uma para dar dívidas, será que a família Gomez vai querer mais uma pra passar fome? -As palavras me vem como um balde de água fria, como assim passar fome?

-Agora não é hora Jonathan. - Minha mãe fala vindo em nossa direção.

-QUIETA! - Ele grita e minha mãe estremesse. - Você não sabia que eles investiram mal e perderam basicamente tudo? Estão pobres Aurora, POBRES!

As palavras começam a fazer sentido, o motorista que ela disse ter saído de férias, as idas ao salão que ela cancelou, os jantares que pararam de aconteçer em sua casa. Tudo fez sentido.

Coloco a mochila nas costas e saio correndo de lá. Assim que saio pela porta sinto os raios do sol penetrando minha pele, corro para a garagem para pegar a moto, enquanto tiro ela de lá ouço os passos de minha mãe, ligo a moto e dou partida, as lágrimas impediam minha visão, passo por algumas ruas antes de chegar a casa da Pilar.

Estaciono na porta e entro sem bater, a casa bem decorada conseguiu fazer com que a pobreza deles não ficasse aparente, subo as escadas passando pela porta do quarto do casal, e paro em frente a seu quarto, penso se vale a pena destruir anos de amizade, mas ela não pensou nisso quando mentiu descaradamente pra mim. Bato na porta do seu quarto com raiva, ninguém responde, bato de novo e ouço passos, bato de novo, dessa vez mais forte, ouço o trinco girando,  a porta abre e vejo Pilar coçando os olhos.

-Aurora?!

-QUANDO VOCÊ IA ME CONTAR?  -Ela pareçe assustada. - ME DIZ!  QUANDO!!?

-O que amiga?! - Ela tenta tocar em meu braço e eu o arranco de perto dela.

-VOCÊ É IGUAL A ELES, COMO PUDE ACREDITAR EM VOCÊ?!

-O que tá aconteçendo? - A senhora Gomez apareçe atrás de nos assustada.

-Como você ficou sabendo? - Pilar pergunta em meio aos soluços.

-Você achou que eu nunca ia descobrir?! Eu te odeio Pilar!

-Você me odeia por minha mentira, ou por eu ser pobre?! - Aquelas palavras doem, mas não exito. - VOCÊ É ASSIM AURORA! - Ela aponta o dedo pra mim e começa a gritar. - SÓ SE IMPORTA COM O DINHEIRO, É POR ISSO QUE TODOS MENTEM PRA VOCÊ, E POR ISSO QUE EU MENTI PRA VOCE! SAI DA MINHA CASA AURORA!

Pela segunda vez no mesmo dia eu sou expulsa de uma casa, as palavras dela talvez fossem real, por isso que o Gustavo me enganou, por isso que meus pais me mandaram embora, por isso que todos mentem pra mim, saio de lá correndo, lágrimas persistiam em cair.

Dou partida na moto e dirigo por ruas desertas, paro numa praça quando vejo que a gasolina da moto estava acabando, me sento num banco e só aí vejo o quanto estou cansada, olho para o relógio e vejo que já passam das oito horas, descanso a cabeça nas costas do banco e cochilho com a luz do sol esquentando minha pele.

(…)

-Aurora? - Ouço alguém chamando meu nome.

Dou um pulo do banco, minhas costas doem, na minha frente está o Nicolas, vestido com uma calça jeans e uma camisa social azul, já não bastava a humilhação que passei o dia todo, ainda ia ouvir mais do Nicolas.

-Aurora, o que aconteçeu com você? O que você tá fazendo aqui? - Ele pareçia confuso

-É... Eu só... - Quando penso em lhe falar o que aconteçeu as lágrimas voltam aos meus olhos.- Esqueçe Nicolas. - Balanço a cabeça tentando jogar aqueles pensamentos para longe.

-Ou, pode falar pra mim. - Ele diz já vindo em minha direção e me abraçando. Aquele abraço que eu tanto precisava, aconchegante. As lágrimas saem dos meus olhos e começo a soluçar em seu ombro.

-Desculpa. - Digo me afastando - Você não tem que fingir nada Nicolas, me perdoa.

Começei a andar em direçao a moto limpando minhas lágrimas, mas sinto sua mão forte puxando meu braço.

-Eu não vou deixar você ir Aurora, não dessa forma! - Ele pareçe preocupado. - O que tem na mochila?

-Minhas roupas. - Falo baixo.

-Porque Aurora?  Oque aconteçeu?

-Eu fui expulsa de casa Nicolas. - As lágrimas rolam pela minha face. - Ele me expulsou.

-Fica calma. - Ele me abraça e acaricia meus cabelos. - Eu tô com você. -Nunca pensei em ouvir aquelas palavras, isso me conforta. - Vamos pra minha casa, lá a gente conversa.

(…)

Quando chegamos em sua casa ele me leva pra seu quarto, dona Natália ficou preocupada e me mandou dormir um pouco, não neguei pois eu precisava muito, deitei em sua cama e fechei os olhos...

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