CHAPTER I

21 2 0
                                    

RAPUNZEL

— É, eu acho que o Pascal não tá escondido aqui fora — exclamei com falsa tristeza quando abri a principal janela da torre, enquanto jogava esconde esconde com o meu único amigo - um lagarto.

Eu conseguia sentir o cheiro dele no meio das flores que adornavam aquela janela, mas não quis estragar a brincadeira para ele.

Então, quando consegui escutar a risadinha de Pascal, utilizei de uma mecha do meu cabelo para puxa-lo pelo rabo:

— Te peguei! — exclamei e o grito dele foi hilário — Agora tá vinte e dois para mim, quem chegar a quarenta e cinco primeiro ganha!

Pascal fez uma cara de quem não gostou muito da minha ideia e coloquei uma enorme mecha do meu cabelo atrás da orelha enquanto me sentava na janela.

— Tá bem, qual é a sua sugestão? — o lagarto verde só faltou sorrir enquanto apontava com o seu rabo para o vale que se estendia além da torre ... para o lado de fora.

Balancei a cabeça, segurando o riso.

— Ai não tem jeito — ele sabia muito bem disso — Daqui eu não saio — apontei para a torre — E nem o senhor — depois apontei para Pascal, que me mostrou a língua.

— Para com isso Pascal — respondi a sua malcriação o pegando em minhas mãos — Aqui não é tão horrível assim!

Falei isso mais para me convencer do que para convencer o lagarto, mas aquilo não importava, pois mais uma vez o dia estava começando.

Abri a grande claraboia que tinha no teto da torre, algo que a minha mãe adicionou anos atrás quando voltou de uma viagem a Corte Diurna, com o meu cabelo - isso eu tinha aprendido a fazer com apenas 5 anos.

Bem, as 7 em ponto eu tinha que varrer o chão — tudo encerar, polir, para ficar brilhando. Quando paro, vejo que 7:15 já são, então começo a ler, um livro, dois ou três, e depois a minha galeria eu pinto outra vez, pois a tinta já estava começando a descascar naquela parede antiga da torre.

Depois eu tento violão — estava aprendendo sozinha esse instrumento humano a anos — e tricô, tentando imaginar quando a minha vida vai começar.

Balancei a cabeça. Não. A minha vida naquela torre era ótima, eu só precisava pintar alguma coisa nova.

Encontrei uma parte central da parede que eu nunca tinha tocado e acreditei que ali seria o espaço perfeito para pintar uma cena que estava na minha mente a anos.

Enquanto a tinta azul céu-estrelado, direta da Corte Noturna, secava no fundo, o meu cabelo inteiro escovei, o que realmente levava um bom longo tempo.

Quando finalmente cheguei nas pontas, pude voltar a retocar a minha nova arte, então falei para o Pascal enquanto traçava os desenhos:

— Amanhã de noite elas irão aparecer — o lagarto verde ergueu uma sobrancelha — As mesmas luzes convidando a descer — olhei para a pintura que havia feito, uma arte que estava entalhada na minha alma desde que me entendia como feérica — Como será? Preciso descobrir ... minha mãe, agora ... bem podia deixar eu ir.

Sendo sincera, eu já estava cansada daquela rotina, daquela mesma rotina todos os dias da minha vida.

O mundo lá fora era enorme, eu sabia disso por conta dos livros e por conta das viagens intermináveis da minha mãe. Prythian não podia ser tão perigoso quanto ela afirmava.

Eu tinha mais milhares de anos de vida e seria obrigada a passar aqueles anos em uma torre no meio do nada? A natureza era a minha única amiga ali, e até ela se mantinha afastada da torre.

Eu iria mudar isso, esse ano tudo mudaria.

Para os humanos 18 anos é um marco muito importante, é quando eles realmente se tornam adultos. Então também seria um marco para mim.

As luzes apareceriam amanhã, no meu aniversário, e eu as seguiria.

Esse ano a minha vida iria começar.

TANGLED | (nyx x tamlin daughter)Onde histórias criam vida. Descubra agora